JurisWay - Sistema Educacional Online
 
É online e gratuito, não perca tempo!
 
Cursos
Certificados
Concursos
OAB
ENEM
Vídeos
Modelos
Perguntas
Eventos
Artigos
Fale Conosco
Mais...
 
Email
Senha
powered by
Google  
 

PRISÃO POR DÉBITOS TRIBUTÁRIOS - CRIME POR FALTA DE PAGAMENTO DO ICMS DECLARADO -DECISÕES CONFLITANTES


Autoria:

Marco Aurelio Bicalho De Abreu Chagas


Tributarista.Consultor da ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E EMPRESARIAL DE MINAS - ACMINAS desde 1980. Sócio-Fundador do CUNHA PEREIRA & ABREU CHAGAS - Advogados Associados, desde 1976. Articulista, Conferencista, Autor de livros técnicos.Advogado militante.

envie um e-mail para este autor

Outros artigos da mesma área

Majoração e Redução de Impostos Mediante Ato Infralegal

COBRANÇAS INDEVIDAS DE IMPOSTO SOBRE DOAÇÕES REALIZADAS (ITCMD) COM FUNDAMENTO EM INFORMAÇÕES DE DOAÇÕES OBTIDAS DAS DECLARAÇÕES DO IMPOSTO DE RENDA

Gestão tributária se impõe para empresas atingirem metas em 2014

Sucessão Tributária - Direitos e deveres

APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SELETIVIDADE AO IPTU

IMPOSTO DE RENDA - EQUÍVOCOS OU OMISSÕES NA HORA DE DECLARAR VALORES RECEBIDOS POR CONTA DAS CONDENAÇÕES JUDICIAIS EM PROCESSOS CONTRA A EXTINTA CRT E CRT-CELULAR PODEM GERAR PREJUÍZOS AOS CONTRIBUINTES.

É NECESSÁRIO SIMPLIFICAR A TRIBUTAÇÃO DA COFINS E DO PIS NÃO CUMULATIVOS

Estudos introdutórios ao Sistema Tributário Nacional

LUCRO PRESUMIDO ESTÁ COM LIMITE DEFASADO DESDE 2002 E NECESSITA ATUALIZAÇÃO URGENTE

Da incidência do IRPF sobre o pagamento acumulado de benefícios previdenciários conforme a IN 1.127 de 2011

Mais artigos da área...

Resumo:

Decisões conflitantes criam uma instabilidade jurídica. O STF na ADI 1055 declarou inconstitucional a lei que tratou do depositário infiel de valor pertencente à Fazenda Pública e o STJ, por sua vez, tipificou como crime o não pagamento do ICMS.

Texto enviado ao JurisWay em 25/10/2018.



Indique este texto a seus amigos indique esta página a um amigo



Quer disponibilizar seu artigo no JurisWay?

 

Entendemos que a Decisão do STF, na ADI 1055, que trata do depositário infiel de valor pertencente à Fazenda Pública, prevalece e não invalida a Decisão do STJ que tipificou como crime o não pagamento do ICMS declarado.

Expressamos, em recente trabalho intitulado:PAGAMENTO DO TRIBUTO SONEGADO EXTINGUE A PUNIBILIDADE que o contribuinte que suprime, reduz, se apropria ou sonega tributos sujeita-se à punição criminal, caso deixe de pagar o valor devido ao fisco.

Entretanto, se antes do recebimento da denúncia o contribuinte efetua o pagamento devido ficará livre da punição criminal, extinguindo-se, assim, a punibilidade.

 

O STJ esposa essa assertiva e ainda decidiu que mesmo a quitação posterior ao trânsito em julgado pode beneficiar o agente, porque a Lei nº 10.684/03 (que dispõe sobre parcelamento de débitos junto à Secretaria da Receita Federal, à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e ao Instituto Nacional do Seguro Social) não estabelece marco temporal, e não cabe ao Judiciário decidir lastreado em limites inexistentes (HC 362.478/SP, DJe20/09/2017).

 

O ímpeto arrecadatório do Estado visa incentivar o devedor a efetuar o pagamento do que puni-lo criminalmente pela sonegação, possibilitando, assim, a efetividade da arrecadação estatal, por ser mais vantajosa para o Estado, do que acionar o sonegador criminalmente.

 

O STJ dá uma guinada e decide por sua 3ª Seção que agora é crime não pagar o ICMS declarado.

 

Em artigo publicado no JurisWay sob o título: NÃO É CRIME FISCAL DEIXAR DE PAGAR O ICMS DECLARADO PELA EMPRESA SEM O DESCONTO OU A COBRANÇA DO IMPOSTO, apresentamos uma posição diametralmente oposta, sob o enfoque de uma Decisão da Quinta Turma daquele Tribunal Superior ao considerar que “aquele que declara o ICMS devido pela própria empresa, porém deixa de recolher os valores aos cofres públicos, e cujo inadimplemento foi descoberto quando da análise dos lançamentos realizados nos livros fiscais, não incide na figura típica do artigo 2º, inciso II, da Lei n. 8.137/90, porquanto o tipo penal exige o desconto ou a cobrança do imposto.”

Fonte: https://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=19939

 

Por força daquele julgamento, os sócios foram considerados inadimplentes e absolvidos da acusação de crime fiscal.

 

Ora, agora vem a 3ª Seção do STJ, em caso idêntico diverge e tipifica como crime fiscal a falta de pagamento do ICMS declarado, criando, data vênia, uma instabilidade que compromete seriamente a segurança jurídica que deveria imperar nas Cortes Superiores.

 

Notadamente essa divergência de decisões na área criminal proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ revela, no mínimo, uma desarmonia que é flagrantemente prejudicial ao sistema.

 

Urge, em nome da estabilidade e segurança jurídica, a uniformização de alguns temas pela Colenda Corte Superior.

 

O Professor da USP, Maurício Stegemann Diete, em artigo publicado sob o tema assim se expressou:


“Mas o STJ (Superior Tribunal de Justiça), ao decidir o Habeas Corpus n. 399.109/SC, entendeu ser possível prender quem deixa de transferir ao fisco o ICMS cobrado dos consumidores.

Segundo o voto do ministro relator, a prática configuraria a chamada “apropriação indébita tributária”, uma analogia imperfeita entre a conduta descrita no artigo 2°, inciso II da Lei 8.137/90 e o crime do art. 168 do Código Penal.

Trata-se de grave equívoco e inaceitável retrocesso.

Primeiro, porque ignora a distinção entre ilícito administrativo e penal. Ao abrir mão da demonstração de fraude, converte a sonegação em simples prisão por dívida. Ignora a incidência das normas internacionais e constitucionais sobre o assunto, fulminando a mínima segurança jurídica.

Segundo, porque a interpretação do STJ estende o âmbito de aplicação de lei penal. Não se pode trabalhar com analogia no direito penal. O Tribunal viola, dessa forma, o princípio da legalidade, pilar do Direito Penal no Estado Democrático de Direito.

O que o Superior Tribunal de Justiça fez foi criar um conflito de deveres. Caso o contribuinte não disponha de recursos para realizar o pagamento imediato de ICMS, este terá duas opções: ou apresenta declaração contendo informações imprecisas, praticando, assim, o crime de sonegação, ou apresenta declaração verdadeira, em ato equiparado à confissão de um crime, estando igualmente sujeito à responsabilização criminal.” (grifos da transcrição).

Fonte: http://www.fenafisco.org.br/noticias-fenafisco/item/3276-opiniao-stj-cria-a-extorsao-do-icms-ao-criminalizar-nao-pagamento-do-imposto

Esclarecemos que aquela Decisão do STF foi julgada pelo Plenário em 15/12/2016 e transitou em julgado, em 09/08/2017, tendo sido publicada a Certidão de Trânsito em Julgado em 18/10/2018. (ver Portal do STF: http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1584564 )

O acesso à referida Decisão do STF e à Certidão do seu trânsito em julgado pode ser feito através dos seguintes links, respectivamente: http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=312309228&ext=.pdf e http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=15338848929&ext=.pdf

Assim as Decisões, em tela, foram proferidas por Tribunas distintos. A do STF declarou a inconstitucionalidade da Lei nº 8.866 de 11 de abril de 1994, que dispunha sobre o depositário infiel de valor pertencente à Fazenda Pública e a do STJ tipificou como crime fiscal a falta de pagamento do ICMS declarado.

Portanto, a nosso juízo, a Decisão recente do STJ, embora, como visto, conflitante, contrariando normas constitucionais e internacionais sobre esse tema, nesse primeiro momento, não seria anulada e nem invalidada pela do STF, a não ser que tal matéria, ou seja, “a falta de pagamento do ICMS declarado”, seja levada ao Supremo, para análise à luz da Constituição.






Importante:
1 - Conforme lei 9.610/98, que dispõe sobre direitos autorais, a reprodução parcial ou integral desta obra sem autorização prévia e expressa do autor constitui ofensa aos seus direitos autorais (art. 29). Em caso de interesse, use o link localizado na parte superior direita da página para entrar em contato com o autor do texto.
2 - Entretanto, de acordo com a lei 9.610/98, art. 46, não constitui ofensa aos direitos autorais a citação de passagens da obra para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor (Marco Aurelio Bicalho De Abreu Chagas) e a fonte www.jurisway.org.br.
3 - O JurisWay não interfere nas obras disponibilizadas pelos doutrinadores, razão pela qual refletem exclusivamente as opiniões, ideias e conceitos de seus autores.

Nenhum comentário cadastrado.



Somente usuários cadastrados podem avaliar o conteúdo do JurisWay.

Para comentar este artigo, entre com seu e-mail e senha abaixo ou faço o cadastro no site.

Já sou cadastrado no JurisWay





Esqueceu login/senha?
Lembrete por e-mail

Não sou cadastrado no JurisWay




 
Copyright (c) 2006-2024. JurisWay - Todos os direitos reservados