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FALCÃO MENINOS DO TRÁFICO


Autoria:

Laiane Santos De Almeida E Soraia Conceição Santos Nascimento


Acadêmicas do X período do Curso de Direito da Faculdade AGES

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Resumo:

Este trabalho é esteado na obra Falcão Os meninos do Tráfico, de MV Bill e Celso Athayde, justifica-se em face da relevância de demonstrar como o Estado influi na forma de vida das crianças que abandona

Texto enviado ao JurisWay em 07/02/2011.

Última edição/atualização em 10/02/2011.



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FALCÃO MENINOS DO TRÁFICO

Laiane Santos de Almeida1 

Soraia Conceição Santos Nascimento¹


RESUMO


Este trabalho é esteado na obra Falcão Os meninos do Tráfico, de MV Bill e Celso Athayde, justifica-se em face da relevância de demonstrar como o Estado influi na forma de vida das crianças que abandona, crianças que tiveram a sua infância tolhida pelo crime organizado, os sonhos e ilusões que o tráfico de drogas destrói e extermina, todo isso durante a vigência de uma Constituição que nos obriga a defendê-las e protegê-las, no intuito de assegurar e garantir seus direitos, o simples direito de ser criança, de brincar e ser protegida.


 

PALAVRAS- CHAVE: Tráfico, criança, proteção, Estado, Constituição.



  1. INTRODUÇÃO



A referida obra mostra os bastidores da gravação de um documentário sobre crianças que trabalham para o tráfico de drogas em favelas brasileiras, produzido pelo rapper MV Bill e por seu empresário Celso Athayde, o propósito do livro é traçar um vasto painel realista sobre a violência instalada em vários estados brasileiros. A intenção não é denunciar, é compartilhar com os leitores preocupações e reflexões, na perspectiva de manter viva a esperança nessas crianças.

O termo falcão, tema do livro, deve-se a uma gíria usada nas favelas, aos “falcões” é incumbido o dever de vigiar a comunidade e informar quando a polícia ou algum grupo inimigo se aproxima, são crianças que vivem do tráfico e para o tráfico, hoje falcões e num futuro bem próximo, traficantes, assassinos, bandidos ou simplesmente mortos.

Nesta obra nos é proporcionada uma vasta discussão sobre temas como segurança pública, racismo, repressão social e policial, tudo na tentativa de conscientizar a sociedade da realidade dos jovens que vivem nas favelas, senão vejamos o que disse Celso Athayde a respeito:

O Falcão não é um caso de polícia, não é uma denúncia, não é uma lamentação. Falcão é sobretudo uma chance que o Brasil vai ter para refletir sobre uma questão do ponto de vista de quem é o culpado e a vítima. Falcão é uma convocação para que a ordem das coisas seja definitivamente mudada”


2-A REALIDADE NAS FAVELAS



Crianças vendendo drogas, financiando o tráfico e o crime organizado, cada um com seu motivo e justificativa, seja ele qual for, a mãe, o sustento da família, a exclusão social, a falta de escolha, obrigação, não importa, trata-se de um campo minado e há os que digam abandonado por Deus, onde não há perspectiva de vida, de felicidade, onde não há sonhos, sequer infância, no lugar dos carrinhos e brinquedos, estão armas, metralhadoras, pacotes de cocaína, merla, craque, maconha, brincar de roda nem pensar, a brincadeira é traficar, proteger e vigiar, garantir a continuidade do tráfico e do crime organizado, no quintal, a violência, para os ouvidos, ao invés de música, som de tiros de sirene, de polícia ou de ambulância.

Triste realidade, crianças começam a trabalhar para o crime sem nem ao menos saber o que ele significa, o anormal e o bizarro toma o lugar no normal do que deveria ser e não se sabe o porquê, simplesmente não é.


3-A VIOLÊNCIA E O TRÁFICO DE DROGAS


O que observa-se na obra é como o tráfico de drogas possui influência nas favelas e, consequentemente, na vida do jovem que convive nesse ambiente hostil. Basta dizer que durante as gravações que deram ensejo a esta obra, dezesseis dos dezessete “falcões” entrevistados foram mortos, sendo que quatorze, em apenas três meses, vítimas da violência na qual estavam inseridas, assassinados por policiais ou por bandidos, morreram a serviço do tráfico, na luta pelo tráfico, pelo sustento dos viciados, de uma sociedade viciada e omissa.

E assim continua, favelados morrem para que a droga chegue aos “filhinhos de papai” que acham que não são viciados, que curtem a droga como se fosse brincadeira, adrenalina, quebra de rotina, brincadeira esta que rouba vidas, que rouba infância, que tira sorriso e coloca lágrimas em rostos de crianças.

Quem usa drogas financia tráfico, financia violência, financia polícia corrupta, financia crime organizado, financia morte, constrói o caos e horror, edifica uma praga, que destrói, corrói e mata, da qual não se sai a pouco custo, isso é, quando se consegue sair.

 



4-OS SONHOS E AS ANGÚSTIAS


Um dos adolescentes entrevistados sonhava em ser palhaço de circo, o sonho de fazer rir os que o fazem chorar ou de fazer rir o que ele gostaria de ter rido e não riu, por força da realidade que era cruel demais para lhe arrancar sorrisos, este fora o único sobrevivente dos falcões, e sobreviveu porque estava preso pelo tráfico, pois é a liberdade deles mata.

Outro quando perguntado sobre o queria ser quando crescer, respondeu: “bandido”, resposta que faz doer o coração de que ouve, de quem lê, uma criança de onze anos que quer ser bandido quando crescer, sem sonhos, sem perspectiva, sem medo, fará o que está sendo criada para fazer, roubar, matar, traficar enfim, o que ele acha que lhe resta.

Um “falcão” disse não ter medo da morte, que logo apareceria outro igual para tomar o seu lugar, “se eu morrer, vou descansar”, que espécie que vida é essa que leva ao cansaço uma criança que nem viveu ainda a ponto da morte fazê-lo aliviar-se dela?

A obra mostra de forma clara e nua as angústias, os medos, os sonhos, as a crueldade e contradições dessas pessoas, tão jovens, tão amarguradas e desacreditadas.


5- A EXCLUSÃO SOCIAL


A sociedade tenta fechar os olhos diante dessa triste realidade trazida pelos autores, quem não vivencia pouco se importa com o que está acontecendo por lá, é a velha história do “aquilo que os olhos não vêem o coração não sente”.

As favelas, suas regras, códigos e seus moradores são objetos de estudo privilegiado por estarem cada vez mais associados a violência nas informações veiculadas na mídia, o que as tornam ainda mais excluídas do restante da sociedade. As representações sociais que vinculam a pobreza à criminalidade podem gerar tomadas de posição e comportamentos que reforcem o preconceito e o alijamento dos moradores de favelas, aumentando os sentimentos de não pertencimento e negação dessa parcela da população.

Não se pode mais ignorar o óbvio, se trata de seres humanos como quaisquer outros, que estão nesta situação por falta de planejamento do Estado, é um problema social de responsabilidade de todos.

É certo também que existem aqueles que estão neste meio por escolha própria, indivíduos de má índole, porém, não se pode tomá-los com generalidade, pessoas ruins existem em todos os meios, e nem por isso o mundo está acabado, ainda.

Esta exclusão só serve para nos cegar ainda mais e fazer com que continuemos inertes diante deste caos, ressalte-se as palavras de Celso Athayde:


"O que este documentário mostra é que não tem saída. Se é preciso o caos para se começar o novo mundo, a hora é agora. O caos já chegou. Só não está vendo o caos quem mora no asfalto"


6-O PAPEL DO ESTADO NA SOCIEDADE



Temos uma Constituição fortemente garantista, que eleva acima de tudo os direitos fundamentais do indivíduo, no entanto, o Estado está há anos luz de distância em proporcionar esta garantia. Lugar de criança é na escola, o Estado tem por obrigação de gerar meios para que tal instituto seja cumprido.

Temos um Estatuto só para cuidar dos interesses das crianças e dos adolescentes e no entanto, não o vemos aplicado, se não cuidarmos das crianças o país não terá futuro, o que vemos atualmente são crianças em estado de miséria, o Estado não garante aos pais condições de vida e trabalho, nem direitos básicos como educação, saúde, segurança e moradia.

O que há é uma verdadeira inversão de valores, o Estado nos obriga a cumprir as condições por ele impostas, entretanto, não nos fornece a contra-prestação esperada pelo cumprimento dessas obrigações, o que gera um sentimento incontido de revolta, a ponto de nos levar ao caos social em que nos encontramos, em termos de violência e criminalidade.


7- SOLUÇÃO


Não sabemos se há solução, mais de certo que precisa se fazer algo a título emergencial, uma triste realidade que a sociedade tenta abafar e esconder, o que não mais é possível.

O quanto narrado nesta obra deveria ser coisa de cinema, somente imaginada, nunca presenciada e muito menos vivida por quem quer que seja.

De muita relevância são as palavras de MV Bill a respeito, senão vejamos:

 

"Eu não sei exatamente qual o papel desse documentário. Solucionar eu tenho certeza de que não é. Mas é mais um instrumento para ajudar a pensar, repensar as leis dentro do Brasil, para que as pessoas discutam e vejam se é esse mesmo o Brasil que a gente quer. Ou a gente tem um Brasil só ou tem dois Brasis. E parece que estão cuidando mais de um e esquecendo do outro. Só que o outro tá crescendo e se transformando num monstro. Onde nós já perdemos o controle. Tá engolindo todo mundo."





8- CONCLUSÃO


Diante desta obra fica evidenciado um problema de imensa proporção que tenta nos alertar quanto à necessidade de se fazer algo, de refletir e de lutar por uma mudança social urgente.

Este trabalho pretende ampliar a discussão da temática da violência advinda do tráfico de entorpecentes, mostrando a realidade demolidora do mundo das drogas, onde elas são o pai e a mãe dessas crianças, o pai e a mãe do crime e da violência e pior, onde são cativadas e protegidas como pai, mãe e filho, onde se morre e mata por elas.

É gritante a necessidade de se repensar as leis do nosso país e de lutarmos por isso de modo a fazer renascer a esperança dessas pessoas, a esperança da efetivação dos direitos e garantias individuais previstos constitucionalmente, para que as crianças sejam simplesmente crianças, para que sonhem, e o mais importante, para que vivam com dignidade.

Não se pode permitir que esse assunto seja tratado e manipulado política e partidariamente por quem tem a responsabilidade constitucional de modificar o rumo das coisas, não há como negar a existência do caos, pois estamos sendo consumidos e destruídos por ele.



REFERÊNCIAS


ATHAYDE, Celso; MV Bill. Falcão – Meninos do Tráfico. Rio de Janeiro: Objetiva, 2006.


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