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Resumo:
Não adianta negar, abstrair e simplesmente colocar-se na posição de vítima. É a nossa inércia e covardia que estimula a corrupção.
Texto enviado ao JurisWay em 09/07/2014.
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Recurso Postal
Os cidadãos brasileiros estão desanimados com a classe política e não compreendem a razão da proliferação de bandidos que mantêm seus gabinetes nos palácios governamentais, no Congresso Nacional, nas assembleias legislativas e nas câmaras de vereadores.
Não podemos esquecer que estes políticos, embora eleitos pelo povo, sustentam suas quadrilhas com o peso da imunidade, do poder parlamentar e especialmente com o resultado das negociatas com agentes do poder econômico.
No fundo, claro, a culpa é sua, minha e dos nossos pais. Não adianta negar, abstrair e simplesmente colocar-se na posição de vítima. É a nossa inércia e covardia que estimula a corrupção.
Ora, nas últimas décadas o nosso povo conseguiu fugir das discussões políticas para especializar na arte de levar vantagem; de conseguir um jeitinho nas questões mais corriqueiras e cultivar o hábito de ter como amigos os podres intermediários dos poderes.
Não raro os nossos cidadãos se vangloriavam de não pagar multa de trânsito, de furar fila, de enganar o Imposto de Renda, de possuir carteira de policial e até de corromper ou ser corrompido pelos agentes públicos de todos os poderes da república.
Houve uma época em que estar na moda implicava em ter amigos generais, frequentar quartéis e receber informações privilegiadas da economia, com alguma antecedência, naturalmente.
Este tempo maldito já passou, mas chegou outra época, mais desgraçada que aquela, em que os nossos líderes compactuam com o crime, enriquecem às custas de maracutaias de todos os matizes e já nem têm vergonha de admitir suas tramoias.
Hoje, por outro lado estamos cansados, amargos, menos sensíveis ao espírito de cidadania e já acostumados com a interminável onda de crimes perpetrados por marginais que tomaram assento em cadeiras importantes da república.
As notícias, desastrosas e crescentes, ganham espaço na mídia e geram uma sensação de impotência e descrédito nas nossas instituições e na nossa autoestima.
É certo os jovens, decepcionados com a nossa geração, estão chegando e querendo grandes mudanças. É possível que aos poucos a história seja alterada. Houve um dia, já distante, que o nível de saturação popular chegou a expulsar de seu palácio um presidente da república, e depois, um a um, dezenas de falsos moralistas do impeachment, sem falar nos anões do orçamento, foram escorraçados dos seus cargos.
Alguns dos bandidos do mensalão que atuavam no Palácio do Planalto por longo tempo, foram julgados e condenados. Um ministro do Supremo Tribunal Federal, revelando-se sério, digno e honrado, o que não é índole farta em nenhum dos nossos palácios, conseguiu levar para a cadeia alguns dos canalhas que usaram o poder político para roubar dos cidadãos.
Mas isso também já passou. Lamentavelmente, sem apoio sequer de seus pares, o ministro probo não resistiu e optou por deixar de lado a toga e buscar novos horizontes, e os ratos outrora enjaulados já começam a trocar as grades por ambientes mais luxuosos e confortáveis.
É claro, apesar de tudo vencemos algumas batalhas, mas, a vigília rígida tem que persistir e uma forte reação cidadã não pode tardar. É sabido que os compradores de votos voltarão patrocinados pelo poder econômico, próprios ou de seus protegidos, com promessas miraculosas e surpreendentes.
Alguns cidadãos, geralmente os mais ignorantes e os mais idiotas, sem dúvida, apesar de tudo, vão sucumbir e trocar seu voto por meia dúzia de tijolos e telhas, uma anotação falsa para obter o Bolsa Família, ou mesmo promessas de cargos de gabinete. Depois, com caras de inocentes e vítimas, se escandalizarão com a carga tributária e reclamarão freneticamente do desatendimento aos serviços públicos de saúde, educação e segurança pública.
Mas, não tenham dúvidas, onde prolifera a corrupção mínguam os ideais de liberdade e democracia. Muitos dos eleitores que elegem políticos bandidos também são bandidos. Claro, são cúmplices que optaram pelo amor à proximidade com o poder; que buscaram a continuidade da impunidade; almejaram o recebimento de favores pessoais e se venderam por trinta dinheiros e, por isto, deverão amargar esta culpa pelo resto de suas vidas.
Entretanto, para tristeza dos incompetentes e dos bajuladores inveterados, o Brasil está recebendo uma réstia de moral e civismo que já ilumina a cabeça de alguns poucos cidadãos, provocando uma marola de esperança.
Isto quer dizer que já existe uma pequena reação popular, tênue, mas verdadeira, e não pode ser ignorada. Temos observado que os veículos de comunicação perderam o medo, criaram seções e repórteres especializados em escândalos políticos e o resultado que se espera, óbvio, é que o espírito de cidadania pode chegar para ficar e, neste caso, as denúncias, inquéritos, e processos de cassações, poderão resultar em uma feliz e próspera realidade.
Mas o lamentável é que os nossos legisladores em sintonia com a impunidade e defesa dos privilégios dos apenados, talvez por interesse próprio, são demasiadamente condescendentes com o crime. Enquanto alguns países mandam seus corruptos acertar contas com o pelotão de fuzilamento ou com a prisão perpétua, o nosso Código Penal pune a corrupção com apenas alguns anos de prisão que, aliás, nem assim são cumpridos.
E o mais grave, enquanto é de apenas oito anos o prazo prescricional para a maioria dos crimes políticos e financeiros, os nossos tribunais, dançando a mesma valsa, levam mais de uma década para julgar definitivamente um processo penal.
Mas, infelizmente, abstraindo de tudo isso, vamos nos conscientizando de que sem mais esperança, seremos forçados a usar o Recurso Postal.
Sim, os miseráveis, idiotas e inertes cidadãos, como alternativa derradeira, senão definitiva, já que são os indivíduos mais fortemente vitimados pelos corruptos, ainda poderão se valer do Recurso Postal, ou seja, ainda lhes resta o sagrado e inalienável direito de abraçar o poste e chorar.
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