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" O MASOQUISMO E O SADISMO DE CADA UM "


Autoria:

Carleial.bernardino Mendonça


Carleial.Bernardino Mendonça. Psicólogo-Clínico pela Universidade católica de Minas Gerais; Escritor e Pesquisador nas áreas da Psicobiologia e do Direito e, Bacharelando em direito da Faculdade de Direito Estácio de Sá,em Belo Horizonte-MG.

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Texto enviado ao JurisWay em 13/02/2011.



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             O MASOQUISMO E O SADISMO DE CADA UM “

 

 

Masoquismo, termo largamente usado e popularizado, originou-se do nome do conde austríaco Leopoldo Sacher Von Masoch, que viveu entre os anos de 1836 e 1895. Ele escreveu diversas novelas cujos personagens se envolviam com prazeres associados à flagelação. Usualmente empregado no cotidiano, este termo perdeu a sua conotação original patológica para se constituir numa forma irônica de pequenas agressões físicas e/ou morais. Entretanto, na clínica, essa aberração continua sendo enfocada e tratada como uma anomalia psíquica. Aliás, nestas últimas décadas, as palavras que designavam patologias e, principalmente, anomalias cérebros-mentais, foram e estão sendo substituídas por termos mais “light”; como: deficiente auditivo, deficiente visual, cadeirante, etc., ao invés de surdo, cego, paralítico, etc.

 

O deficiente cérebro-mental, por exemplo, ganhou o sugestivo nome de “excepcional”; o que não deixa de ser estranho, tendo em vista que “excepcional” é sinônimo de “extraordinário”, de “muito bom”, de “excelência”, etc. O que não é o caso, pois qualquer deficiência não é nada agradável para quem a tem. Esta nova rotulação tem a finalidade de proteger, à distância, a imagem da pessoa, bem como a sua auto-estima; apesar de que pode, também, provocar uma acomodação em seu possuidor. Voltando ao tema Masoquismo, caracteriza-se ele, pela compulsão ao sofrimento. Isto é, o indivíduo é levado, involuntariamente, à busca do próprio sofrimento físico e/ou mental.

 

Normalmente, no ambiente terapêutico, quando o analista identifica em seu paciente o comportamento masoquista e o interpreta para ele; este se espanta, afirmando que não é “louco” para procurar o próprio sofrer. De fato, seria autêntica “loucura” alguém, deliberadamente, criar prejuízos para si. É claro que uma pessoa masoquista age inconscientemente e, na maioria das vezes, sem qualquer controle voluntário (consciente). Quando a mente consciente ( o Consciente ) fica alheia ao comportamento, seja por disfunções mentais,transtornos neurológicos e cerebrais ou por ação de drogas; este mesmo comportamento se manifesta de forma compulsiva e quase sempre negativa para quem o pratica e para os outros. É digno de espanto descobrir-se que muitos sofrimentos, prejuízos físicos, morais e materiais, são provocados pela própria pessoa.

 

Muitos transtornos da vida moderna são decorrentes desse tipo de perversão da mente enferma e as famílias sofrem grandes danos materiais e psicobiológicos com ele. O masoquismo é pouco notado porque não são analisadas, com profundidade, as origens dos dissabores que eles nos afligem no dia-a-dia. No trato diário com patologias diversas, verificam-se casos em que o masoquismo é o centro de vários distúrbios familiares, como nos casos que relataremos abaixo, para melhor exemplificar as formas do sofrimento masoquista:

 

-Uma mãe de 52 anos, estava preocupando os seus filhos, com o seu comportamento tristonho e pelo descuido de sua pessoa. Seus gestos traduziam uma grande desvalorização por sua imagem e por seu corpo. Evitava qualquer oportunidade para se divertir, procurando fazer tudo sozinha, recusando a ajuda dos filhos, implicando com as empregadas que lhe arranjavam para lhe ajudarem nos afazeres domésticos. Criou serviços estafantes e desnecessários, tornou-se perfeccionista, quando repetia muitas vezes o mesmo trabalho, alegando que não ficara bem feito. Fazia questão de fazer sozinha os trabalhos de casa, alegando que  “ninguém sabia fazer igual a ela”; ainda mais que nenhuma empregada permanecia por muito tempo em sua companhia, devido as suas “implicâncias”.

 

Trabalhava exaustivamente em casa, realizando tarefas pesadas e cansativas, como lavar o chão, limpar, repetidamente, os móveis e varrer a casa com freqüência, além da comida e outras coisas cansativas; apesar de os filhos a repreenderem por isso. Em nada adiantava as súplicas familiares; ela continuava executando mais e mais tarefas no lar. Cortava-se com freqüência na cozinha e machucava-se com facilidade nos seus excessivos cuidados domésticos. Isto era bastante suspeito, pois, quando ia para a casa de outras pessoas, comportava-se de forma oposta, cuidando e zelando por sua saúde e por seu bem-estar. Isto ficou evidente, quando da vez que passou alguns dias na casa de uma amiga. Ausente do seu lar, ela não se machucou, embora tivesse ajudado a amiga na cozinha e em algumas tarefas caseiras. Nesses dias de ausência do lar, foi mais comunicativa e alegre, em nada se parecendo com o seu comportamento sofrido, quando em sua própria casa. Enquanto permaneceu fora de casa, comportou-se ela como outra pessoa. 

 

A senhora X (vamos chamá-la assim) estava se martirizando, de forma masoquista, a fim de aplacar enorme sentimento de culpa por ter um filho deficiente. Inconscientemente ela estava se punindo por não ter sido capaz de gerar todos os seus filhos normais. O seu masoquismo começou quando esse filho cresceu e se mostrou incapaz de uma vida normal, sem os cuidados dos pais. Dessa forma,  sentia-se culpada pelo comprometimento do futuro desse filho. O seu masoquismo, levando-a ao sofrimento, é uma tentativa de sua mente inconsciente para compensar essa “culpa”. Ela estava “se fazendo de vítima”, como popularmente se diz. Mas, na verdade, essa mãe não queria ser vítima; assim como ninguém deseja! Este é o grande engano das pessoas que julgam esse comportamento, como uma mera “chantagem” emocional. O que lhe acontece é o fato de ter sido programada por seu Inconsciente para sofrer, por força das circunstâncias alheias a sua vontade; isto é, não sabe o que faz. É preciso observar que, quando  uma pessoa “se faz de vítima”, quase sempre está se sentindo rejeitada, com sentimento de culpa e afetivamente carente.

 

-Uma moça, de 26 anos, sentia-se feliz até essa idade, conforme nos afirmou, quando no início da terapia. Recentemente, após um aborto para se livrar de um filho indesejável, passou a apresentar crises depressivas, num estilo de vida onde a tônica era o seu próprio sofrimento. Dizia que tudo que fazia “dava zebra”. Até as companhias masculinas que antes lhe davam muito prazer, agora lhe acarretavam problemas de toda ordem. Magra, abatida e muito ansiosa, queria saber por que o seu comportamento atual era tão desastroso. A paciente fora criada numa família religiosa, onde o aborto é considerado um grave pecado. Ela estava, agora, sendo perseguida por seu Inconsciente religioso que, implacavelmente, exigia-lhe a devida punição e purgação.

 

-Uma senhora de 58 anos, tornara-se tristonha e retraída após tomar conhecimento que o casamento de sua filha mais nova estava se deteriorando. Através da sua anamnese, soubemos que a referida filha não queria se casar com o seu atual marido porque gostava de outro. Como este outro era de pouco recurso material, sua família a pressionou a desistir dele e casar-se com o atual esposo; tendo sido  a sua mãe quem lhe fez a maior pressão para acabar com o namoro com aquele de quem a filha mais gostava. Ao saber que o marido maltratava a filha, ela passou a ter um comportamento auto-agressivo, não poupando sacrifícios e se recusando a qualquer ajuda, inclusive negando-se a procurar tratamento quando adoecia. O que acontecia com aquela senhora que antes era cheia de vida e alegria?

 

Com o seu Inconsciente culpando-a pelo insucesso conjugal da filha, procurava se punir (inconscientemente) para se redimir  de “tão grande erro”, quando forçou o casamento que fracassara, infelicitando a filha querida.É claro que esses comportamentos masoquistas não resolvem  problemas, porque se trata de uma defesa neurótica; isto é,um modo de agir impulsionado pelo Inconsciente cerebro-mental. Não resolvem porque o comportamento normal e adequado à vida são aqueles originados, planejados e impulsionados pelo Consciente cerebral-mental, que é a instância detentora da Razão, do Equilíbrio e do Bom-senso. É o Consciente que nos proporciona o comportamento que nos distingue dos animais inferiores; enquanto que o Inconsciente é o responsável pela fisiologia e  modo de agir dos irracionais. Por serem governados por seus Inconscientes é que não vemos bichos dando aulas, fazendo cirurgias, pesquisando remédios para as nossas doenças (e a deles),proferindo palestras em Universidades,etc. Qualquer atividade ou comportamento que não se origine do Consciente; poderá acarretar conseqüências negativas ao sujeito e à Sociedade. Não é isto que estamos vendo nas Sociedades Mundiais? O crime, a agressividade, as doenças e toda espécie de violência que assistimos os humanos cometer, diariamente, contra si e ao seu Meio ambiente? O masoquismo tem ligações com os desvios sexuais, com sentimentos de culpa, assim como pode se originar do hábito de sofrer. Vamos explicar melhor sobre esta última causa.

 

Uma pessoa que passou ou passa por sofrimentos marcantes em sua vida; acostuma-se à “má-sorte” e passa a crer que o infortúnio lhe é inevitável. Assim, ela se subestima, desvalorizando a própria imagem que todos nós idealizamos. É claro que, se uma pessoa é vítima de constantes adversidades ( o que pode ocorrer a qualquer um), tal pessoa pode imaginar que não é digna de viver,principalmente quando se compara com outras mais afortunadas. Quando o amor próprio é perdido, a pessoa se sente inferiorizada e os seus valores mais caros são rebaixados. Neste caso, é acertado pensar-se que ela, nessas circunstâncias, tenderá mais a valorizar o sofrimento do que o prazer, caracterizando o quadro masoquista. Qualquer comportamento repetitivo que resulte em prejuízos para quem o pratique, deve ser visto como uma forma de masoquismo.. Vê-se isto, entre os viciados no fumo, na bebida e outras drogas.

 

Nestes casos o viciado, embora conheça e sinta os efeitos negativos de seus hábitos, permanece entregue a eles, como se lhe existisse uma programação interna que o compele à ruína física, moral e mental. E, em nada resulta falar-lhe dos males futuros, nem tampouco esconder-lhe as drogas ou ameaçá-lo; pois ele dará um jeito para consegui-la. Todo processo compulsivo é inconsciente para o indivíduo; pois é inadmissível que alguém queira, conscientemente, a sua própria destruição psico-bio-social. Devemos cuidar de pessoas que, constantemente, estejam machucadas, feridas, dizendo-se “sem sorte”, repetindo atos nocivos, sendo enganadas por outrem, etc. É provável que estejam se punindo, inconscientemente. Neste caso, deve-se analisar a vida pregressa de tais pessoas, a fim de se procurar alguma forte frustração ou necessidade de “reparar” por algo “grave” cometido. O masoquismo quando se origina com a finalidade de aplacar sentimento de culpa, faz com que o inconsciente se utilize de outras pessoas para concretizar seus desejos de autopunição.

 

O masoquista costuma “fabricar” o seu próprio algoz, que é o Sádico. Este, normalmente, é uma pessoa que com ele convive e, principalmente, do sexo oposto. Isto, porque o homem é mais propenso ao sadismo e, a mulher, ao masoquismo. Contudo, com a inversão dos papéis e dos valores nos dias atuais, este quadro está se invertendo, estando a mulher se igualando ao homem em mais um dos distúrbios que era típico do masculino. Essas aberrações mentais são frutos da educação e/ou disfunções cérebros-mentais; onde a mulher é (era) treinada para a meiguice e afetividade; enquanto o homem era (e é) educado para a agressividade e a competição. Entretanto, com a nova “pedagogia liberal”, as mulheres estão sendo condicionadas à violência, à agressividade e a competição animalesca com os homens que mantinham a  dianteira nas doenças mentais e psicossomáticas. Tudo indica que logo estaremos em “pé de igualdade” com toda  degradação e anomalias, dantes reservadas aos primatas hominídeos.

 

A verdade é que antes os homens sofriam mais que as mulheres de enfermidades psicossomáticas, justamente pela violência e competição abestadas a que eram submetidos. Hoje, podemos estimar que  haja muita igualdade entre ambos; até nas doenças ! Quando se fala em masoquismo, outra afecção mental merece ser destacada; pois está ela em íntima relação com ele: é o Sadismo.   O nome deste distúrbio nasceu do comportamento doentio do Marquês de Sade (1740-1814) que costumava criar enredos teatrais nos quais os protagonistas eram maltratados com requintes de perversidade. Assim como no masoquismo, o sadismo pode ter origem na infância, no comprometimento do desenvolvimento psicossexual, propiciando a formação de aberrações sexuais na vida adulta, quando o desejo mórbido de ser maltratado (masoquismo) e o de maltratar (sadismo) são pré-requisitos para a gratificação, principalmente a satisfação sexual. Como no masoquismo, o sadismo pode se originar, também, de hábitos constantes e repetitivos, como: de vingança, de humilhar e de explorar os outros. Particularmente, acreditamos que o hábito é o maior gerador do elevado número de pessoas sádicas. Vamos, mais uma vez, nos valer de exemplos de casos clínicos, a fim de melhor entendermos esse tipo de aberração mental.

 

-Um homem, de aproximadamente 41 anos, implica constantemente com a esposa, causando transtornos em seu lar. Recentemente espancou a mulher, culminando com este gesto, numa, quase, separação do casal. Criaram um círculo vicioso de conflitos, onde o sofrimento passou a fazer parte da vida cotidiana dos mesmos. O marido, sem qualquer motivo aparente, a agredia. Ela, ao ser ofendida, ameaçava-o com a separação. O marido(que gostava muito dela) recuava por algum tempo e logo voltava às agressões, fazendo a esposa voltar a lhe ameaçar com a separação e ele ficava “manso” outra vez. Ao se analisar o histórico de vida de cada cônjuge, verificamos o seguinte: o marido viera de uma família onde os homens costumavam se agredir e agredirem as esposas. Enquanto a sua esposa foi criada no seio de uma família onde as mulheres costumavam se submeter às agressões de seus maridos. Nesses ambientes sem amor (quem ama não submete e nem se submete) e desestruturados, o casal em questão, acostumara-se com a dominação masculina e à submissão feminina. Daí resultou o masoquismo dela e o sadismo dele. Eles foram vítimas dos seus  hábitos familiares negativos.

 

-Outro exemplo de sadismo, mostra-nos como essa anomalia mental serviu para compensar um sentimento de culpa e a sua necessidade de “reparação”. O caso passou-se com uma jovem senhora, filha única, que ao se casar deixou sua mãe, viúva, morando sozinha. O seu casamento foi motivo de muito sofrimento para a mãe, a quem muito se apegava. Essa mãe fez o possível (inconscientemente) para a filha não se casar, a fim de continuar gozando de sua presença e companhia. Após sair da casa materna, aquela jovem senhora teve uma rápida felicidade conjugal, pois foi atormentada por forte sentimento de culpa quando via o semblante depressivo de sua mãe e ao ouvir de parentes e amigos que a sua mãe estava abandonada e sempre tristonha. A partir daí, a paciente ( a filha) passou a implicar com o seu esposo e por qualquer motivo o agredia. Este, por sua vez, que antes era muito paciente e pacífico, com pouco tempo tornou-se agressivo com ela. No decorrer de alguns meses o clima ficou tenso em sua casa e a esposa decidiu separar-se dele e voltar para a casa materna. A mãe muito se alegrou com a decisão de separação e com o seu retorno à sua companhia. 

 

Cumpriram-se, assim, as duas programações dos inconscientes mentais da mãe e da filha. A rapidez da separação conjugal (solicitada por ela); o sentimento de culpa por ter deixado a mãe “abandonada”; a lembrança constante do semblante sofrido dela e outros fatores; fizeram com que na jovem esposa “despertasse” o masoquismo (que todos nós temos um pouco) e o sadismo (que todos nós temos um pouco) no seu ex-esposo. É evidente que todos esses acontecimentos vêm de vetores inconscientes para todas as pessoas envolvidas nesses casos. Todas elas foram “vítimas” de seus Inconscientes cérebros-mentais..

 

É importante sabermos que o masoquismo e o sadismo podem se mesclar numa mesma pessoa, já que são patologias afins, constituindo-se no quadro chamado Sadomasoquista, conhecido por muitos. Raramente um masoquista não se comporta, também, como sádico;  e, este, como masoquista. Sobre o sadomasoquismo, recentemente tivemos a oportunidade de avaliar a sua força destrutiva, quando analisamos os fatores alienantes de uma família que veio à terapia. O exemplo abaixo dá-nos uma idéia real da inter-relação dessas patologias mentais que vitima inúmeras famílias, inclusive... a nossa!

 

-Homem de 25 anos, procurou tratamento psicoterápico a fim de livrar-se de sua dependência à bebida alcoólica. Durante a análise, quando se focalizou as relações interfamiliáres, verificou-se forte vinculação sadomasoquista, envolvendo, principalmente os seus pais. Estes estão casados há 28 anos, com atritos constantes entre si e com os filhos. Não há lembrança de afetividade entre eles. A mãe, encontrava-se abatida, queixando-se  de doenças e do “trabalho” que o marido e os filhos lhe dão. Faz questão de dizer que “pode morrer a qualquer hora”, de tantas preocupações e afazeres com a família. O pai demonstra apatia e submissão, diante da situação familiar, alegando que não podia fazer nada. Para continuar suportando a sua cruel realidade ele se embriaga com freqüência. Durante muitos anos a mãe assumiu a postura dominante e o esposo, a de submissão.

 

Apesar do Grande sofrimento de todos, havia “lucro” inconsciente para eles, naquele modelo patológico de ambiente familiar. A esposa, apesar de reclamar que tinha de cuidar de tudo, tornou-se conhecida pelos familiares e amigos como uma “mulher forte”, “dinâmica”,”protetora” e de “iniciativa”. Estes adjetivos lhe deram vaidade e amor-próprio, saciando o seu Ego (Consciente). O marido criou fama de desligado, irresponsável e incapaz; mas, ficou livre de ter de tomar atitudes, iniciativas e de realizar tarefas domésticas. Ele sofria muito com as acusações e críticas da mulher de muitos que o conheciam. Por isso se tornou masoquista pela ação sádica da esposa e dos que o criticavam. A mulher, ao maltratar o esposo, funcionava como sádica. Entretanto, quando começou a perceber que fazia o esposo sofrer ( e os seus filhos ), tornou-se também masoquista. Desta forma, ora atuava como sádica; ora, como masoquista. Estabeleceu-se  no grupo familiar o quadro sadomasoquista. O carrasco e a sua vítima e o torturado com o seu algoz, com o tempo, o costume e a prática; tornam-se faces da mesma moeda.

 

Finalmente, o que caracteriza o masoquismo e o sadismo, não é somente o sofrer e nem o fazer sofrer; mas, sim, a compulsão ao sofrimento e ao fazer sofrer, respectivamente. Caso não houvesse essa compulsão ( que é um impulso incontrolável que vem do Inconsciente) determinante, teríamos de admitir que todas as pessoas seriam sádicas e masoquistas (embora isto possa ser verdade em níveis não patológicos), considerando que no mundo atual todos sofrem e todos causam sofrimento, devido as próprias circunstâncias da vida moderna.

 

Não devemos nos admirar, quando deparamos com tanta violência e sofrimento que já se tornaram rotina no nosso dia-a-dia.

 

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Nota: este trabalho foi escrito em dezembro de 1985. Como os hábitos, costumes e comportamentos negativos se acentuaram, o autor resolveu publicá-lo, novamente, após algumas atualizações.

 

Belo Horizonte, 7 de dezembro de 1985

São Paulo, 10 de fevereiro de 2011.

 

 

CARLEIAL. Bernardino Mendonça.

 

 

 

Psicólogo-Clínico pela Universidade Católica de Minas Gerais;

Estudante de Direito da Universidade Estácio de Sá-BH;

Escritor e Pesquisador nas áreas da Psicobiologia e do Direito.        

 

 

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