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Resumo:
O presente ensaio traz um resumo acerca do estudo de Anthony Giddens sobre UM MUNDO EM MUDANÇA, que traz a problemática acerca da globalização.
Texto enviado ao JurisWay em 30/06/2014.
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UM MUNDO EM MUDANÇA
Anthony Giddens
Dimensões da Globalização
Globalização geralmente está associada a processos econômicos, como a circulação de capitais, a ampliação dos mercados ou integração produtiva em escala mundial (pela convergência de fatores políticos, sociais e culturais) que mostram a rapidez das mudanças sociais, o aprofundamento da sociedade global; as ações locais dentro do cenário social que compreende o mundo como um todo com laços econômicos e sociais que ligam países e pessoas ao redor do mundo associados aos avanços na comunicação, na tecnologia da informação e no transporte que intensificam as relações sociais e a interdependências sociais e globais; significa que nossas ações têm conseqüências para outros e que os problemas do mundo têm conseqüências para nós, tornando os indivíduos, os grupos, as nações mais interdependentes.
Fatores que contribuem para a Globalização
A globalização abrange a dimensão econômica, política, cultural e social. Vem avançando, se expandindo devido aos avanços tecnológicos da comunicação, na informação, que diminuem as distâncias, facilitando transportes de mercadorias e pessoas em escassas horas ou dias, intensificando a integração econômica conhecida como economia da informação, facilitando negociações, parcerias, num mercado em constantes mudanças.
Causas da crescente Globalização
São muitos os fatores que contribuem para a crescente globalização, podendo-se citar, entre outros, o fim da Guerra Fria, o colapso de estilo do mundo Soviético que acelerou o processo da globalização, pois estes mudaram para os sistemas políticos e econômicos estilo Ocidental, crescimento dos mecanismos regionais e internacionais de governos (aproximação de países), fluxo de informações facilitado pela difusão da tecnologia, em que as responsabilidades sociais vão além das fronteiras, os problemas e soluções se tornam mundiais e as pessoas buscam novas fontes ao formular seu próprio senso de identidade, corporações transnacionais evoluíram formando redes de produção e consumo global, ligando mercados econômicos, isto é , empresas que possuem sede em um país, e desempenham atividades ( bens e serviços comerciais) em diversos outros, possuem influencias que transcendem a economia.
O debate sobre a globalização
Globalização é um tema de constantes debates o qual pode ser dividido em três escalas de pensamento, abaixo citados.
Os Céticos dizem que o assunto está supervalorizado, não é algo novo e pode existir contato entre países, mas a atual economia mundial não está suficientemente integrada para construir uma verdadeira economia globalizada. Os blocos regionais evidenciam que a economia mundial tornou-se menos e não mais integrada.
Os Hiperglobalizadores vêem a globalização como um processo que é indiferente às fronteiras nacionais. A globalização está nos levando a um mundo sem fronteiras, é um fenômeno real e poderoso, que ameaça desgastar de todo o papel dos governos nacionais.
Os Transformacionalistas acreditam que a globalização seja um processo dinâmico e aberto que está sujeito à influência e a mudanças, influenciando as sociedades modernas. Segundo os transformacionalistas a globalização está transformando muitos aspectos da atual ordem global, incluindo relações econômicas, políticas e sociais. Afirmam que não vivemos mais em um mundo centrado no Estado; os governos estão sendo forçados a adotar uma postura mais ativa e aberta ao exterior, que os leve à governança dentro das complexas condições da globalização.
O impacto da globalização nas nossas vidas
O impacto da globalização é sentido nas nossas vidas pessoais, pois está sendo alterada a forma como nos concebemos e a relação com os outros na sociedade. As nossas vidas estão sendo alteradas devido à ação das forças globalizantes que entram em nossas casas, comunidades ou contextos locais, através da mídia, internet e a cultura popular (contato pessoal com indivíduos de outros países e culturas).
A ascensão do individualismo
A globalização produz novas formas de riscos, diferentes daqueles que existiam anteriormente; riscos externos que são perigos que provem do mundo natural; riscos produzidos criados pelo conhecimento humano e da tecnologia no mundo natural, sendo que todas as sociedades humanas estão expostas a riscos. Ela produz resultados difíceis de controlar e prever. Sob a globalização, os indivíduos estão frente à emergência de um novo individualismo, isto é, estamos diante de um novo caminho, em que as pessoas podem se auto-constituir e construir suas próprias identidades, numa nova ordem social.
Padrões de trabalho
Antigamente os pais tinham mais tempo disponível a seus filhos, as mulheres tinham como tarefa cuidar da casa e dos filhos, hoje os pais têm menos tempo e, como conseqüência, a função de cuidar e educar é confiada a profissionais responsáveis, aumentando a tensão dentro das famílias, sendo que as mesmas tiveram que se ajustar, surgindo um novo tipo de família onde o casal trabalha fora.
O trabalho é necessário, sendo que com a globalização houve muitas transformações no mundo do trabalho, devido aos avanços tecnológicos, acarretando muitas vezes a perda de mercado para concorrentes no exterior fazendo com que trabalhadores percam seu emprego.
Hoje as pessoas traçam sua própria carreira, buscam objetivos individuais e exercem a escolha para sua realização, principalmente devido à flexibilidade nas formas de trabalho.
Cultura Popular
Hoje as imagens, idéias, bens, estilos, disseminaram-se rapidamente pelo mundo; o livre fluxo da cultura facilitado pelo comércio, novas tecnologias de informação, a mídia internacional e a migração global, faz com que as informações sejam partilhadas rapidamente.
O filme Titanic é um exemplo de produtos culturais que atravessou fronteiras nacionais e se tornou um verdadeiro fenômeno internacional, somente neste exemplo podemos destacar o impacto cultural da globalização no mundo; apresentou um romance (trágico), naufrágio (mortes), efeitos especiais de última geração, idéias e valores, romance com pessoas de diferentes classes sociais, (não aceito em alguns países) mudando o posicionamento de pessoas com valores mais tradicionais em relação ao casamento.
Globalização e risco
Muitas das mudanças acarretadas pela globalização resultam em novas formas de riscos, diferentes das que existiam em épocas anteriores que tinham causas estabelecidas e efeitos conhecidos. Hoje os riscos são incalculáveis e de conseqüências indeterminadas.
A difusão do “risco produzido”
Os riscos de hoje são diferentes dos que existiam em épocas passadas. Antigamente as sociedades eram ameaçadas somente por riscos naturais, (secas, terremotos...) hoje confrontamo-nos com riscos produzidos (riscos ambientais, riscos de saúde, vírus eletrônico).
Riscos ambientais, onde é constante a intervenção humana através da aceleração industrial e tecnológica, como a urbanização, a produção industrial, a poluição a construção de represas, barragens, hidroelétricas, projetos agrícolas, programas de energia nuclear.
O resultado coletivo de tais processos é difícil de calcular, no mundo globalizado somos confrontados com risco ecológico de maneiras diversas com conseqüências devastadoras, catástrofes.
Cientistas e especialistas em desastres e catástrofes mostram que eventos climáticos externos afetam o mundo. Não se pode afirmar com certeza que esses desastres naturais tenham como principal causa o aquecimento global, o aquecimento terrestre, sabe-se que se continuar o clima da terra será danificado sem possibilidade de inversão.
Os riscos à saúde também atraíram muita atenção; as queimaduras e câncer de pele, pensa-se estar associado à devastação da camada da atmosfera terrestre que filtra os raios ultra-violetas; os riscos na alimentação estão relacionados às novas técnicas de agropecuária e de produção de alimentos, influenciadas pelo avanço na ciência e na tecnologia.
“A sociedade de risco” global
Com a globalização o homem se depara com novas escolhas e desafios constantes em suas vidas cotidianas (alimentação, valores, trabalho, meio ambiente...). Segundo o sociólogo alemão Ulrich Beck (1992) analisa o risco e a globalização como contribuintes à formação da sociedade de risco global. Devemos responder e nos adaptar às constantes mudanças ocasionadas pelo avanço tecnológico, pois este sempre produz novas formas de risco. Segundo Beck, a sociedade de risco não se limita aos riscos de saúde e ambientais, mas também na vida social contemporânea (emprego, declínio da tradição, costumes, família, relacionamento pessoais sobre a auto-identidade). O futuro das pessoas hoje está bem menos seguro, decisões apresentam riscos aos indivíduos, como casamento, trabalho... Portanto todos os países e todas as classes sociais correm riscos; as conseqüências da globalização são globais e cruzam fronteiras nacionais.
Globalização e Desigualdades
A globalização está precedendo de uma maneira irregular, em que conseqüências podem ser benignas e além dos problemas ecológicos crescentes, a expansão das desigualdades nas sociedades é um sério desafio.
Desigualdades e divisões Globais
A globalização está progredindo rapidamente, mas de modo desigual. A maior parte de riqueza do mundo está concentrada em países industrializados ou “desenvolvidos” sendo que os países em “desenvolvimento” sofrem com a disseminação da pobreza e da superpopulação, com sérios problemas na educação, saúde, dívidas externas, desemprego, desnutrição, sendo que esta diferença aumentou muito nos últimos anos e os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.
A globalização parece estar concentrando cada vez mais renda, riqueza e recursos em um pequeno núcleo de países (desenvolvidos), estes tem se beneficiado com esse crescimento e o processo de integração da economia global. Há riscos de que os países em desenvolvimento, à medida que a globalização cresça, sejam deixados ainda mais para trás, isto é, marginalizados, sem obterem os benefícios econômicos da globalização.
A Campanha por Justiça Social
Muitos acreditam que o livre- comércio e os mercados abertos permitirão ao mundo em desenvolvimento integrarem-se na economia global, já que o comércio internacional tem se expandido rapidamente. Os contrários a essa idéia argumentam que os organismos do comércio internacional (OMC) estão dominados pelos interesses dos países desenvolvidos e deixam de lado as necessidades do mundo em desenvolvimento. Segundo estes, as regras de comércio devem proteger os direitos humanos, os direitos de trabalho, o meio ambiente, o desenvolvimento sustentável e as economias nacionais e não garantir lucros exorbitantes para as grandes corporações onde o poder político e a econômico se concentram.
Conclusão: A necessidade de uma governança global
A globalização desenvolve-se, produz riscos, desafios e desigualdades que atravessam fronteiras nacionais e escapam ao alcance das estruturas e modelos políticos existentes.
Os governos individuais estão sem poder para controlar questões transnacionais, como AIDS, efeitos do aquecimento global, regular mercados financeiros... Há a mendicidade de novas formas de governo global que possam enfrentar questões globais de uma forma global, pois os desafios que são cada vez maiores possuem uma abrangência transnacional. As novas formas de governança Global poderiam estabelecer regras e padrões a nível internacional de defesa dos direitos humanos, formar instituições regulatórias mais efetivas para esta época que a interdependência global e a rápida mudança conectam a nós todos rapidamente.
Com certeza o maior desafio no séc. XXI, a maior necessidade das sociedades, será mobilizar forças globalizantes para obter maior igualdade, democracia e prosperidade.
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