Se pararmos um pouco para refletir, perceberemos que somos apenas reflexo da bagagem de experiências que acumulamos ao longo da vida. E assim sendo, somos moldados pelo mundo que nos cerca, influenciados pelo ambiente e pela cultura o tempo inteiro. Às vezes, o interesse coletivo se sobressai ao individual de tal forma, que nossas ambições e reais interesses ficam em segundo plano.
A velocidade com que surgem novidades tecnológicas, bem como o fluxo com que as informações circulam, formam um cenário de constante cobrança de rendimento e aperfeiçoamento. Trata-se de uma perene sensação de insegurança, que nos consome e obriga a fazer tudo de forma quase automática. Projetos paralelos, horas extras, cursos de especialização: tudo isso nos dá uma breve sensação de alívio de estarmos nos destacando, até que uma nova onda de insegurança apareça.
Até pouco tempo um diploma universitário era quase garantia de um bom emprego. Atualmente a impressão que temos é de que precisamos sempre fazer um pouco mais todos os dias. E será que isso é mesmo necessário?
A verdade é que vivemos hoje num paradigma quantitativo. O “mais” acaba se tornando mais visado do que o “melhor”. Estamos a todo instante imersos em um número muito maior de atividades, cobranças e projetos do que somos capazes de administrar ou desfrutar.
Até mesmo campanhas políticas têm dado grande ênfase às estatísticas e aos números. Ninguém se preocupa com qual projeto melhorou ou qual foi restaurado. O que chama a atenção é o número de obras e a quantidade de empregos gerados (ao invés de aumentar a qualidade dos que já existem, de modo a evitar as constantes greves e más prestações de serviço, etc).
Para ilustrar esse pensamento imagine um americano indo passar férias no México, aonde lá se depara com um mexicano que, deitado em uma rede, brinca com o filho pequeno e espera clientes para vender uns poucos peixes que pescou naquela manhã. Após observar a qualidade dos peixes e o baixo preço, o americano chama a atenção do mexicano perguntando por que ele não pescava mais tempo e subia o preço de seus produtos. Curioso, o mexicano ouve a exposição do americano. Este segue seu raciocínio:
- Veja bem, assim você poderia acumular capital de giro, conseguir um empréstimo, aumentar sua linha de produção contratando funcionários e comprando barcos. Com alguma sorte daqui a alguns anos você seria um poderoso e rico magnata do mercado de pesca.
Ainda bastante interessado o mexicano pergunta:
- Entendo. Mas por quê?
- Para ser rico!
- Pra que ser rico?
- Ora, para daqui a muitos anos você poder se deitar numa rede, não precisar trabalhar quase nada e aproveitar sua família!
Moral da história: quando for mergulhar em algum projeto de vida, saiba bem o que o motiva e se aquilo lhe fará feliz. Dinheiro é um objetivo clássico e que sem dúvida abre portas, desde que a pessoa o tenha por conseqüência de algo que gosta e a faz sentir bem.
Imagine agora um ganhador da mega sena acumulada. No primeiro dia será a pessoa mais feliz do mundo. Ao fim da primeira semana ainda estará em estado de graça. Mas ao final do ano, provavelmente estará adaptado a sua nova realidade, com um carro importado na garagem, uma casa enorme e com o paladar refinado de tanto ir a bons restaurantes. A partir daí essa pessoa irá procurar novos objetivos de vida, seja ganhar mais dinheiro investindo o que ganhou, ou irá procurar resolver sua vida profissional, familiar, pessoal, etc.
Não há uma fórmula para felicidade. Mas nem por isso devemos preencher nossos dias com rotinas que não nos empolgam, ou que não tenham qualquer tipo de atrativo. Não é necessário que a pessoa adote um estilo de vida liberal ou de busca incessante pelo prazer (que invariavelmente acaba sendo efêmero). O hedonista vive a busca pela felicidade aos moldes do carpe diem (expressão latina que significa aproveite o dia, ou seja, curtir cada instante intensamente), mas é ingenuidade pensar que um estilo de vida ou outro traz mais felicidade. No fim, o que importa é a pessoa refletir sobre sua própria vida e traçar seus próprios passos, não deixando para alguém nem nada lhe dizer como ser feliz.
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