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Resumo:
A iniciativa privada não se ocupa da justiça e da igualdade social, haja vista, que para ela, o que importa é geração de lucros e crescimento.
Texto enviado ao JurisWay em 22/01/2018.
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A película, as Sufragistas, conta a história, em uma época na qual igualdade de salários, representatividade e respeito figuravam entre os principais objetos de luta das mulheres, que, freqüentemente, eram taxadas de “exageradas” pelos homens da época.
A película faz um recorte de uma das campanhas do movimento sufragista, encampado por mulheres da Inglaterra e dos Estados Unidos para garantir o sufrágio (direito ao voto em eleições políticas). Cansadas de protestar pacificamente e ouvir não dos homens que lideravam o país, as mulheres partem para a desobediência civil, sendo brutalmente reprimidas pela polícia.
Violência física e sexual; condições de trabalho análogas a de escravos, haja vista, precárias condições laborais, ausência de equipamentos de segurança, assédio sexual, salários discrepantes ao que recebia um homem em igual função, e ainda, jornadas de trabalho de até dezesseis horas por dia, aliadas ao fato de que crianças na mais tenra idade, eram submetidas a trabalho nas condições supra.
Não obstante, as mulheres, a época, não eram consideradas aptas a exercer o direito ao voto, (luta política do filme), haja vista, que a sociedade da época, eminentemente patriarcal, entendia que as mulheres não detinham capacidade emocional para decidir sobre os destinos da sociedade.
O choque que visita o telespectador, é que esta luta foi real, verdadeira e legitima, e continua sendo uma bandeira nos dias atuais, consoante a marcha que ocorreu recentemente, (21/01/2018). Manifestantes se reuniram em vários continentes, em cidades como Londres, Paris, Sydney, Madrid e Buenos Aires. Os eventos culminaram com o evento de Las Vegas, que lançou um esforço para registro de 1 milhão de eleitores em um ano de eleições legislativas nos Estados Unidos. Mulheres foram estimuladas a se registrar não apenas como eleitoras, mas também como candidatas, encerando um fim de semana de manifestações globais com a promessa de continuidade das iniciativas que cobram igualdade, justiça e o fim do assédio sexual.
Diante deste cenário, existem ainda, aqueles que acreditam que o Estado não deve se imiscuir nas relações trabalhistas, acreditando, em um devaneio, que o "Mercado", ou seja, a iniciativa privada tem a capacidade de se regular autonomamente.
A iniciativa privada não se ocupa da justiça e da igualdade social, haja vista, que para ela, o que importa é geração de lucros e crescimento, ano após ano, sendo que para tanto, por vezes, diante de uma crise ou condições adversas, uma das ferramentas utilizadas é a precarização das relações de trabalho, conforme observa-se pela recente lei da terceirização no Brasil, (Lei nº 13.429/2017), bem como, a reforma trabalhista).
No caso da lei de terceirização, houve a incoerente utilização da máquina legislativa, (Estado), a fim de precarizar as relações de trabalho. Ou seja, a iniciativa privada, (Neo liberalismo), não apenas exige a ausência do Estado, mas influencia os processos legislativos para que sejam editadas leis, garantindo a ausência dos direitos conquistados a preço de sangue por indivíduos que marcharam em prol da igualdade no passado.
Vê-se, portanto, que a luta de outrora é mais urgente do que nunca. É urgente, porque, visa assegurar os direitos conquistados no passado, visando avançar em direção de condições mais justas e igualitárias no futuro. No entanto, nós, brasileiros, vivemos abstraídos da nossa obrigação com relação à luta por melhores condições de vida.
Estamos embriagados pela miséria cultural que nos constitui: (dramas de novelas “pornografia implícita” e músicas de baixa perspectiva intelectual que incitam a sexualidade), que levam a criatura humana a se alijar emocionalmente na luta constante entre as necessidades efêmeras do sexo, e a racionalidade, que tende a nos tanger para fins mais nobres. Aliados a necessidade constante de angariar o sustento, (garantir o pão de hoje), e a ausência do hábito salutar da leitura, fazem do brasileiro uma massa de manobra volátil, que pode ser manipulada a qualquer tempo e para qualquer lado, assumindo a forma que o "Mercado" deseja.
No Brasil, dizia Darcy Ribeiro, “A precária educação, é um projeto de desconstrução, com início, meio e fim, que percorre todos os vãos da vida nacional”, se concentrando na inviabilização do futuro do país.
Eis uma das ferramentas da iniciativa privada, através de suas Agremiações Associativas; se imiscuir nos processos legislativos, (o que os cidadãos não fazem), para que sejam editadas leis que assegurem a não participação do Estado nas relações de trabalho, ou, de outra forma, que a participação do Estado seja mínima ao ponto de que os diretos trabalhistas não possam ser exercidos, (acordo entre as partes com força de texto de lei, consoante reforma trabalhista).
Portanto, vê-se com tristeza, que o cenário é de uma população que não detém capacidade de pensar questões de grande sensibilidade para o futuro da humanidade, pois, para voltarmos aos tempos em que mulheres e crianças não tinham direitos, basta que se altere o modelo de sociedade.
Ora, A criatura humana que nasce hoje, é biologicamente, a mesma criatura humana que nascia a cem anos atrás. O que mudou, foram às perspectivas sociais, por este motivo, é necessário, não deixarmos que o retrocesso nos alcance, sob pena de sermos catapultados para um cenário análogo ao passado, em que a voz e as necessidades das pessoas comuns eram abafadas pela necessidade do "Mercado".
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