Na realidade, para Ronald Dworkin, a verdadeira celeuma que envolve o aborto não é a titularidade de direitos do feto. Aliás, segundo o autor, nem mesmo vários dos partidários desse discurso realmente acreditam nele[3]. A Igreja Católica, por exemplo, que atualmente pauta sua atuação "pró-vida" no argumento dos direitos do nascituro, mudou recentemente seu posicionamento, que durante séculos foi calcado na santidade da vida humana. E esse seria, na visão de Dowrkin, o verdadeiro elemento central de toda a discussão.