Não constitui exagero afirmar que a descriminalização do aborto constitui um dos temas mais controversos da atualidade. Trata-se, aliás, de uma discussão marcada por posturas de intolerância, cujos maiores expoentes, em geral, são os grupos religiosos, em especial a Igreja Católica ("pró-vida"), de um lado, e o movimento feminista ("pró-escolha"), de outro. Dentre esses pólos, pode-se identificar inúmeras posições intermediárias, que admitem determinadas exceções ao seu posicionamento moral geral. Assim, não espanta a possibilidade de um católico praticante admitir o aborto em situações em que a gravidez coloca em risco a vida da gestante, ou de uma feminista condenar a eliminação da vida intra-uterina por uma jovem que, simplesmente, não quer ficar com uma aparência de "gorda", ou tem medo de não retomar a mesma forma física.