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A CONQUISTA DA CONSCIÊNCIA & A CONSCIÊNCIA DA CONQUISTA


Autoria:

Sebastião Fernandes Sardinha


Bacharel em ciências jurídicas pela UGF, pós-graduado em Docência do Ensino Superior pelo IAVM/UCAM, Gestão Estratégica pelo IAVM/UCAM, Sociologia, Política e Cultura pela PUC-Rio - Professor Universitário

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Resumo:

O compromisso histórico de determinado grupo social, marca a trajetória no decurso dos fenômenos sociais que se apresentam incidental e acidentalmente a partir do reconhecimento do outro.

Texto enviado ao JurisWay em 17/09/2010.



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A CONQUISTA DA CONSCIÊNCIA

&

A CONSCIÊNCIA DA CONQUISTA

           

Sebastião F. Sardinha

 

            Os proclamos de uma revolução social invocam muitos conceitos em torno dos quais devem se debruçar o maior número de atores, compreendendo emissários de todos os setores.

            Mas a conquista da consciência por determinado grupo societário não é um fim em si mesmo a considerar que o dito grupo social, para fazer valer tal patrimônio, deverá ter a plena consciência desta conquista para personificar o envidamento nos esforços político-sociais que possam justificar tal conquista.

            O compromisso histórico de determinado grupo social, marca a trajetória no decurso dos fenômenos sociais que se apresentam incidental e acidentalmente a partir do reconhecimento do outro.

            O Brasil é estigmatizado pelo ranço do copismo oportunista que preenche as taças dos eventos acontecidos ou construídos pelas forças oligárquicas, antes mesmo do Brasil - colônia.

            Octávio Souza (1994) afirma que a história brasileira é marcada por constantes tentativas de demarcação dos nossos traços identificatórios, sendo que podemos acompanhar, ao longo da vida intelectual nacional, a constituição de uma tradição, marcada pela emergência constante de movimentos voltados à busca da identidade nacional.

            A primeira grande confusão se dá em torno da noção de patrimônio nacional e patrimonialismo.

            As práticas sociais são desde muito inquinadas do vício do favor, entre protegidos e protetores, guardando a falsa impressão de segurança.

           

 

 

 

 

 

            A confusão entre o público e privado tem suas raízes na decadência do império romano subjugados pelos germânicos invasores.         Na península ibérica agasalhou-se na construção do Estado Português para perpetuar a pratica do patrimonialismo, onde o Rei, senhor da terra e seus limites, barganhava a logística de água e alimentos e troca da segurança contra os mulçumanos e bárbaros do norte (germânicos).

            O Brasil é um país marcado pelas promessas não cumpridas, levando o povo a desacreditar nas futuras ilações e olhar com desconfiança e ceticismo aqueles que mascateiam a oportunidade de “ser a sua voz lá dentro do poder”.

            Por outro lado, arraiga-se no seio do brasileiro a prática nefana do “toma lá dá cá” com forma compensatória da alienação dos valores nunca alcançados.

                        Arraigou-se na página brasileira a máxima da suportabilidade marginal, daquele que “finge que ensina e o educando finge que aprende” visando a manutenção da paz escolar. Este expediente gerou outra prática ainda mais nefasta, que é a rotinização do modelo. O funcionalismo educacional e social transformou os brasileiros em nada, objetos sem consciência e vontades viciadas, rebuscando apenas as questões envolvendo valores na escala mais baixa da pirâmide social, dando criação à máxima do “trabalhar para viver e viver para trabalhar”. Desmarcou-se do espírito social aos princípios basilares para o desenvolvimento de uma Nação.

                        Abdicou o povo em nome do Estado todos os sonhos possíveis a um ser socialmente civilizado, tais como os anseios de uma moradia, melhor alimentação, saúde, e escolarização.

                        A “culpa é do governo” - “é problema do governo” esbravejam os incautos eleitores, na década de 30 embriagados pelo getulismo.

                        O que no Brasil deveria ser considerado um Direito, é transformado em dádiva por conta dos expedientes ibéricos experimentados desde o Brasil – colônia. A burocracia que deveria ser elemento de acesso do estado à população foi transformada em instrumento de entrave das mínimas reivindicações humanas, criando a figura do “carimbo” e do “cartório”, sendo este último o bunker das velhas práticas coloniais em pleno século XXI.

                       

 

 

            Bobbio,(1986) repaginado por Mériti de Souza(1999), apregoava que as teorias da razão de Estado originavam dois fenômenos diversos, porém complementares. O primeiro diz respeito ao “poder oculto ou que se oculta”, que compreende pó tema do segredo de Estado e, o segundo, diz respeito ao poder que “oculta” e compreende o tema da mentira lícita e útil.

            Os escolanovistas sustentavam que aprender é uma atividade de descoberta. A aprendizagem é uma construção subjetiva do conhecimento.

            Assim o reiterado enxágüe de informações incutidas nos educandos não é a garantia do efetivo aprendizado e muito menos da importância consciencial do que aqueles símbolos e fatos representam. É necessário que o preceptor também acredite nas informações transladadas. Sem o crédito consciencial, tudo não passará de um amontoado de anotações que ao final do período apenas servirá para apoiar uma mesa ou uma cadeira manca, até a primeira enchente o desfaça.

            Assim é a Educação no Brasil, os educandos são doutrinados a RESPONDER, quando o escorreito seria, como é: PERGUNTAR. Pois este último sempre passa a impressão de fragilidade cognitiva. Já RESPONDER reflete aos menos avisados, a demonstração de força, poder de enfrentamento, coragem (de que?).

            Desta maneira no Brasil, não se estuda, vivemos à procurar RESPOSTAS, ao invés de QUESTIONAR!

            A sacralização da Instituição – EDUCAÇÃO- transformou-a em objeto  de maniqueísmo dos poderosos revelando o distanciamento entre o poder criativo erupido da atividade de ensino-aprendizagem para formular “perfeitas” elaboradas por figuras institucionais erigidas como prepostas do Estado, quando na verdade este mesmo Estado é apenas um repassador de doutrinas alienígenas que visam anular o conflito nascido do conhecimento, tornando sem sabor a negociação, a colaboração e a conscientização de proteção do próprio território escolar.

            Identificar e classificar os fins do trabalho docente é providencia necessária para a construção de uma filosofia da educação que importe aos educando a construção da consciência do saber.

            É pacífico que a Escola compõe um cenário de conflitos, traçando a violência simbólica de Pierre Bourdieu, com um quadro burocrático rígido sem desperdiçar sua essência anárquica, donde se origina o autêntico conhecimento.

            Porquanto os atores que compõem o quadro da educação no puro exercício diário em nada apresentam de harmônicos entre si. Os educandos se opõem aos pais que querem vê-los na Escola, (por vezes muito mais para verem-se livres, do que para aprenderem para a vida).

             Encarcerados na “Cela de Aulas”, o educando inicia a segunda de muitas batalhas do dia, inicialmente com o Docente e em ato contínuo contra as condições rotineiramente precárias da logística escolar (salas inadequadas, cadeiras ergonomicamente irregulares, livros ultrapassados), e eventualmente é submetido ao bulling por outros pares.

            O Docente diariamente encara simultaneamente duas frentes de conflitos: Os pais despachantes e os outros profissionais da educação, cognominados por Claus Off de  - oprimidos  - que revoltados procuram a qualquer custo demarcar seus territórios à custa dos trabalho do Professor, seja na coordenação à serviço do sistema, como na supervisão em visibilidade a sanha burocrática de Max Weber.

            Os pais despejam no Docente toda idiossincrasia social, desejando acreditar que a independência ou dependência financeira e profissional é mais importante que a formação da cidadania de seus filhos.

            Acham-se competentes para dirigir grandes empresas com milhares de empregados, mas fazem pouco da educação de seus poucos filhos. Desacreditam da experiência domiciliar como ponto forte na formação do caráter dos educandos, como base estruturante da própria família.

            Os “outros” profissionais da Educação, buscam por todos os meios e formas, o engessamento do trabalho docente sob a ótica da dinamização e otimização da massa escolar.

            O artesanato intelectual é visto como algo fora de moda, longe do trilhos da modernidade educacional.

            È puro sofisma acreditar que os livros gestados nas linha de produção ao modo tayloriano, construirá o saber de uma nação.

            A atividade hegemônica imprimida através do utilitarismo educacional constituirá certamente um exército de treinados, mas nunca de cidadãos.

            A docência não pode ser relegada a uma atividade periférica, sob pena de transformarmos o Estado-nacional brasileiro num grande curral.

           

            Assim Maurice Tardif e Claude Lessard, (2005) indagam:

 

                                           Qual é o lugar da docência e qual o significado do trabalho dos professores em relação a esses postulados e ao ethos que eles impõem? Fundamentalmente, o ensino é visto como uma ocupação secundária ou periférica em relação ao trabalho material e produtivo. |A docência e seus agentes ficam nisso subordinados à esfera da produção, porque sua missão primeira é preparar os filhos dos trabalhadores para o mercado de trabalho. O tempo de aprender não tem valor por si mesmo; é simplesmente uma preparação para a “verdadeira vida”, ou seja, o trabalho produtivo, ao passo que, comparativamente a escolarização é dispendiosa, improdutiva ou, quando muito, reprodutiva. Pag.17

                                          

            Na verdade o trabalho docente constitui um das chaves para a compreensão das transformações atuais das sociedades do trabalho

(Tardif, 2005).

            O conhecimento adquirido através das experiências escolares é produto de construção abstrata, imaterial que contribuirá inexoravelmente para a efetiva invenção de riquezas materiais.

            O trabalho produtor de bens materiais apresenta queda livre em todas as sociedades desenvolvidas, deixando para os países periféricos a produção seriada (maquiladores) via linhas de montagem.

             

           

 

            A complexidade da sociedade atual deu oportunidades à fragmentação da atividade educacional, de modo a torná-la universal e administrável.

            Sob este signo o capitalista, segmentou a atividade docente em profissões secundárias (apoio escolar), intermediárias (supervisão e coordenação), possibilitando um estratégico distanciamento do Professor levando à fragilização da relação laboral. No interior da própria classe docente, nasceu outra: a do professor sobrante e dos horistas, transformados em verdadeiros prostitutos da atividade professoral.

            O declínio da produção intelectual foi ofuscado pelos malabarismos estatísticos do volume alcançado junto à massa estudantil somados ao natural acomodamento ignóbil destes mesmos estudantes

            A melhoria da condição humana a ser alcançada pela educação, foi substituída pela ilusão do consumo barato de produtos construídos com mão de obra semi-escrava ou presidiários nos países periféricos.

            Convenhamos formar consciências e determinar suas conquistas aos educandos, é um trabalho hercúleo para os docentes panglossianos, sendo necessária a intervenção do poder central na construção de políticas públicas capazes de soerguer a escolarização de qualidade, tudo isso sob a contribuição da sociedade civil organizada. Países com a Irlanda, Corea do Sul, são exemplos positivos desta reação proativos ao ensino de qualidade.

            Por outro lado são cenários a serem construídos em pelo menos uma geração de educandos. Qualquer firula imediatista será mero devaneio decorrente da politicagem patrimonialista que habita as hostes do poder.

            Ora, a escolarização repousa basicamente sobre interações cotidianas entre os professores e os alunos. Sem essas interações a escola não é nada mais que uma imensa concha vazia. Mas essas interações não acontecem de qualquer forma: ao contrário, elas formam raízes e se estruturam no âmbito do processo de trabalho escolar e, principalmente, do trabalho dos professores sobre e com os alunos. (Tardif, 2005, pag.23).

            O alijamento             da atividade docente como peça fundamental da estruturação do ensino é um grande equívoco do capitalismo, considerando que o aumento do poder aquisitivo da população trabalhadora e consumismo estão na razão direta de sua escolarização.

 

            Os argumentos acima podem parecer cair por terra, em face do acelerado crescimento  populacional, (principalmente nos países periféricos), que compensaria a queda da qualidade de compra. No entanto, a tendência dos produtos é se perenizar e se sofisticar cada vez mais. Alguns respondem as máquinas fazem. Mas quem construirá as maquinas?

           

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

             

           

           

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

           

           

 

Referências

Souza, Mériti de – A experiência da lei e a lei da experiência: ensaios sobre práticas sociais e subjetividades no Brasil- Rio de Janeiro- Revan; saão Paulo;FAPESP, 1999;

Souza, Octávio. Fantasia do Brasil: as identificações na busca da identidade nacional.São Paulo . Editora Escuta, 1994.

Tardif Maurice e Lessard, Claude. O Trabalho docente- Elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas (2005)Ed.Vozes

Palavras-chaves – identidade – Atlântico Negro

           

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

           

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