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Da histeria ao sadismo: a criminologia como perfil


Autoria:

Marcos Antonio Duarte Silva


Doutor em Teologia, Doutorando em Ciências Criminais e Mestre em Filosofia do Direito e do Estado(PUC/SP), Mestre em Teologia, Especialista em Direito Penal e Processo Penal(Mackenzie), Especialista em Filosofia Contemporânea; Especialista em Psicanálise, formação em Psicanálise Clínica, Psicanálise Integrativa e Psicanálise Análise e Supervisão Licenciado em Filosofia, formado em Direito,Jornalista, Psicanalista Clínico,Professor de Pós Graduação.

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Resumo:

Neste esfera se faz mister estender a questão como algo que vai além de se tratar apenas na psicanálise, uma vez que envolve um certo cunho de violência, que não sem perceber, pode se tornar em algo além do esperado comportamento social.

Texto enviado ao JurisWay em 26/03/2024.

Última edição/atualização em 10/06/2024.



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Elaine Cristina da Silva, Pós Graduada em Psicopedagogia Clínica, Pós Graduada em Administração Escolar, Graduada em Pedagogia, Psicanalista, Coordenadora Pedagógica e Orientadora Educacional.

Marcos Antônio Duarte Silva, Doutorando em Ciência Criminal, Mestre em Filosofia do Direito e do Estado; Especialista em Direito Penal e Processo Penal; Especialista em Filosofia Contemporânea; Especialista em Psicanálise Clínica; graduado em Teologia, Bacharel em Direito, Licenciado em Filosofia, Psicanalista Clínico e Integrativo, Jornalista e Professor Universitário.

RESUMO: Freud em seus estudos analisava a histeria como algo que provocava uma simbiose entre um aparente descontrole emocional, voltado a questão de sedução sexual, a busca pelo prazer desenfreado e também, uma forma de buscar a atenção para conseguir lograr êxito em sua empreitada que tinha como fim último o prazer; por evidência, o pai da psicanálise encontrou estudos de Charcort, que o levou a buscar mais fundo em sua pesquisa sobre o histerismo, combinando este fator com a questão sexual, por óbvio havia um fator traumático na questão em pesquisa que se encaminhou como o cerne do problema, não fugindo da sexualidade, muito vista nos desenrolar da pesquisa como fator principal e ulterior a chamada histeria o que leva a questão de verificar os limites do histerismo junto a sexualidade, trazendo à tona um outro fator encarado como sadismo, ou em outras palavras o prazer mórbido do despertar destes fatores não apenas para atrair parceiros, bem como é introduzido o sadismo como forma perversa para achincalhar seus parceiros, desprezando-os como se brinquedos fossem, sem demonstrar sentimento, arrependimento ou qualquer sentimento humano que transmita qualquer preocupação, mesmo que sexual ao atraído reportando suas mazelas, um dos nomes aplicado a tal situação é masoquismo, prática de imprimir dor ao parceiro e extrair disso prazer, fazendo uma leitura de outros escritores voltado para psicanálise, para um entendimento não restrito.  

PALAVRAS CHAVES: Histeria. Sadismo. Erótico.

ABSTRACT: Freud, in his studies, analyzed hysteria as something that provoked a symbiosis between an apparent lack of emotional control, focused on the issue of sexual seduction, the search for unbridled pleasure and also, a way of seeking attention in order to achieve success in his endeavor that his ultimate goal was pleasure; evidently, the father of psychoanalysis found studies by Charcort, which led him to look deeper into his research on hysterism, combining this factor with the sexual issue, obviously there was a traumatic factor in the research question that became the core of the issue, not running away from sexuality, often seen in the course of the research as the main factor and subsequent to the so-called hysteria, which leads to the question of verifying the limits of hysterism along with sexuality, bringing to light another factor seen as sadism, or in other words the morbid pleasure of awakening these factors not only to attract partners, as well as sadism is introduced as a perverse way to tease their partners, despising them as if they were toys, without showing feeling, regret or any human feeling that conveys any concern, even if it is sexual to the attracted person reporting their ailments, one of the names applied to such a situation is masochism, the practice of inflicting pain on the partner and extracting pleasure from it, reading other writers focused on psychoanalysis, for a non-restricted understanding.

KEYWORDS: Hysteria. Sadism. Erotic.

 

Sumário: 1.Introdução; 2.A histeria retrato histórico; 3.O sadismo como fator preponderante; 4.O sadismo expresso no masoquismo; 5.A criminologia e o sadismo criminoso e Considerações Finais.


1.    Introdução

   Já vem de longe o comportamento histérico anotado por estudiosos, que o percebiam, porém, não compreendiam sua dimensão nem tampouco a importância de tratamento, com isto em mente, a condição era entender tão somente como o sexo irregular, poderia ocasionar tal fenômeno para tentar manter o equilíbrio humano sem ascender a crise mais aguda ou crônica desta questão.

   A medida que o tempo vai avançando e a singularidade do caso vai se tornando frequente, e a receita vai se esgarçando, percebe-se não tratar-se de um problema qualquer, necessitando de um acompanhamento próximo e de estudos mais profundos.

   Eis que surge Freud que aceita o desafio e começa incessantemente o estudo e a perseguir a questão com frequência, através de casos que lhe são trazidos e acompanhados com interesse distinto.

   Dentro desta linha, há de se falar de Charcort, que através de estudos e pesquisas também trabalhou e muito, vendo casos de histeria e, aqui é importante ser dito que havia neste período uma certa interpretação falha, sobre quem era ou não histéricos, incluindo de forma errônea, epiléticos, entre outros destacando interpretações preliminares ausentes de um acompanhamento mais preciso.

   Além disso, se faz necessário uma leitura de Lacan, para fazer uma pesquisa não apenas baseada nas premissas de um autor, porém, encontrar também contemplando, o contraponto que pode levar a uma visão um pouco mais próxima do estudo desejado, sem perder o foco, da proposta inicial.

   Nesta senda urge a necessidade de se purgar a filosofia como afluente do pensamento psicanalítico moderno, para ampliar a forma de enxergar a teoria perseguida e buscar uma resposta satisfatória a proposta inicial.

   No arcabouço da filosofia, linha muito contributiva da psicanálise, haverá um forte impacto, uma vez haver uma paridade muito rica, entre psicanálise e filosofia, principalmente na questão da fenomenologia bem como método, duas contribuições preciosas, que se poderá verificar na escrita do texto e seu rigor filosófico.

   Neste esfera se faz mister estender a questão como algo que vai além de se tratar apenas na psicanálise, uma vez que envolve um certo cunho de violência, que não sem perceber, pode se tornar em algo além do esperado comportamento social, pode e acontece se transformar em crime, fazendo parte também do estudo da criminologia, uma vez que desencadeia uma série de oportunidades para extravasar um descontrole sem medida.

   Então perceber que este comportamento pode e deve ser observado sobre outra lente faz todo o sentido, pois no que tange a sociedade, este comportamento sem freio é perigoso, ameaça a estabilidade social, além de trazer descontínuo desconforto, para aqueles que viram vítimas destas pessoas com sede do chamado “prazer”.

    O termo usado, vem laureado de aspas por ser quase uma ironia em se tratando de produzir alguma sensação de conforto, pois não gera a proposta do termo, e sim, uma disfunção muito próxima do engodo.

   Além destes, haverá uma pincelada indispensável em Laplanche, como contraponto aos escritos de Freud, sem contudo, aprofundar a questão uma vez ser esta uma análise, de propostas a questão suscitadas; externando a questão da criminologia, tema afeto a questão quando levado a última consequência deste ato.


2.    A histeria retrato histórico

   É de suma importância revolver a história e rever o que era naquele tempo considerado histeria, sua causa aparente, e seus efeitos apontados nos estudos de quem se permitiu abordar tal tema.

   No contexto histórico pode-se observar a ausência de aparatos mais precisos, para que, um exame mais minucioso fosse feito, contudo, vale ressaltar que mesmo diante deste quadro, as pesquisas eram conduzidas de forma empírica e em vários casos com resultados muito expressivos.

   O que era histeria naquele tempo? De que parte do corpo se podia se observar seu início?

   Da ótica de pesquisa e também procedimento, percebe-se que o assunto tratado em tela, traz uma discussão, dos primórdios até descobertas mais efetiva, apontando para real, dimensão do problema clínico, ao tratamento indicado, pela demonstração feita, pode-se observar, além dos indicativos, uma questão sumamente importante, a necessidade de tratamento, não perdendo de vista, o contexto histórico.

[...] parto da constatação de que a prática clínica revela a complexidade de uma situação que produz e é ao mesmo tempo produzida por um conhecimento que não se mostra claramente, a não ser que optemos por transformá-lo em tese, isolando-o, recortando-o da experiência vivida. Há aqui, a nebulosidade própria da relação do homem com o mundo e das relações intersubjetivas ou, até melhor, das relações interpessoais, que caracterizam a especificidade do campo de uma análise. (JUNIOR,2008, p.68).

   Neste ponto é bom entender a complexidade da proposta uma vez que atende uma gama muito discutível nas contemporaneidade.

   Apenas tão somente como indicador, a questão da pulsão usada e fortalecida, através de uma análise mais indicativa de Freud.

Ao considerarmos na histeria, a primazia do conflito e defesa de representações sexuais, não estaremos deixando de observar que o desejo sexual na histeria opera uma outra modalidade, que é modo de atualizar a insistente emergência da pulsão de morte nas suas mais variadas formas? (NAVES, 2007, p. 46).

   Esta ideia da pulsão relacionada a histeria, que busca seu escape nas mais variadas modalidades de sadomasoquismo e também no masoquismo, contribui com a construção da histeria sendo a razão da questão sexual.

   Construindo uma linha histórica é necessário citar o que contribui na esteira desta importante mudança no cenário histórico.

Entretanto, tendo em vista que grande parte de seus pacientes tinham doenças neuróticas (em especial, a histeria), os problemas clínicos despertaram cada vez mais sua atenção, principalmente aqueles referentes à psicopatologia. Em contraposição, as questões relativas à fisiologia e à anatomia foram perdendo consideravelmente importância para ele. Devido à sua insatisfação para com o conhecimento médico das neuroses, posteriormente Freud não apenas buscaria construir uma teoria geral sobre elas, mas também adquirir um vislumbre sobre a estrutura e funcionamento mental normal a partir daquilo que seria considerado "anormal" ou doença. Segundo Jones (1953/1989, p. 275), "a psicopatologia, percebeu ele, se tornaria uma via de aproximação para a psicologia geral e talvez a mais exequível" . (http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-62952021000100007)

   Como um importante campo de análise e buscando um entendimento nesta área de forma a compreender o que podia se produzir, nesta pesquisa a ser estabelecida, estava sem dúvida alguma, a referência de um estudioso profícuo como Freud.

   Não esquecendo da importância do Charcot, nesta primeira fase de estudos e observações, neste campo novo e muito promissor.

Uma figura importante para o estudo sobre a histeria foi o neurologista francês Jean-Martin Charcot (1825-1893). Para Freud (1956[1886]/1996), antes de Charcot a histeria (do grego ὑστέρα, que significa "útero") era entendida pela ciência como uma forma de simulação de pessoas do sexo feminino ou, ainda, uma perturbação uterina e uma doença relacionada à irritação genital - que poderia ser tratada através da extração do clitóris (JONES, 1953/1989). Além disso, na Idade Média era frequentemente descrita como "possessão demoníaca". Embora compreendesse que a sua etiologia se relacionasse a uma degeneração congênita do sistema nervoso, Charcot teve sua contribuição ao possibilitar a realização de um estudo sério dessa psicopatologia, além de assinalar sua relação com conteúdos psíquicos. (http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-62952021000100007).

   Por tratar-se de uma proposta de análise, pura, sem mensuração de eficácia, de efeito, de produtividade, mas tão somente a divulgação da compreensão da época, neste viés se apresenta o comentário acima, a título de produzir uma contextualização efetiva sobre o momento que se buscou este estudo.

   Com foco nesta narrativa histórica, se observa a maneira de oferecer tratamento, usando de critérios próprios para época, sem alçar alternativas variável, uma vez que a prática usual, do momento do estudo era estas ferramentas indicadas.

   Na senda produzida por Freud, ainda há uma certa concordância como se pode observar no comentário aqui disposto.

No artigo Histeria - que se trata de um verbete publicado por Freud na enciclopédia de Villaret -, de 1888, podemos observar o quanto ele ainda está aliado a essa visão de Charcot. Neste momento, ele concorda com a concepção de que a etiologia da histeria depende inteiramente da hereditariedade, mesmo que considere a existência de outras causas que possam desencadear essa psicopatologia. Em suas palavras, "comparados com o fator da hereditariedade, todos os outros fatores situam-se em lugar secundário e assumem o papel de causas incidentais, cuja importância quase sempre é superestimada na prática" (FREUD, 1888/1996, p. 86). Ibidem

   Cumpre observar que Freud ainda se encontra embebido, na aceitação, ainda que relativa do que Charcot estuda e vaticina, não encontrando uma oposição do pai da psicanálise, num primeiro momento.

   Outrossim, percebe-se, um avanço em uma ideia própria do psicanalista, sem aprouver no quesito de aceitação plena, como o texto em comento, pode afluir.

Entre essas causas, Freud (1888/1996) afirma, por exemplo, que a disposição histérica pode se desenvolver a partir de experiências infantis e influências educacionais - como "a criação cheia de mimos (histeria em filhos únicos), o despertar prematuro da atividade mental nas crianças, excitamentos frequentes e violentos" (FREUD, 1888/1996, p. 87) -, sem que, no entanto, sejam essenciais para a etiologia da histeria, já que poderiam também "produzir" outros tipos de neuroses, de acordo com a disposição hereditária. Além disso, outros fatores poderiam fazer irromper uma doença histérica, tais como "trauma, intoxicação (chumbo, álcool), luto, emoção consumptiva - tudo, enfim, capaz de exercer um efeito de natureza prejudicial", ainda que, prossegue, "em outras ocasiões, os estados histéricos muitas vezes são gerados por causas banais ou obscuras" (FREUD, 1888/1996, p. 87). Ibidem

   Se faz mister indicar que Freud, acabou por aceitar a ideia primal de que a hipnose, poderia ser um caminho a ser trilhado nesta investigação, sobre histeria, no primeiro momento.

O tratamento direto consiste na remoção das fontes psíquicas que estimulam os sintomas histéricos, e isto se torna compreensível se buscarmos as causas da histeria na vida ideativa inconsciente. Consiste em dar ao paciente sob hipnose uma sugestão que contém a eliminação do distúrbio em causa. [...] O efeito até se torna maior se adotarmos um método posto em prática, pela primeira vez, por Joseph Breuer, em Viena, e fizermos o paciente, sob hipnose, remontar à pré-história psíquica da doença, compelindo-o a reconhecer a ocasião psíquica em que se originou o referido distúrbio. Esse método de tratamento é novo, mas produz curas bem-sucedidas, que, por outros meios, não são alcançadas. É o método mais apropriado para a histeria, justamente porque imita o mecanismo da origem e da cessação desses distúrbios histéricos. [...] O tratamento psíquico direto dos sintomas histéricos ainda será considerado o melhor no dia em que o entendimento da sugestão tiver penetrado mais profundamente nos círculos médicos (Bernheim - Nancy) (FREUD, 1888, p. 93).

   O próprio Freud afirma, O tratamento psíquico direto dos sintomas histéricos ainda será considerado o melhor no dia em que o entendimento da sugestão tiver penetrado mais profundamente nos círculos médicos (Bernheim - Nancy) (FREUD, 1888, p. 93), ou seja, não havia até então descoberta, observação, ou mesmo estudo que pudesse, tratar do problema, de maneira a atingir o objetivo maior, a cura para o caso, pode se dizer que o oferecido é apenas, um pensamento preliminar, sem estar estanque para futuras descobertas que pudessem de fato, alcançar a cura.


3.    O sadismo como fator preponderante

      O sadismo atravessa, da fronteira do imperativo, se decantando, no masoquismo, preponderantemente, afinal, há uma visível extensão entre um elemento e outro, para que um exista, o outro se estabelece, a priori, o sadismo existe para que o masoquismo seja preponderante, assim, um depende do outro para atingir o máximo de sua existência.

O redirecionamento contra a própria pessoa se torna plausível se considerarmos que, afinal, o masoquismo é um sadismo voltado contra a sua pessoa e que o masoquista compartilha o gozo implicado na agressão contra sua pessoa e que o exibicionista se compraz com seu desnudamento. O essencial nesse processo é, portanto, a troca de objeto sem alteração da meta. (FREUD, 1915 p.152)

   Desta feita é possível imaginar que o sadismo, tem em sua congruência, a estrutura consolidada, através do elemento sadismo, para conquistar o que se relaciona com o masoquismo.

   Em uma composição estreita com a histeria, o sadismo oferece como par o masoquismo, transmitindo com isto, além de sua necessidade lateral, um tecido, oportuno para tal condição.

   Considera-se o masoquismo, como um fenômeno etéreo, que busca exclusivamente seu prazer, sem sequer importar com o prazer do parceiro, isto causando dor, desenvolvendo uma afeição/conduta, que promova uma dependência química, muito forte, praticamente dominando seu objeto de prazer, tão assustadoramente forte, que fica muito difícil, sair desta teia emaranhada de vício/dependência irresistível.

   Neste relacionamento/dependente, a passividade impera tão completa, que não se pode observar naquela pessoa/objeto de prazer sua personalidade, pois está plenamente dominada pelo seu dominador/relacional.

   Na estreita compreensão deste fator decisivo, verifica-se.

Se, no cenário sádico, o prazer está no sujeito e o desprazer no objeto, a introjeção deste último e sua integração numa instância da personalidade (ego) teria como resultado uma interiorização do conjunto da cena, explicando facilmente o paradoxo do masoquismo: o masoquista não gozaria senão por sua identificação fantasmática com o pólo ativo da cena. (LAPLANCHE, 1985 p.107).

   O aprofundamento desta questão imperativa, demonstra em sua constante, que há entre sádico e masoquista uma linha muito tênue, afinal, o sádico reafirma sua condição na sua homilia de causar dor, ferir, de fustigar, trazendo um prazer inolvidável a si próprio, enquanto o masoquista, promove a dor, como forma de escape a seus sentimentos inferiores, seus complexos.

   Nesta toada, se faz imperativo citar Freud, mesmo, sendo Laplanche, oposto a sua ideia primal.

Uma continuação do sadismo que se volta contra a própria pessoa, que com isso assume, para começar, o lugar do objeto sexual. A análise clínica dos casos extremos de perversão masoquista mostra a colaboração de uma ampla série de fatores (como o complexo de castração e a consciência de culpa) no exagero e fixação da atitude sexual passiva originária (FREUD, 1974, p.160).

   A contribuição de Freud resta suspensa, sendo de sua pena a ideia de “perversão”, um construto importante na sociedade contemporânea, ao que aporta, todo um estudo voltado para a ciência comportamental, usando deste conceito simbiótico uma proposta de avaliação mais conservadora, porém eficaz.

   Surge desta espécie de aforismo, a chamada pulsão sexual, derivada, da pulsão da morte, clássica teoria dos escrito freudiano, que orienta-se, através desta senda, usando a expressão mais contundente para este assunto sexualizado.

Parece haver confirmação do ponto de vista de que o masoquismo não é a manifestação de uma pulsão primária, mas se origina do sadismo que foi voltado contra o eu — ou seja, por meio de regressão de um objeto para o ego. Pode-se ter como certo que as pulsões com propósito passivo existem, particularmente entre as mulheres. A passividade, contudo, não é a totalidade do masoquismo. A característica do desprazer também pertence a ele — um desconcertante acompanhamento para a satisfação de uma pulsão. A transformação do sadismo em masoquismo parece dever-ser à influência do sentimento de culpa que participa do ato de recalque. Assim, o recalque opera, aqui, de três modos: torna inconscientes as conseqüências da organização genital, obriga essa organização a regredir ao anterior estádio sádico-anal e transforma o sadismo desse estádio em masoquismo, que é passivo e novamente, num certo sentido, narcísico (FREUD, 1974, p.241-242).

   No texto em comento, fica claro que o EU, EGO e SUPER EGO, surgem para trazer solidez a questão suscitada por Freud, não tangenciando, contudo, produzindo algo com dimensões muito efetiva, tratando de um tema que tem prospectado toda a humanidade, a vida sexual, trazendo nesta ideia, o que vem a ser sadismo submergindo no masoquismo, voltado para pulsão sexual, analisando uma certa culpa sentida, trazendo à baila o ato de recalque, bem como um certo narcisismo.

   E para melhor clareza do pensamento de Freud, se faz importante citar como é sua compreensão na questão sadismo versus masoquismo.

A libido tem a missão de tornar inócua a pulsão destruidora e a realiza desviando essa pulsão, em grande parte, para fora — e em breve com o auxílio de um sistema orgânico especial, o aparelho muscular — no sentido de objetos do mundo externo. A pulsão é então chamada de pulsão destrutiva, pulsão de domínio ou vontade de poder. Uma parte da pulsão é colocada diretamente a serviço da função sexual, onde tem um papel importante a desempenhar. Esse é o sadismo propriamente dito. Outra porção não compartilha dessa transposição para fora; permanece dentro do organismo e, com o auxílio da excitação sexual acompanhante acima descrita, lá fica libidinalmente presa. É nessa porção que temos de identificar o masoquismo original, erógeno (FREUD, 1974, p.204).

   Freud, apresenta como funciona o sadismo, organicamente e também o masoquismo, não se opondo, porém, se lucubrando-se de maneira a construir as duas questões no mesmo bojo, sem contudo, misturar de forma bem definida o que representa cada uma sem contanto, deixar de evidenciar sua potência orgânica.

   Ainda nesta mesma esfera, busca-se a verticalização definidoras dos temas que não são distintos, muito pelo contrário, são potencializadores um do outro, destacando-se na distinta composição.

As observações clínicas nos conduziram, naquela ocasião, à concepção de que o masoquismo, a pulsão componente complementar ao sadismo, deve ser encarada como um sadismo que se voltou para o próprio ego do sujeito. Mas, em princípio, não existe diferença entre uma pulsão voltar-se do objeto para o ego ou do ego para um objeto, que é o novo ponto que se acha em discussão atualmente. O masoquismo, a volta da pulsão para o próprio ego do sujeito, constituiria, nesse caso, um retorno a uma fase anterior da história da pulsão, uma regressão. A descrição anteriormente fornecida do masoquismo exige uma emenda por ter sido ampla demais sob um aspecto: pode haver um masoquismo primário, possibilidade que naquela época contestei (FREUD, 1974, p.75).

   O contexto histórico coloca de novo o estudo em uma formalidade muito propositiva, sendo que a análise, mesmo não completa, busca trazer em sua variante a junção do pensamento decorrente da necessidade vital de aperfeiçoamento do todo, bem como, distinguir, o sadismo do masoquismo, numa estreita relação de simbiose, o que distingue e muito, a melhor versão proposta, sendo insidiosa sua consequente sugestão.


4.    O sadismo expresso no masoquismo

   A posteriori, ao verificar Freud dentro desta temática é possível perceber sua compreensão que o sadismo aflui para o masoquismo, em sua plêiade, pois, combina elementos expostos dentro de seu cerne, criando simbiose transformando, em um só comportamento de pulsão sexual.

A aplicação sistemática da análise demonstra que as fantasias de espancamento tem um desenvolvimento histórico que não é, de modo algum simples, no decorrer do qual são mais de uma vez modificadas em aspectos no que diz respeito à relação com o autor da fantasia e quanto a seu objeto, conteúdo e significado. (FREUD, 1919, p.200, vol XVII).

   A violência associada a prática de fantasia através do castigo físico, demonstra a constante no caminhar do sadismo e masoquismo, não se desassociando da premissa do espancamento (ou outra variável) com contornos violentos.

   No texto citado, Freud no ano de 1919, escreve: “Uma criança é espancada. Uma contribuição ao estudo da origem das perversões sexuais.” A análise se baseia, das cenas e fantasias de espancamento desenvolvida no contorno do infantil, surgidas na primeira infância, paralelas as vicissitudes pulsionais com caráter sádico e masoquista, regularmente encontradas em pacientes em análise. Desta feita o ambiente no plano psíquico para além da vivência da criança e sua rotina, neste aspecto específico nas leituras dos contos infantis e na conduta geradora de educação imposta a criança e também as crianças a sua volta.                         

   Este exemplo expõe a linha mestra conduzida por esta análise, afinal, se faz importante verificar a necessidade de observar o que ocorre neste ambiente de consciente coletivo gerado por condutas reagentes.

    A psicanálise utiliza em seu trabalho, muito além do sintoma, outrossim, da fantasia.

     Se valer da fantasia, sabendo que não adentra na casa do sintoma, não podendo assim ser redirecionada ou curada, porém, atravessada, de forma a se tornar uma construção que dá origem ao sujeito, encontrado na literatura, através de comparações, observando a clínica psicanalítica, expondo o texto; "Uma criança é espancada - uma contribuição ao estudo da origem das perversões sexuais", Freud ([1919] 1976), quando o autor contribui ao estudo da perversão ao apontar que esta possui origem em uma fantasia infantil, que poderá ser transformada pelo recalque ou então pela sublimação.

Freud (1919e) desconstrói a fantasia "uma criança é espancada" em três fases ou três fantasias:

 1) O meu pai está batendo na criança. Fantasia sádica cujo significado é incestuoso: o meu pai não ama essa outra criança, ama apenas a mim.

 2) Estou sendo espancada pelo meu pai. Fantasia masoquista para a qual convergem o sentimento de culpa e o amor sexual relacionados à primeira fantasia.

 3) Uma criança é espancada. Essa fantasia é sádica na forma, mas a satisfação derivada é masoquista (Freud, [1919] 1976: 232-238).

(http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-48382010000200004#:~:text=a)%20O%20sadismo%20consiste%20em,meta%20pulsional%20ativa%20em%20passiva).

   Na linha ofertada pela citação em comento, aprouve auferir sua essência no escrito freudiano, uma vez que permite visualizar além dos conceitos formais, e atravessar o tempo, proporcionando uma compreensão a priori.

   Cumpre oferecer a ideia que não se trabalha com a possibilidade, em psicanálise ao analisar casos, que fora do ambiente peculiar da análise clínica, seria pautado pelo valor, certo ou errado, dentro desta perspectiva não se deve em hipótese alguma comungar de tal atitude, para uma avaliação vitoriosa, desta máxima.

    Destarte, se reproduz nesta análise exatamente este teor, sem, contudo, transcender de forma irresponsável de gerar critérios sociais (ou religiosos, do certo e errado; pecado e etc), a importância é a análise do comportamento, sem aduzir valores que não contribua para este estudo.

Freud ([1915] 2004) assim define o par de opostos sadismo-masoquismo:

a) O sadismo consiste em violência, em exercício de poder contra outra pessoa tomada como objeto.

b) Esse objeto é deixado de lado e substituído agora pela própria pessoa. O redirecionamento contra a própria pessoa transforma, ao mesmo tempo, a meta pulsional ativa em passiva.

c) Novamente outra [fremde] pessoa é procurada como objeto, a qual, devido à transformação ocorrida na meta, tem então de assumir o papel de sujeito.

Freud ([1915] 2004) introduz, no masoquismo, um terceiro tempo no qual a satisfação ocorreria ainda pela via do sadismo original; nesse caso, o Eu passivo se transporta fantasisticamente a seu lugar anterior, o qual havia sido deixado ao encargo de outro [fremd] sujeito que agora o ocupa. Ou seja, a fantasia sádica é realizada, o circuito pulsional se fecha, mas quem ocupa a volta de fechamento desse circuito é um outro: um sujeito indeterminado.

Lacan ([1964] 1985) observa que é preciso distinguir a volta em circuito de uma pulsão do aparecimento de um novo sujeito no terceiro tempo: "Esse sujeito, que é propriamente o outro, aparece no que a pulsão pôde fechar seu curso circular. É somente com sua aparição no nível do outro que pode ser realizado o que é da função da pulsão" (Lacan, [1964] 1985: 169).

(http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-48382010000200004#:~:text=a)%20O%20sadismo%20consiste%20em,meta%20pulsional%20ativa%20em%20passiva).

   Na explicação produzida por Freud, verifica-se, novamente, a presença da violência de forma cândida, invadindo tanto o sadismo como o masoquismo, destacando-se de forma caudalosa, pois, se situa na mais alta demonstração de necessidade desta vivência, uma vez que se destaca como pulsão sexual vital para alcançar o gozo pleno na atividade sexual.

   Desta forma, a violência é fundamental neste caso em espécie para transcender da simples experiência sexual e se tornar numa experiência sádica e masoquista, atreve-se a tecer a ideia de sadomasoquismo (sadismo+masoquismo), implementando o dois elementos necessários para tal aforismo.

O lugar do Outro como esvaziado do gozo é não apenas um lugar desobstruído, um círculo calcinado, um espaço acessível ao jogo dos papéis, como é também algo que, por si só, estrutura-se pela incidência significante. É exatamente isso que introduz nele essa falta, essa barra, essa hiância, esse furo que pode distinguir-se do título do objeto a (Lacan, [1968-1969] 2008: 244).

   O objeto, ainda centralizado em quem anseia pelo desejo incontido de necessidade de violência, para o agredido, objeto e coisa, numa linguagem, forçada mais não tão distante da ação propiciada, neste teatro de observação.

   Note-se que Lacan, afirma que “o lugar do Outro como esvaziado”, assim sendo, o objeto do desejo, não tem espaço, nem importância no que se refere a sua participação, apenas e tão somente, será utilizado como objeto.

   Não há nenhuma crítica a prática, somente a importância de entronização do papel de cada sujeito nesta sujeição sexual. Os papéis definidos e aceitos gerará sem dúvida a devida aceitação, sem confrontação dos papéis.

   Por isso, Lacan, em sua forma de interpretar esta e outras atividades humanas se torna tão necessário.

 [...] a ideia de liberdade tem um ponto vigoroso em torno do qual ela surge, e que é a função, ou, mais exatamente, a noção de >norma. A partir do momento em que essa noção entra em jogo, introduz-se correlativamente a de exceção, ou a de transgressão. É aí que a função do pensamento pode ganhar algum sentido, ao introduzir a ideia de liberdade. Resumindo, é pensar na utopia, que, como enuncia seu nome, é um lugar de parte alguma, um não lugar; é utopia que o pensamento seja livre para contemplar uma possível reforma da norma. Foi assim que as coisas se apresentaram na história do pensamento, de Platão a Thomas Morus. No tocante à norma, ao lugar real em que ela se estabelece, é apenas no campo da utopia que se pode exercer a liberdade de pensamento (Lacan, [1968-1969] 2008: 260).

   Ao tratar da liberdade, Lacan, cruzando a ideia de masoquismo e sadismo, busca oferecer a ideia primal, de não se entender que pessoas que possam, alcançar prazer através do sadomasoquismo, não tem liberdade para escolher outra forma de se expressar sexualmente.

   No binômio certo/errado, se concentra além de um preconceito arraigado da sociedade, o impedimento, caso se faça necessário, produzir, ou acompanhar uma análise de quem tem esta visão de vida, um bloqueio para lá de perigoso.

   O psicanalista em sua lida, deve estar livre destas amarras sociais proibitivas, castradoras, que o impediriam de ser neutro, numa sessão de análise, caso se defronte com este e/ou qualquer outro caso, que traga um viés marginalizado pela coletividade diminuta.


5.    A criminologia e o sadismo criminoso

    A criminologia é um ramo do Direito que se propõe a estudar o crime como fenômeno social, e suas mazelas dentro da sociedade, buscando uma análise do comportamento humano, mormente violento na execução de um delito.

    Para tanto se faz necessário o estudo do comportamento humano e suas variantes nesta questão de violência e sexo, dois aditivos muito forte, no que se refere à mente; uma vez que ao perpetrar esta conduta, se considera que houve um desvio e é este desvio que interessa de maneira especial a este ramo do Direito.

Sadismo sexual é uma forma de parafilia, mas o comportamento sexual sádico leve é uma prática sexual comum entre adultos que consentem que geralmente tem escopo limitado, é praticado de uma maneira que não causa danos e não atende os critérios clínicos para um transtorno parafílico. Mas em algumas pessoas, o comportamento se intensifica até o ponto de produzir danos. Determinar quando o sadismo se torna patológico é uma questão de grau. (https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/parafilias-e-transtornos-paraf%C3%ADlicos/transtorno-de-sadismo-sexual)

   Na literatura de criminologia, sadismo pode ser uma forma de parafilia, uma vez que ao se desviar do comportamento usual e tem os braços dados com a violência que a priori, não pode ser controlada e quando levada a efeito pode resultar sim, em um crime, pelo simples fato de ser difícil controlar sua dosagem na aplicação em tela.

   É importante dizer a esta altura que não há um pré-julgamento de conduta certa ou errada, no aspecto sexual, apenas numa análise mais minuciosa, se pode observar, que o espectro desta conduta flutua entre a prática sexual e uma violência que se diz poder ser controlada, contudo, não se pode em sã consciência dizer que a violência pode de alguma forma ser controlada, pois, ao se conceber que se precise de um controle mental, traçar este limite é tão tênue, a ponto de poder transitar entre o que se pode ou não, em termos de uso “apropriado” de uma dose de violência. Enfim, não se pode considerar haver absoluto controle sobre os atos, quando se fala em violência.

   Ora, este é um terreno por demais cinzento e cheio de incógnitas, a ponto de se atrever, dizer até este ou aquele ponto, se pode atravessar. O fato é que uma vez iniciada atos chamados de “prazer” que se presume só se alcança através de infligir dor a uma outra pessoa, qual será o limite ou o máximo que se pode chegar, para alcançar tal sensação de “prazer”?

    Este sem dúvida seria no mínimo insensato dizer que é possível, a violência, assim como a droga, a cada uso, se exige mais e mais, havendo um momento, de total descontrole e, ultrapassando o limite do razoável, daí ser um terreno espinhoso, uma vez que passa de uma mera conduta, para a fronteira real de um crime.

    Corroborando com esta ideia se pode verificar;

O sadismo sexual torna-se particularmente perigoso quando se associa a transtorno de personalidade antissocial. Essa combinação de transtornos pode resultar em sadismo criminoso envolvendo sequestro ou sequestro de pessoas que podem ser prejudicadas ou mortas (1). Indivíduos com ambas as condições são considerados particularmente recalcitrantes ao tratamento psiquiátrico (2). Esses indivíduos, quando presos e condenados, são às vezes compulsivamente internados como predadores sexualmente violentos por décadas devido à falta de tratamentos eficazes. (https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/parafilias-e-transtornos-paraf%C3%ADlicos/transtorno-de-sadismo-sexual)

    Nesta estreita senda que advém o perigo social, uma vez que para satisfazer seus desejos mais sórdidos, e uma vez não encontrando parceira que concorde com esta ideia, pode haver, e não sem contexto, uma procura e acerto, transviado, para a prática mesmo sem consentimento, ou até como é descrito, até sequestro para tal feito.

    E é neste momento que a criminologia se apresenta como ramo do conhecimento para debelar tal conduta e demonstrar, não ser aceitável, tal atitude, daí a importância de conhecer um pouco mais a miúde tal comportamento.

   A sociedade vive hoje a reboque no âmbito do que é aceitável ou não, e cumpre a última ratio, o Direito Penal, conceber o mínimo de ajuste, entre limites permissivos e não permitidos, uma vez, como é de praxe neste ramo, cuidar do bem jurídico tutelado, ou seja, proteger a integridade física, daqueles que não se aventurem nesta questão mais insidiosa.


Considerações finais

      Ao tratar de um tema bem espinhoso até para Freud e demais pensadores da psicanálise, pode se vislumbrar através da pesquisa e leitura um universo muito curioso e diferente.

   Curioso, pois é um assunto que pode em sua base trazer uma certa incompreensão dos incautos, afinal, ao se percorrer a senda da questão sexual, a uma quase eterna manifestação de contrariedade social.

   Diferente, pois se observa nos texto dos escritores e fundadores desta ciência comportamental da mente, um universo muito amplo para análise, estudo e pesquisa.

   A proposta era expor, de uma forma corrente o pensamento de Freud e visitar alguns poucos que também, no passado se defrontaram com tal assunto, ou na contemporaneidade se viram tendo que analisar tal postura.

   O fato é que se tornou salutar vislumbrar o quanto se tem escrito sobre o tema, demonstrando a riqueza e profundidade na escolha, como o interesse despertado até os dias atuais para tal procedimento.

    Evidentemente, ficou muito distante de se esgotar o tema, ou reproduzir algo muito novo, mesmo hoje havendo uma visão mundial diferente destes casos.

   Na leitura buscada, foi visto pontos de vistas diferentes, por exemplo entre Freud e Lacan, e mais recentemente, Laplanche; o que não tira o aspecto histórico e conceitual, de nenhum dos pensadores, até porque este não era o intuito da proposta.

   Perceber que embora haja pontos diferentes entre estes que proporcionaram um novo campo na ciência mental, engrandece o estudo e traz nobreza a pesquisa, pois, não deve haver uma defesa apaixonada, sem contudo perceber outros pontos de vista e razões fundamentadas, através da análise que possa trazer uma reflexão e conduzir a uma nova forma de enxergar.

   A parte de um todo e qualquer comentário que se possa reproduzir, o assunto demonstrou-se complexo, para uma compreensão estanque e comezinha.

  É evidente que tal similaridade de busca do que se pode verificar nesta esteira, focaliza sem dúvida a discussão não insidiosa de um extensivo estudo nesta aárea.

   Para se desfrutar dos livros, artigos e teses de doutorado escrita, há de se vislumbrar aspectos importantes na psicanálise, como a influência da infância, atos acontecidos na tenra idade que podem e vão interferir numa visão sexual, que se estenderá por toda a vida.

    Compreende-se também como a mente humana reproduz fatos diferentes, de pessoa para pessoa, sendo alguns deles digno de estudo e pesquisa mais amiúde.

     A fora toda esta compreensão extensiva do masoquismo e sadismo, foi muito produtivo verificar como é o nascedouro desta postura, e como é possível ser absolutamente possível entender alguns porquês.

     Além do tudo exposto, fica claro a necessidade de se aprofundar na pesquisa, diversificando as fontes, para um entendimento mais amplo e livre das amarras sociais.

    Como se evoca no último tópico ao tratar da criminologia do sadismo criminoso, uma vez perceber que tal violência não consentida, pode e vai gerar uma conduta criminosa, o que por si só, demonstra que esta conduta pode ser considerada, quando não permitida por ambos os participantes, o que normalmente não acontece, em um desvio e atravessar a barreira do proibido.

    Não sem tempo, a criminologia tem se dedicado e muito a um estudo pormenorizado deste ato, verificando sua forma e condição, para protestar contra o abuso, mormente cometido contra quem não aceita ser participante desta modalidade de sexo (num contexto, muito permissivo, se usa esta ideia).

    A proposta deste artigo é evocar tanto na psicanálise como na criminologia a importância de se verificar o que um estudo ou outro pode contribuir para o afastamento de condutas desajustadas.


Referências Bibliográficas

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FREUD, S. O problema econômico do masoquismo. In: FREUD, S. Edição Standard Brasileira das obras psicológicas completas. Trad. de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1974. v.XIX.

FREUD, S. Pulsão e destino das pulsões. In: FREUD, S. Edição Standard Brasileira das obras psicológicas completas. Trad. de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1974. v.XIV.

FREUD, S. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. In: FREUD, S. Edição Standard Brasileira das obras psicológicas completas. Trad. de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1974. v.VII.

FREUD, Sigmund. (1919) Uma criança é espancada: Uma contribuição ao Estudo da Origem das Perversões Sexuais. In: Edição standard das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, Vol. XVII.

JUNIOR, Nelson Coelho. Fala, escuta e campo Terapêutico em Psicanálise. In: FIGUEIREDO, L.C.e JUNIOR, N.C. Ética e Técnica em Psicanálise. São Paulo: escuta, 2008.

Lacan, J. (1968-1969). O seminário, livro 16: de um Outro ao outro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.

LAPLANCHE, Jean. Vida e Morte em Psicanálise. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.

https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/parafilias-e-transtornos-paraf%C3%ADlicos/transtorno-de-sadismo-sexual

NAVES, E. Para além do desejo. Um estudo sobre histeria e pulsão de morte, 2007. 303 f. Tese (Doutorado em psicologia) - Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2007.

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-62952021000100007

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-48382010000200004#:~:text=a)%20O%20sadismo%20consiste%20em,meta%20pulsional%20ativa%20em%20passiva

 

 

 

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