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Resumo:
Análise da personagem Tita do filme: Como água para chocolate.
Texto enviado ao JurisWay em 06/01/2011.
Última edição/atualização em 10/01/2011.
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Como água para chocolate
Tita a mais nova das três filhas de Elena, vive numa fazenda no México. Impedida de se casar com o homem a quem ama, por uma tradição de família, vive infeliz na mesma casa onde seu grande amor se torna cunhado. O amor entre eles é recíproco, mas não podem externá-lo. O apego às tradições, a rígida educação, e a responsabilidade que carrega por ser a mais nova, impedem-na de ser feliz e romper essa relação com a mãe.
E como a falta de coragem e a excessiva submissão à mãe a princípio se tornam um empecilho na busca de sua liberdade de pensamento, na busca de sua felicidade. E descobre uma maneira interessante de exteriorizar seus sentimentos como ódio, paixão, tristeza entre outros, passa a fazer explicitamente na preparação dos alimentos. E é na cozinha que ela vive submersa em suas receitas mágicas, ao qual transporta para os alimentos todos os seus sentimentos, suas emoções. Como na cena em que ela deixa cair lágrimas de tristeza sobre a massa do bolo de casamento da irmã com seu grande amor Pedro. O bolo causou a todos um alvoroço de tristeza e mal estar.
Mas foi com a morte do sobrinho que ela se cansa e vem a ter um surto. Primeiramente a culpa e posteriormente acusa a mãe da morte dele. O sobrinho representava para ela um elo com seu grande amor. Sentiu pela primeira vez uma solidão extrema levando-a a uma aparente loucura, desequilibrada emocionalmente, como quando nua com os pombos. Levada pelo médico para ser tratada, recebeu dele como terapia, novelo de lã e agulhas para tricotar.
A manta exageradamente tricotada por Tita demonstrava o quanto também transferia para um fazer sua infelicidade, sua vida sem graça. Pela primeira vez, na casa do médico, Tita sentiu-se livre ao ver as mãos, embora não soubesse ainda o que fazer com sua liberdade. E quando retorna de sua loucura, corajosamente diz que não voltará mais a fazenda.
Tita após a morte de sua mãe, descobriu seu segredo, de que tivera um amor frustrado e uma filha ilegítima. De volta a fazenda passa a cuidar da sobrinha, filha de seu amor, continuando sem poder expressar-se por respeito à irmã. A irmã ao falar da tradição, diz que sua filha cuidará dela e não se casará por ser sua única filha. E Tita furiosa novamente começa a se expressar nas receitas, colocando na comida da irmã toda sua raiva. O que resultou na morte futura por sérios problemas intestinais.
Tita não permitiria que uma tradição injusta traçasse também o destino da sobrinha. Pedro a espera no quarto e pela primeira vez eles tem relação sexual. Ela imagina estar grávida dele, uma vontade implícita de ser a mãe dos filhos dele, porém é uma gravidez aparentemente psicológica.
Tita chora quando sua irmã lhe pede ajuda para emagrecer, e o mau hálito, sente-se novamente culpada por ter causado isso. Vê o fantasma da mãe que a condena por seus atos, sente-se perturbada até que ela a enfrenta novamente revelando seu segredo. Assim, como tem com Pedro uma relação em segredo, guarda da irmã a suposta gravidez e de Pedro também. Na discussão delas conta à irmã que Pedro havia se casado apenas para ficar perto dela e não por amor, é um outro segredo revelado e que só sabia porque a cozinheira contou-lhe. A cozinheira nunca a abandonou, nem mesmo na morte, está presente na vida dela quando ela precisa como nas codornas com a rosa e com as queimaduras de Pedro.
Com a morte da irmã, supostamente causada por Tita, que prometera a sobrinha o fim da tradição, esta casa-se com o filho do médico, um amor que provavelmente começara na infância deles.
Finalmente, quando ela resolve ser feliz com Pedro, a teoria dos fósforos explicada pelo médico, a qual uma emoção muito forte ascenderia todos ao mesmo tempo. O que levou Pedro a morte, ela come um a um dos fósforos e morre junto de seu amado, como nos contos de fadas. A cebola sempre presente até final, quando a sobrinha neta também coloca na cabeça e chorando conta a história.
Tita, criada praticamente pela cozinheira Nacha, uma personagem muito importante em sua vida. A quem recorria sempre que estava triste. Nacha a tinha como uma filha é ela que lhe dá suporte nos momentos difíceis até mesmo após sua morte. Nacha conhece no olhar perdido de Tita a necessidade de carinho, substituindo a mãe Elena, hostil e infeliz. Outro suporte encontrava no médico, que a tranqüilizava e a tratava com amor e respeito. A bondade dele a surpreende.
Em vários momentos observei causas de stress e poderia citar: A falta de carinho da mãe, o excesso de tarefas dadas pela mãe, à hostilidade da mãe, a liberdade das irmãs em poder casarem que não se estendia a ela por um costume de família. As relações amorosas às escondidas posteriormente com o cunhado, que era também o grande amor de sua vida, o fato de não poder exteriorizá-la. Principalmente o fato de calar-se a tudo que a mãe dizia e lhe ordenava. A própria decisão dela em escolher para a irmã, justo o amor da vida dela, Pedro, por maldade. A relação fria com a mãe que fora infeliz e descontara nela, além da tradição. O próprio padrão de comportamento da mãe que tinham que obedecer, o que trouxe sofrimento e principalmente a impossibilidade de realização pessoal. Sentimentos reprimidos, como o de quando viu seu amor pela primeira vez e comparou a sensação que sentiu com a massa em água fervente. Uma sexualidade que não podia experimentar. Muitos transtornos psicológicos ao ponto de romper com tudo, embora tenha feito tardiamente.
Percebi no filme a pouca maleabilidade a mudanças, o poder da tradição familiar passa de geração em geração, os costumes. Que acaba em Tita, libertando as futuras gerações com suas receitas mágicas. A princípio Tita relutou a mudanças, a irmã Gertrudes foi a primeira a romper, mas a que casou-se com Pedro seguira os passos da mãe. Um dos costumes que pude analisar é o lençol sobre o corpo da irmã recém casada, contendo um buraco que deveria ficar acima do órgão genital dela para fazer sexo. Um costume antigo em que o marido não poderia ter contato com o corpo, ao fazer sexo com a esposa. Tradição que foi quebrada por Titã e pela irmã Gertrudes.
A história do choro, lágrimas que inundaram a cozinha e que exageradamente viraram sal e que serviria de tempero por muito tempo, a simpatia da cebola no cabelo para não chorar. Nota-se que o choro está bastante presente no filme de forma exagerada e o livro de receitas que passa de geração a geração. Interessante, também, é ser um conto de fadas, que se tem a idéia de que estes são para crianças e que na verdade antigamente eram para adultos.
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