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EXIBICIONISMO EM ALTA


Autoria:

Fernanda Bueno Penha


Advogada e professora. Participante ativa de artigos científicos e projetos de pesquisa pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.

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Resumo:

Há uma busca incessante pelo "parecer ser" e não apenas "ser". Muitos veem na internet, um meio de ostentação, a mania de se gabar, trazendo sentimentos de soberba, inveja, irritação nos demais, e a famosa "dor de cotovelo".

Texto enviado ao JurisWay em 01/03/2017.



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          Hodiernamente, falar sobre o exibicionismo exacerbado dos indivíduos, ora nos parece difícil se considerarmos a complexidade da personalidade e desejos que mudam o tempo todo, trazendo a dialética do célebre filósofo Heráclito: "Tudo muda, o tempo todo. Não se pode percorrer o mesmo rio duas vezes". Ou seja, nós mudamos ou muda-se o rio, pois as águas correntes nunca são as mesmas". Ora, nos parece simples, se considerarmos a rotina, o dia-a-dia da população nas suas tarefas e afazeres corriqueiros. Neste sentido, muitos veem na internet, um meio de ostentação, a mania de se gabar, trazendo sentimentos de soberba, inveja, irritação nos demais, e a famosa "dor de cotovelo".

          Destarte, há uma busca incessante pelo "parecer ser" e não apenas "ser". A vida desenfreada pela autopromoção e exposição pessoal invade os meios de comunicação como na televisão, que quem se apresenta publicamente de forma assídua demonstra ter mais poderio cultural ou econômico e consequentemente é mais visto e notado, exercendo a persuasão, influenciando milhões de pessoas; na internet, incisivamente nas redes sociais.

          Outrosssim, a necessidade de postar fotos, vídeos, comentários ou textos sobre a vida íntima como o trabalho ostentador, os eventos que promove, o relacionamento amoroso feliz, a beleza incomensurável, os incontáveis amigos que possui, as baladas vibrantes, as viagens, os lugares que frequenta, como estar em casa, na academia, na rua, na escola, na faculdade, na igreja, no futebol, no clube, no trabalho, enfim, infinitos locais. Extraímos indícios do porquê dessa carência, uma verdadeira "febre digital". Por que o sucesso profissional, amoroso ou familiar incomoda tanto? Não basta viver e desfrutar, é preciso publicar, proliferando-se como uma espécie de praga virtual. 

          Observamos um total comprometimento com mensagens de texto pelo celular, em que sua lista de contatos interage consigo 24 horas por dia, com conversas, vídeos, áudios ou fotos, há de se convir que facilitou muito a vida das pessoas, explicitando que a ligação está em desuso. No entanto, o celular já virou uma peça acessória do corpo humano, os indivíduos estão conectados literalmente o tempo integral, e essa vida virtual nos preocupa, essa "era digital" corrompe relacionamentos interpessoais de forma hiperbólica, causando um vício pernicioso para a convivência social e amadurecimento interior de suas ações, sentimentos, emoções e como saber lidar com eles. 

          Será que estamos criando robôs? Ou permitindo que sejamos lesionados de forma automatizada? Além de que a mídia e as revistas mostram o padrão de beleza a seguir, muitos almejam o corpo perfeito, vivem aprisionados em clínicas de estética, cirurgias plásticas, ou na ansia de serem mais fortes e mais cobiçados sexualmente, alguns esculpindo até o próprio rosto para serem semelhantes ou idênticos com seus ídolos de perfeição física ou personagens de desenhos japoneses. E isso não se aplica apenas para as mulheres, no universo masculino ressalta-se o uso de botox, preenchimentos, adequação de orelha, nariz e transplante capilar. 

          As crianças são tão voláteis, sempre desejando serem "aceitas", vivem depressivas com a falta de auto-estima, umas se acham feias, ou gordas ou pouco inteligentes. Quer, com tantas cobranças, crescem assustadas e chocadas com o espírito competidor do capitalismo selvagem, sendo influenciadas pela "moda virtual", pelos "padrões de beleza" e companhias. Quer, impulsionadas a fazerem o que aspiram, mimados a obterem o que pedem, desrespeitando o próximo.
          Os adolescentes e jovens precocemente envolvidos pelo libido escancarado, como se fôssemos obrigados a aceitar tudo o que nos é posto. Criam uma percepção de serem ignorados, insatisfeitos com a própria vida, tendo o sensacionalismo e o egocentrismo em alta, em que impressionar é o que realmente importa.

           Até que ponto esse exibicionismo todo é benéfico para a sociedade? Até que ponto isso afeta o mundo? Será que as pessoas estão se tornando pouco humanas, pouco críticas, insensíveis e alienadas? As pessoas até "aceitam" que você esteja feliz, com bem-estar, mas nunca melhores do que elas. Consoante diz a conceituada escritora romancista Mosse: "No fundo, a pessoa quer mostrar para o mundo quem ela gostaria de ser". 

          Ademais, os adultos vivem com estresse, depressão e insônia, muitos se sentem incapacitados para educarem seus filhos, gastam seu tempo livre na internet, no telefone ou juntam "casa e trabalho", evidenciando uma produtividade pouco ou nada proveitosa, formando um caráter prejudicado. Reforçando exaustivamente o seu ego, como se fosse uma auto-recompensa, exaltando suas qualidades ou características. Não descansando de fato, com qualidade de vida, não valorizando as coisas simples, não fomentando na realidade, na prática, valores éticos, morais, para a construção harmônica e pacífica de uma convivência melhor entre os seres. Negligentes com sua família, obtendo pouca conotação do amor, atenção, respeito e carinho. 

          E os idosos, por sua vez, vivem "esperando a morte" (com o perdão da expressão). Com exceção, é claro, de muitos que gostam de conhecer pessoas e lugares novos, que não se rendem às doenças, pois a pior delas é a psicológica, a da mente; e dão "um show" em muitos novinhos por aí.

          Doravante, os seres humanos precisam sonhar, ter fé, ter relacionamentos saudáveis e ao vivo, essa interação é essencial para o bom desempenho das atividades cognitivas e biológicas. As crianças necessitam estudar e brincar, viver em sua plenitude seu "mundinho cor de rosa" com limites e disciplina. Os adolescentes e jovens devem enxergar o mundo na sua amplitude, contra às suas crises existenciais, devem se ver como parte integrante do grupo familiar, educacional e político. Logo, adultos e idosos não exaurirem seu tempo com coisas banais e supérfluas, precisam fugir da superficialidade humana. 

          Portanto, é primordial ressaltar que isso não se aplica de forma generalizada, pois muitas pessoas veem na internet, por exemplo, como em qualquer um dos meios de comunicação aqui expostos, um momento de compartilhar sua alegria, ou expor algo relevante, de modo consciente e sem exageros. Por conseguinte, deixamos uma inspiração reluzente do magnífico filósofo Parmênides: "Só o ser é, o Não Ser não é". Assim indagamos se devemos trilhar o caminho da verdade, da razão, e da reflexão (o caminho do Ser), ou se devemos nos entregar à opinião das pessoas, do senso comum, da superficialidade, da ilusão e das aparências (o caminho do Não Ser). 
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