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Economistas dizem que IOF mais alto não fará com que importado fique menos em conta
As compras no exterior vão ficar mais caras depois que o governo decidiu aumentar o imposto cobrado sobre aquilo que os turistas gastam lá fora. Mas isso não será suficiente para frear a vontade do brasileiro de trazer produtos importados mais em conta do que os feitos aqui. Economistas ouvidos pelo R7 dizem que o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) maior vai mudar pouco esse cenário de consumo.
Pelo decreto publicado nesta segunda-feira (28) no Diário Oficial da União, o IOF foi elevado de 2,38% para 6,38% sobre os bens adquiridos no estrangeiro. A medida, que ainda demorará 30 dias para entrar em vigor, tem como principal objetivo desestimular o uso do cartão de crédito na importação para conter a desvalorização do dólar.
O aumento desse imposto terá impacto também nos gastos com hotéis, transportes e outros serviços utilizados no exterior que forem pagos com cartão de crédito.
O economista Luiz Jurandir, professor de finanças da FEA-USP (Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo), diz que a medida é paliativa, porque não ataca diretamente o problema dos importados aqui no Brasil. A alta carga tributária é a que deveria ser combatida pelo governo, afirma.
- Aumentar o IOF reduz, sim, o impacto sobre a desvalorização do dólar. Mas o dólar está caindo no mundo, não é só aqui. Além disso, não podemos culpar o consumidor por querer aproveitar as ofertas lá de fora. Ele vai atrás do melhor produto pelos melhores preços.
Para Jurandir, a carga tributária aqui é “vil” porque força as empresas a gastarem demais e desnecessariamente. Elas pagam muito imposto sobre tudo o que produzem e sobre os funcionários que empregam. De alguma forma, as companhias acabam repassando essas taxas para o preço dos produtos que o consumidor compra – o que representa valores mais altos nas lojas.
Com o dólar barato, em muitos casos tem sido mais vantajoso para o brasileiro mandar trazer os produtos de fora do que comprar um equivalente daqui. E aí a conta fecha com desvantagem para a economia brasileira. Isso tem ocorrido nos mais diversos setores: dos fabricantes de calçados aos de eletroeletrônicos.
Argentina x Nordeste
Funciona assim: o dólar barato aumenta o poder de compra do real em outros países e torna destinos estrangeiros bastante atraentes. Hoje, já é mais barato ser turista na Argentina do que visitar cidades do Nordeste, por exemplo.
Para se ter uma ideia, o custo para sair do país está tão em conta que, no mês passado, os gastos dos brasileiros lá fora chegaram a R$ 2,2 bilhões (US$ 1,33 bilhões) e atingiram um nível recorde, segundo dados do Banco Central. O valor é o maior para um único mês desde o início da série histórica do BC, iniciada em 1947.
Em todo o ano de 2010, eles chegaram a R$ 27,25 bilhões (US$ 16,44 bilhões). Esse número também foi recorde.
Alcides Leite, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios, afirma que, mesmo com o aumento no imposto, os importados ainda são mais vantajosos. Por esse motivo ele diz crer que o gasto do brasileiro lá fora continuará alto.
- A diferença de preço é grande. Mesmo com esse aumento de taxação ainda vale a pena [comprar fora]. Isso porque os produtos importados ainda são mais competitivos. Acho que essa medida vai servir para diminuir aquela compra por impulso, aquela exagerada. Mas produtos que você já sai daqui com interesse de comprar, esses vão continuar sendo trazidos.
Para ele, competitividade é a palavra-chave para resolver a questão.
- O mais importante é melhorar a competitividade do Brasil, fazer aquilo que é produzido aqui ter tanta qualidade quanto do exterior. As empresas brasileiras têm que aumentar sua tecnologia, sua produtividade, mas o país tem que reduzir os custos sobre a mão de obra, a produção, o transporte, a armazenagem, entre outros. Enquanto isso não ocorre, temos que lidar com medidas como essa.
Para Jurandir, a saída é a mesma: ampliar a competitividade. Ele diz que, no melhor dos cenários, esse consumo maior dos brasileiros no exterior pode ser benéfico para as próprias companhias nacionais.
- Nós temos que diminuir a carga tributária. A pessoa que fez compra lá fora não é ruim. Ela só está aproveitando a oportunidade. A empresa daqui não faz o melhor porque ela gasta muito com folha de pagamento, imposto sobre produtos, etc. Acho que as pessoas têm que continuar consumindo e aproveitando os preços internacionais, porque isso é bom para a competição e força as empresas daqui a melhorarem.