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Texto enviado ao JurisWay em 24/08/2006.
Última edição/atualização em 24/01/2007.
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Ao final da Primeira Guerra Mundial, Alemanha e Itália são países arrasados. A situação social é caótica: fome, pobreza, doença, desemprego, morte. O quadro político e econômico também é desesperador, vez que a derrota na guerra fez com que os países perdessem poder, territórios, e o pior de tudo, dinheiro.
Enquanto a população sofria com todos esses problemas, as elites também estavam às voltas com um grande tormento: a ameaça socialista. A revolução russa fez surgir a gigante União Soviética, que representava uma ruptura para com o modelo capitalista de produção baseado na propriedade privada.
Inclusive, foi essa ameaça socialista, aliada à subida dos liberais autênticos ao poder, que contribui para que Itália e Alemanha passassem a adotar o modelo de Estado Social. Visavam, assim, acalmar a tensão social e preservar o modo capitalista de produção.
Entretanto, a incapacidade do modelo social-liberal de responder de maneira urgente à crise social e econômica da época, somada à iminente ameaça comunista, acabaram por fornecer campo fértil para a proliferação das idéias nacionais fascistas na Europa. Veja-se porquê.
A proposta socialista sempre se apresentou muito sedutora às camadas menos favorecidas da sociedade, chamadas por Karl Marx de proletariado. A idéia de uma sociedade igualitária, onde todos os proletários do mundo teriam os mesmos direitos, as mesmas condições de moradia, saúde, educação e lazer, atendia em cheio aos anseios dos europeus imersos em um mar de pobreza e desesperança.
Assim, para que o modelo capitalista sobrevivesse a essa ameaça, a essa tentadora proposta, era necessário mais que a consagração de alguns direitos aos trabalhadores. Direitos esses que ainda vinham tendo dificuldade de materialização. Era necessário um discurso. Um discurso tão atraente quanto o discurso socialista. Mais que isso, era imperativo que esse discurso fosse ainda mais fascinante, como forma de garantir a sobrevivência do grande capital nacional bem como do modelo capitalista de produção.
E esse discurso, enfim, surgiu. Na Itália com Mussolini, na Alemanha com Hitler, na Espanha com Franco, em Portugal com Salazar. A proposta desses líderes, que representaram o advento do Estado Nacional Fascista, era pueril. Um grande apelo à emoção, a símbolos e a manifestações de massa. Uma ideologia baseada em uma simplificação do mundo: existe o bem e o mal; o amigo e o inimigo.
Mais que essa simplificação, o Estado Social Fascista se utilizou do artifício da nomeação. Seres humanos, todos diferentes entre si, eram agrupados sob um mesmo nome. Isso era utilizado como uma estratégia (eficaz por sinal) de controle de opinião.
A estratégia social fascista busca, ainda, resgatar elementos comuns a toda uma nação, como o passado histórico, os valores, o idioma, o projeto político. Assim, criava-se uma idéia de unidade nacional, que acabava por implicar em uma reação contra a presença estrangeira.
Surgia, então, um discurso forte, e completamente distinto da ideologia internacionalista pregada pelos socialistas. Todavia, o novo discurso acabou se mostrando ainda mais forte que o discurso socialista, justamente por apresentar uma realidade simplificada e mais próxima do povo que a idéia de internacionalização da luta de classes.
Ainda, o movimento nacional fascista, além de conquistar a população através de um discurso resumidamente baseado nas idéias acima, teve o apoio das elites. Afinal, as idéias de conquista de territórios (matéria prima, mão de obra barata), manutenção da ordem (repressão policial) e luta contra o socialismo favoreceram em cheio aos interesses do grande capital.
Por óbvio, um discurso como esse teve maior penetração na Alemanha, país mais arrasado pela Primeira Guerra Mundial. Isso porque em um país onde os problemas sociais eram mais graves foi mais fácil difundir um discurso que primava pela simplificação do mundo e pela explicação do geral a partir do exemplo.
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