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DENYSE GODOY
A sensação de insegurança gerada pela crise tem aumentado a preocupação das famílias em ensinar melhor aos seus filhos o valor do dinheiro e a importância de poupar para se proteger dos imprevistos, afirmam especialistas na área.
Nos tempos anteriores à criação do real, a impossibilidade de planejamento tornava essa tarefa praticamente inexequível. Porém, recentemente, com a estabilização econômica do país e o amadurecimento financeiro do brasileiro, os pais ficaram mais atentos à necessidade de preparar as crianças para lidar com essas questões -e, em resposta a tal demanda, as escolas se apressam em incluir a educação financeira nos currículos dos seus alunos desde o ensino fundamental.
Nem sempre é necessária a criação formal de uma disciplina para falar de dinheiro com os estudantes. Alguns estabelecimentos de ensino, como o Colégio Módulo, no bairro paulistano da Lapa, aproveitam qualquer oportunidade dada pelas matérias tradicionais da grade para levantar a discussão.
"Na sexta série, ao apresentarmos às crianças os números negativos, pedimos que preparem um trabalho no qual criarão um banco para saber como a instituição funciona", diz Clóvis Cardoso de Sá, professor de matemática do Módulo.
"Aí entendemos que quem gasta mais do que recebe fica com o saldo negativo", diz sua aluna Clarissa de Oliveira Menatto, 12. "E descobrimos que nenhum banco empresta dinheiro porque é bonzinho --ele ganha com isso porque os clientes pagam juros. O ideal é nunca precisar fazer dívidas", completa outro estudante, Leonardo Lima Lorandi, 11.
Essa naturalidade com que se dá o aprendizado é fundamental para a assimilação do conteúdo. Por isso, mesmo quando a escola prefere criar um curso de finanças oficial, deve-se manter uma atmosfera lúdica.
Método
Depois da pioneira Cássia D'Aquino, que já em meados da década passada levava o tema às escolas, mais educadores têm lançado sistemas para treinar crianças e adolescentes na gestão do dinheiro.
Reinaldo Domingos, por exemplo, escreveu uma versão infantil do seu livro "Terapia Financeira" chamada "O Menino do Dinheiro" que vem sendo empregada por diversas escolas como texto-base para as lições sobre finanças. "O interessante é que as crianças repassam a seus pais o que aprenderam na escola", diz Roberta Rocha, diretora do Colégio Gran Leone, da capital paulista, que usa a metodologia de Domingos.
"É justamente a falta de informação dos pais que os leva a querer prover os filhos de mais conhecimento. As crianças de hoje em dia, muito antenadas, facilmente percebem a seriedade do assunto e se envolvem", diz Silvia Alambert, diretora do programa Money Camp no Brasil. A empresa oferece cursos breves e acampamentos de férias para a vivência da educação financeira.
Gabriel Azevedo Costa, 11, é um dos alunos mais engajados nos debates sobre finanças nas aulas do professor Sá, no Módulo. Questionado sobre o motivo do seu interesse, ele responde: "Bem, como diz a música, é preciso saber viver".