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Fabiane Leite
Bancos oferecem opção de consultas com desconto, mas sem fiscalização da ANS
Preços proibitivos na terceira idade, pouca oferta de planos individuais, quebra de operadoras. O quadro de problemas dos planos de saúde no Brasil tem impulsionado outros produtos de baixo custo no mercado de assistência médica privada, como empresas que vendem acesso a consultas com descontos. Mas as opções também não garantem uma assistência adequada, enfatizam especialistas. Além disso, não têm o controle da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), por não serem considerados planos.
O banco BMG, desde o ano passado, investe na expansão de um produto que mediante anuidade (R$ 160) permite acesso a consultas a partir de R$ 42 e a exames. Os descontos chegam a 80%. Já conta com 40 mil clientes e o objetivo é chegar a 1 milhão.
Sistemas iguais também são oferecidos pelo banco Panamericano, entre outras empresas que crescem no mercado.
A ideia de vender consultas com descontos vem de 1977, quando foi criada a Nipomed, que trouxe a proposta do Japão. Em 1998, as entidades médicas, como resposta à regulação do setor de planos, criaram seu próprio sistema, com funcionamento semelhante, mas desistiram porque não dispunham de infraestrutura - e também porque, conforme relatam médicos, sem ofertar acesso a alta complexidade, como cirurgias cardiológicas, o produto vendia uma ilusão.
Os novos investidores, porém, veem que o mercado de planos individuais, por seus riscos, está estagnado e algumas das principais empresas do setor já não oferecem mais produtos com esse perfil. “O segmento de planos individuais está em extinção. E o que oferecemos é uma ferramenta de aproximação do serviço aos clientes individuais”, diz José Humberto Affonseca Sobrinho, diretor do Sistema de Atendimento à Saúde (Sinasa), do banco BMG.
“O conceito não é urgência e emergência, é até a média complexidade”, diz. O banco, porém, tem interesse também em financiar a alta complexidade aos clientes do sistema - o que, no mercado, é apontado como principal motivo para bancos entrarem na área.
A tentativa de expansão das empresas que vendem acesso a consultas tem gerado disputas no interior de São Paulo, onde proliferam opções de baixo custo em razão da pouca oferta de planos de saúde. Cooperativas Unimeds, que dominam o mercado de planos em algumas cidades, têm protestado. Mas, por outro lado, têm investido em opções semelhantes - associações com funerárias para vender um plano que cobra menos e em que as consultas têm de ser pagas, mas também têm valores mais acessíveis.
Sem segmentação
“Boa parte desses produtos surgiu pelo fato de a ANS não autorizar a segmentação de planos (como planos que garantem só parte dos atendimentos, mais baratos)”, afirma Pedro Fazio, consultor da área de planos de saúde. “O problema é que muitas vezes a pessoa só saberá das limitações quando tiver algo mais grave.”
Lígia Bahia, professora do Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em planos de saúde, destaca que um aumento na oferta de produtos baratos deverá impulsionar novamente a área nos próximos anos. Mas enfatiza também que muitos garantem uma rede ruim de atendimento. “Quem não usa é feliz. Quando precisa, é o pior dos mundos.”
O corretor de seguros Ivan Schwarz, de 72 anos, cliente antigo do Sinasa, mantém ainda um plano de saúde hospitalar. “Eu dividi o risco”, diz ele, que enfrentou um câncer de próstata usando o desconto em consultas e o plano. Mas acha que isso não é para todos. “Uso muito pouco o médico. Mas se a pessoa tem de ir três vezes por mês, aí talvez seja melhor um plano.”