Tamiflu líquido será distribuído para crianças

Vital Brazil entrega hoje à Secretaria Estadual de Saúde do Rio os primeiros frascos da nova versão do medicamento que vai ajudar no combate à gripe suína

POR FLÁVIA SALME,

Rio - As crianças, no grupo de risco dos mais afetados pela nova gripe, vão ganhar a partir de hoje forte aliado no combate ao Inflenza A/H1N1. O Instituto Vital Brazil, em Niterói, começou a produzir uma versão líquida do Tamiflu, remédio em cápsulas usado para tratar a gripe suína, para ser usado exclusivamente por crianças. O laboratório informou que os 400 primeiros frascos serão entregues hoje para a Secretaria Estadual de Saúde, que ficará responsável pela distribuição do medicamento na versão líquida. O Vital Brazil poderá produzir até 14 mil frascos do remédio, e cada paciente é tratado com um frasco.

Para produzir o Tamiflu líquido, o instituto está usando uma carga de pó de fosfato de osetalmivir, enviada pelo Ministério da Saúde, na semana passada. Segundo o laboratório, a nova versão do remédio foi criada por causa das dificuldades das crianças em ingerir as cápsulas do Tamiflu. As cápsulas seriam contraindicadas nas crianças também por sua alta dosagem, o que provocaria mais efeitos colaterais do que benefícios no combate à doença.

VOLTA ÀS AULAS

A apresentação dos primeiros frascos de Tamiflu líquido acontece no dia em que cerca de 2,3 milhões de estudantes das redes pública e particular do Rio retomam o 2º semestre letivo, após mais de um mês de férias forçadas pela ameaça da gripe suína. Grande parte deles estará munida de álcool em gel, lenços de papel, copos descartáveis e série de orientações sobre novos hábitos de higiene para enfrentar a nova doença, que matou pelo menos 37 pessoas no estado, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.

Ontem, muitos pais ainda corriam para comprar os itens do ‘arsenal antigripe’ dos filhos, como o advogado Ildefonso Carvalho, 66 anos, que foi a uma farmácia em Laranjeiras que, em uma semana, vendeu 200 frascos de meio litro de álcool em gel. “Na minha escola há muitas maçanetas, impossível não ter esse contato. Terei de lembrar de lavar sempre as mãos”, prometeu seu filho, Allan, 14, do 8º ano do Colégio Sion, no Cosme Velho.

No mesmo bairro, Fábio Macedo, 12, do 7º ano do Colégio São Vicente, recebeu da avó Helena, 76, várias recomendações. “O mais importante é lavar as mãos e passar álcool”, disse ela. No Grajaú, a pedagoga Maria das Graças Pureza, 46, passou o domingo ressaltando a importância da higiene para Isabela, 12.

“Minha filha já sabe que só pode tossir ou espirrar no lenço de papel, além de evitar abraçar e beijar os colegas, não compartilhar utensílios, como copos, canetas e lápis, e não se apoiar em corrimãos e maçanetas”, destacou. “Vai ser difícil lembrar de tudo, mas as mãos eu vou lavar o tempo todo!”, diz a menina, do 7º ano do Colégio da Companhia de Maria.

O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) promete vistoriar escolas para fiscalizar o funcionamento das ações preventivas do governo.

MAIS SOBRE O H1N1

REPOSIÇÃO DAS AULAS
Na rede estadual, haverá aulas em 8 sábados, a partir de setembro. A previsão é concluir o ano letivo dia 22 de dezembro. Na rede municipal, as escolas têm autonomia para cumprir os 200 dias obrigatórios. Algumas devem realizar aulas aos sábados e outras poderão aumentar a carga horária diária em uma hora. Na rede particular, muitas terão aulas aos sábados e suspensão de passeios, além de não enforcar feriados.

AINDA DE FÉRIAS
Retomam as atividades dia 24: Redes Municipais - Rio (creche ao 3º ano); Nilópolis (todos os alunos); Itaguaí (creches); Angra (creches); Universidades - Uenf, Rural; Escolas - Sesi, Senai. Retornam dia 31: alunas, professoras e funcionárias grávidas do estado e município. Retorna dia 1º/9: Teresópolis.

CENTRO MÓVEIS
Os dois centros móveis de prevenção ao vírus circularão das 9h às 17h por 11 escolas municipais em São Cristóvão e na Zona Sul. No decorrer da semana, as demais unidades da rede receberão as visitas para orientar alunos. Mais de 30 mil professores já foram capacitados para lidar com a doença.

PROPAGANDA
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu nesta semana proibir temporariamente a veiculação de propagandas de analgésicos e de antitérmicos para aliviar sintomas da gripe comum devido ao grande número de casos da gripe suína. Objetivo é evitar que o uso dos medicamentos mascare uma situação de risco à saúde.

TIRE DÚVIDAS
Telessaúde 3523-4025; Disque-Gripe 0800-281-0100.