Por: Gladys Ferraz Magalhães
SÃO PAULO - Na opinião do conselheiro da Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria de Trigo) e presidente das indústrias de Trigo dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, Antenor Barros Leal, a redução da tarifa de importação incidente sobre a matéria-prima vinda de países de fora do Mercosul deve evitar aumentos nos preços dos produtos derivados.
"A medida é para viabilizar o consumo. Mais do que baixar os preços dos produtos para o consumidor, ela deve evitar que eles subam de forma exagerada", explica Barros Leal.
De todo o trigo consumido no Brasil, aproximadamente 90% são provenientes da Argentina, contudo, por problemas de quebra de safra, o país vizinho não tem conseguido atender à demanda brasileira, o que faz com que o governo não descarte a possibilidade de reduzir a tarifa de importação do trigo originário de outros países.
Trigo
Segundo o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ivan Ramalho, o Brasil já teria sido obrigado a recorrer a outros países, por conta da assimetria no fluxo comercial com o país vizinho.
"No ano passado, o Brasil já foi obrigado a recorrer a outros fornecedores, como a Rússia, Ucrânia e o Canadá, para suprir a redução das vendas do trigo argentino", disse o secretário-executivo, conforme publicado pela Agência Indusnet Fiesp.
Atualmente, o trigo vindo de países que não pertencem ao bloco econômico sul-americano está sujeito à TEC (Tarifa Externa Comum) de 10%, enquanto, para a matéria-prima dos países de dentro do bloco, a tarifa é zero. Representantes do Brasil e da Argentina devem se reunir entre os dias 29 e 30 de abril, em Buenos Aires, para discutir o problema.