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FALANDO DE PALAVRAS


Autoria:

Antonio Porfirio Filho


Brasileiro, funcionário público, graduado em Letras/Português/Inglês, pós-graduação Formação de Professor e Língua Portuguesa - Universidade Federal de Alagoas, bacharel em Direito/FACIMA/AL.

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Resumo:

Ainda sobre palavras dessa 'nossa língua portuguesa' (como bem diz certo famoso gramático), algumas devem ser mais bem ouvidas e mais ainda bem expressadas com a cautela de praxe, por nós mesmos.

Texto enviado ao JurisWay em 27/02/2012.



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Ainda sobre palavras dessa ‘nossa língua portuguesa’ (como bem diz certo famoso gramático), algumas devem ser mais bem ouvidas e mais ainda bem expressadas com a cautela de praxe, por nós mesmos.

Uma dessas palavras trata-se de competente[1], sobretudo quando empregada em orações como (ou do tipo (thipu):

  1. Você é muito competente;
  2. Você é o mais competente;
  3. Você é absurdamente competente;
  4. Você é extremamente competente;
  5. etc etc etc e tal.

Minha nossa! Como essas frases causam arrepios. A depender de quem nos dirija, percebe-se que são por demais falsas, desprovidas do mínimo de veracidade sobre o que realmente a pessoa está nos dizendo, principalmente quando se sabe que aquele que nos fala não gosta de nós, fala mal de nossa pessoa, ignora-nos. No entanto, diz-nos porque a situação assim o reclama: ‘fulano, você é muito competente’.

Situação diferente quanto ao emissor, mas que também merece ser vista com reserva, diz-se quando a própria pessoa costuma expressar o adjetivo a respeito de si próprio, de forma frenética:

  1. Eu sou muito competente;
  2. Eu sou o mais competente;
  3. Eu sou absurdamente competente;
  4. Eu sou extremamente competente;
  5. Eu sou mais competente que você para esta tarefa;
  6. etc etc etc e tal.

A questão aqui está no discernimento de auto-estima da pessoa, confundido até com um exacerbado sentimento narcisista - Eu sou mais competente que você para esta tarefa -, em que se vê como o ser mais preparado do universo para solucionar ou resolver qualquer questão que se apresenta, em todos os ambientes que faz presença.

Sinceramente, é difícil saber em que jaz a maior tolice: crer em quem nos dirige as frases ou acreditar que, realmente, somos tudo isso.

Ora, ser competente é tão efêmero quanto ser não-competente. Explicando: competente todo mundo é, e não é ao mesmo tempo. Parecemos ser competentes naquilo que costumamos realizar cotidianamente, sobretudo no ambiente de trabalho, com emprego de vontade, luta, garra e esforço. Então somos elogiados. Mas isso é passageiro. Basta nos colocar em um ambiente diferente daquele do dial, que deixamos de ser competentes, e então nos frustraremos com nós mesmos e nos decepcionaremos com aquela pessoa que dantes nos qualificou como competentes.

Assim está para, também, ser não-competente, pois não creio que alguém seja não-competente o tempo todo. Basta uma oportunidade e teremos uma pessoa capaz de realizar. Sim, capaz. Prefiro assim a enchê-la de elogios falseados, pois creio que essa pessoa será, progressivamente, posta diante de novos desafios e, mais cedo ou mais tarde, pode deixar de ser vista como competente, momentaneamente, passando a sê-lo posteriormente. Um ciclo em constante movimento.

É por isso que no serviço público (digo, no Setor Público, já que alguns não gostam de considerar o Judiciário um serviço público, dando-o status de poder, e o é, diga-se, ninguém nega, mas essa não é a questão para se debater no momento), prefiro trabalhar com aquelas pessoas que demonstram von – ta - de, a trabalhar com alguns muitos que têm um sem-número de qualificações (no mínimo três graduações; dez especializações; quinze mestrados; 200 doutoramentos ou doutorados; 10.000 PHDs; e assim seguem as sentenças hiperbólicas sarcasticamente aqui escritas só para dizer que nada disso adianta se o ‘superdotado’ não quiser realizar seu ofício durante o expediente.

Certa vez fui um competente-audacioso. Em reunião com o chefe, disse: “dê-me servidores motivadamente com vontade de trabalhar que eu os farei competentes para o desempenho de suas funções; mas não me apresente nenhum competente-doutor preguiçoso, pois assim sendo serei nomeado a supervisor-de-Seção não-competente, já que as tarefas não serão desenvolvidas a contento, como diz certo alagoano, hoje da Bahia”. Dois anos após a reunião, durante um curso de formação, o professor apresentou minhas razões como sendo uma nova tendência do Setor Privado, ou seja, as empresas privadas preferem aquele funcionário que se dedica ao ofício; relaciona-se bem no ambiente de trabalho; zela pelo estabelecimento.

O recado é: a pragmática, a experiência tem-me mostrado, seja observando pessoas, seja sendo uma dessas pessoas que aquele que se apresenta com vontade supera todos os obstáculos e, conquanto não tenha conhecimento técnico especializado na atividade que se propõe realizar, conseguirá fazê-la; não obstante esteja com excesso de tarefas irá sempre encontrar tempo disponível a realizar alguma que o seu chefe imediato lhe cobra. Ora competente, ora não-competente, o importante é abraçar a causa, ‘vestir a camisa’. E tudo se renovará a cada dia de luta.



[1]adj. 2 g. s. 2 g. (http://www.priberam.pt/DLPO/default.aspx?pal=competente)

adj. 2 g. s. 2 g.

adj. 2 g. s. 2 g.

1. Capaz.

2. Idóneo.Idôneo, bastante, suficiente.

3. Que corresponde.

4. Que é adequado.

5. Preciso, indispensável.

6. Legal.

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