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Brasileiro viaja mais e abre mercado para quem fala português

Fonte: JB Online - Jornal do Brasil 8/11/2010

Texto enviado ao JurisWay em 09/11/2010.

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Nova York e Paris - O gasto dos brasileiros no exterior bateu recorde em setembro, segundo os dados mais recentes do Banco Central (BC). Segundo a instituição, foram gastos pelos brasileiros em viagens internacionais US$ 1,5 bilhão em setembro. Com o real atingindo os maiores patamares desde 2008 ante o dólar, os turistas brasileiros ganham espaço entre os que mais consomem em viagens para fora do País. Com isso, fomentam também um fenômeno nos países que mais visitam: a demanda por trabalhadores no comércio que falam português.

Em Paris, foi-se o tempo em que os comerciantes faziam de tudo para atrair a atenção dos turistas americanos e árabes. O setor de turismo da luxuosa capital francesa está tendo de se adaptar ao aumento inesperado dos turistas brasileiros na Europa. Em apenas um ano, a visita dos "brazucas" subiu 10%, obrigando os franceses a providenciar um atendimento mais personalizado a essa nova clientela.

A atitude mais imediata para fazer face à demanda foi a de contratar funcionários que falam o português, a fim de facilitar a estadia e as compras dos brasileiros. Em uma terra onde qualquer francês torce o nariz se tem de falar em inglês, a solução caiu como uma luva para os brasileiros, que não são dos mais adeptos da língua de Molière.

"Faz toda a diferença poder falar a própria língua. A gente se sente mais seguro ao perceber que o vendedor está entendendo exatamente o que a gente quer dizer. Tudo fica mais fácil", disse o dentista paulista Tiago Mariutti, enquanto circulava com o esposa pela Benlux, perfumaria em frente ao Museu do Louvre que está se tornando conhecida por ter pelo menos seis funcionários prontos para atender o cliente em português. No verão europeu, o número de funcionários contratados temporariamente pela loja para atender o aumento da demanda de brasileiros passa de 10.

"O que aconteceu neste ano de 2010 foi inacreditável. Nunca vi tanto cliente brasileiro antes", atestou Caroline Pierquet, com a autoridade de quem trabalha há 32 anos no estabelecimento e verificou nas vendas o aumento de 35% da presença de compatriotas. "Eles não apenas estão mais numerosos, como gastam muito mais do que há cinco anos. Para os brasileiros, ficou barato vir passar boas férias em Paris."

Caroline tem razão: conforme um relatório da Global Refund, especialista em comércio internacional, o volume de dinheiro gasto pelos brasileiros na França aumentou 5,1% de 2008 a 2010, chegando à soma de 37,8 milhões de euros (R$ 8,78 milhões). O mesmo relatório aponta que os brasileiros hoje são a quinta nacionalidade que mais visita a França - há 10 anos, eles sequer ocupavam uma posição entre 10 primeiros. Fenômeno semelhante acontece também com outros países emergentes, como a China e Índia, que jamais mandaram tantos turistas para o exterior como agora.

A mudança nos parâmetros foi sentida pelo setor hoteleiro: em um dos estabelecimentos mais luxuosos da cidade, o hotel George V, a presença de brasileiros subiu em 50% em cinco anos - 20% apenas no último ano. Resultado: de 2009 para cá, o número de funcionários que falam português passou de oito para 14. "Estamos apostando nesta clientela e acreditamos que ela será ainda 10% maior nos próximos anos", disse Caroline Mennetrier, diretora de Relações Públicas do hotel. "Os brasileiros já ocupam a oitava posição entre os nossos clientes estrangeiros e é um mercado com um forte potencial."

Pela primeira vez na cidade, o ginecologista brasileiro Sérgio Vieira disse que não teve problemas para se comunicar nos estabelecimentos franceses - mas reconheceu que não há nada como receber o atendimento de um funcionários à la brasileira. "Eles são bem mais atenciosos. Não achei os franceses tão grosseiros, como dizem, mas nada se compara com o atendimento dos brasileiros", afirmou, acrescentando que a facilidade da língua é fundamental quando se procura um produto específico, como foi o caso dele em busca de um óculos de sol.

Já no ramo dos transportes, jamais a empresa de locação de veículos de luxo Duga teve um faturamento tão volumoso quanto neste ano. Fundada por dois brasileiros há cerca de 13 anos, a empresa constata que o bom momento econômico do País está levando as pessoas a experimentar viagens que sonhavam fazer há muitos anos. "Temos muitos clientes habituais, que vêm todos os anos. Não apenas eles decidiram voltar a Paris no mesmo ano como o que número de novos clientes aumentou de uma maneira espetacular", explica Rodrigo Perozzo, diretor técnico da Duga. Perozzo ainda conta que, neste ano, foi procurado por "diversos" hotéis querendo contratar os seus serviços para melhor atender os brasileiros. "Essa explosão da clientela é fácil de explicar: dólar baixo, o euro caindo e viagens podendo ser pagas em até 10 vezes, só não vem quem não quer", disse o empresário.

Brasileiros ajudam combalida economia americana

Em Nova York, chama atenção o título no site especializado em propaganda gratuita Craigslist: Precisa-se de Atendente que fale Português e Inglês. Uma "grande loja de departamentos" localizada em Midtown West precisa de atendentes que falem português para lidar com o público. Salário: de US$ 9 a US$ 11 por hora. Uma rápida caminhada pelo SoHo, a meca das compras em Manhattan, onde estão localizadas as lojas da japonesa Uniqlo, Banana Republic, Victoria's Secrets, H&M e Guess, constata-se que uma das línguas mais ouvidas já é o português.

De acordo com a prefeitura de Nova York, em 2009 (dados mais recentes divulgados) 338 mil brasileiros visitaram a cidade, catapultando o país para o 11º mercado de turistas estrangeiros na cidade e o maior da América Latina, à frente do México. Para se ter uma ideia do aumento de turistas brasileiros na cidade, em 2006 eram apenas 151 mil, um aumento de 123% em três anos.

A.Moreno, 29 anos, que prefere não ser identificado pelo primeiro nome, é o queridinho das brasileiras desde que foi contratado pela Bloomingdale's do SoHo, em setembro. Um de seus principais atributos? Fala português. Moreno, que faz faculdade de Moda e Estilismo, é cabo-verdeano. "Mas a maioria das clientes é brasileira, muitas de São Paulo e do Nordeste", conta, com um sotaque típico das ilhas colonizadas por Portugal. Moreno fica baseado no quarto andar, onde estão as coleções femininas de Donna Karan, uma das favoritas das brasileiras. "Em pouco mais de dois meses já percebi que o perfil das brasileiras é o da compradora exigente, que quer algo mais prático, para usar no trabalho, que se adapte à realidade mais tropical do País, com temperaturas médias mais altas do que as de Nova York. Em menor escala, temos as socialites, que chegam com as amigas e estão mais preocupadas com exclusividade, querem algo que não será muito usado no Brasil", conta.

Marilla Maia, 45 anos, trabalha como vitrinista na Ariella, a poucos passos da Bloomingdale's, na West Broadway, e conta que com o dólar barato o aumento de brasileiros comprando em Nova York já é motivo de alegria no comércio da cidade, sofrendo com dois anos de recessão e a retração do consumo interno. "Mais uma brasileira trabalha aqui e a nova loja da Guess, na Broadway, deveria contratar urgentemente uma funcionária que fale português, porque todas as brasileiras que baixam por aqui querem comprar bolsas lá. Hoje mesmo conheci um brasileiro que foi contratado por uma joalheria em Midtown. E uma outra conhecida, também brasileira, especializada no mercado imobiliário, conta que o aumento de brasileiros alugando apartamento por temporadas na cidade também é recorde", contou.





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