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Com criatividade, professores de escolas estaduais e municipais driblam a falta de recursos e encerram a monotonia em sala de aula, motivando seus alunos com iniciativas que fogem do padrão. Vale tudo para incentivar estudantes, desde instituir horário exclusivo à leitura – inclusive para funcionários –, organizar sarau para apresentar o mundo artístico ou desenvolver projetos interdisciplinares que tragam o conteúdo das disciplinas para a realidade. As inovações repercutem positivamente no aprendizado e, como consequência, no interesse pela escola e pela educação.
De acordo com Shigunov, o sistema de ensino está atrasado. Por isso, o uso de recursos audiovisuais é fundamental para atrair o interesse do aluno e facilitar o aprendizado. “Com os múltiplos recursos que existem, o aluno se desinteressa pela aula comum. No Túnel do Conhecimento, eles se envolvem, participam e aprendem”, diz. Doutora em Educação, a professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Araci Asinelli da Luz explica que projetos como esse são essenciais para aproximar os estudantes da realidade. “Os currículos não têm significado para os alunos, afastando-os da escola. E isso desmotiva. Uma proposta dessa inclui o estudante como autor. Ele se sente bem”, diz.
Araci defende trabalhos diferenciados para transformar a concepção da escola para o estudante. “Isso coloca a instituição como ambiente rico para relações humanas”, diz. O bom relacionamento com o espaço favorece o cuidado com o local de estudo, seguindo a velha máxima de que “quem ama cuida”.
Semana cultural
A Escola Municipal Nimpha Maria da Rocha Peplow, no Vista Alegre, organizou, na primeira semana do mês, um sarau cultural. Nos cinco dias, profissionais de diversos ramos das artes – artistas plásticos, poetas, pintores, escritores e ilustradores – estiveram na escola expondo trabalhos, conversando com alunos e a comunidade, além de ministrar oficinas. “Desde o ano passado, promovemos iniciativas que envolvam a literatura e as artes”, conta a professora de Literatura, Ensino Religioso e responsável pela biblioteca da instituição, Lucia Felix Pedri. O pontapé inicial para o projeto deste ano ocorreu em função do centenário de nascimento de Sinibaldo Trombini, patrono da biblioteca da escola.
A professora de Artes Claudia Alessi afirma que as crianças se tornaram mais sensíveis desde que passaram a conviver com a cultura. “Eles têm olhar mais crítico e um processo criador mais aguçado. Elas relacionam as disciplinas com a realidade e melhoram o desempenho escolar, inclusive em outras disciplinas”, diz.
Para os estudantes, essas iniciativas se transformam em incentivo. “Nunca me senti desmotivada com a escola, mas ela ficou muito diferente na semana. Bem mais legal”, conta Nicolle, 9 anos. As crianças se encantaram com a oficina sobre produção de histórias em quadrinhos. “A gente aprendeu sobre onomatopeias e toda a criação”, completa. Marcos, 9 anos, também aprovou o projeto: “Conhecemos novos livros, novos quadros. Um monte de coisas que a gente não vê todos os dias”, diz.
Além do sarau, os professores inventaram a “mala da leitura”. A ideia simples – consiste em uma mochila com um livro, que deve passar por todos os alunos de uma turma para que todos leiam – é um dos principais incentivos à leitura. Com isso, os alunos passaram a mostrar interesse pela literatura, apesar da pouca idade. “Nos livros, a gente se sente como o personagem. Dá para notar que ler não é como filme, é bem melhor”, opina Isabelle, 10 anos.
Projetos como o Túnel do Conhecimento ou Sarau Cultural movimentam a comunidade, muitas vezes alheia à escola. No caso da Escola Municipal Nimpha Maria da Rocha Peplow, o espaço permaneceu aberto aos moradores durante toda a semana de 1 a 6 de junho, de manhã à noite. “Como trouxemos artistas, houve interação com a comunidade, que participou das oficinas e visitou a escola”, diz Claudia Alessi, professora de Artes. “Há pessoas que moram próximo, mas nunca tinham entrado aqui. E a participação dos pais também incentiva as crianças”.
A apresentação da Corruptolândia – Sociedade do Lixo movimentou outras pessoas, além de estudantes e pais. A comunidade se mobiliza para assistir ao resultado do esforço e dedicação dos estudantes – que passam um fim de semana na montagem da estrutura. Professora da UFPR e doutora em Educação, Araci Asinelli da Luz afirma que a interação aguça o sentido de importância da escola. “Esses jovens, em geral de periferia, percebem que a escola é vida”, diz. O interesse pelo projeto de Nicolau Shigunov é tão grande que ex-estudantes pedem para participar da encenação. “Todo ano o pessoal fica na expectativa pelo projeto. Curioso para saber o tema e aguardando o agendamento da data”, afirma o professor de Biologia da Escola Estadual La Salle. (VB)