Últimos artigos
Consumo de gás natural no País cresce 55% em outubro 22/12/2010
União desvia R$ 43 bi de fundo de telecomunicação 22/12/2010
Senado aprova regulamentação da profissão de arquiteto e urbanista 22/12/2010
Cartão aluguel pode ser ampliado 22/12/2010
Em 2010, nº de celulares pode passar de 200 milhões 22/12/2010
Regras disciplinam mediação e conciliação 16/12/2010
Nova lei obriga noivos acima de 70 anos a ter separação de bens 16/12/2010
Quase metade da população brasileira tem veículo próprio 16/12/2010
Livros de papel e os clubes de leitura continuam em alta no Brasil 16/12/2010
Equipamentos eletrônicos sem utilidade serão recolhidos para reciclagem no Rio 16/12/2010
Fonte: Portal do Jornal O Globo 26/4/2010
Texto enviado ao JurisWay em 26/04/2010.
RIO - Em fevereiro deste ano, Lívia Ulguim Marcello, de 29 anos, entrou numa clínica em Porto Alegre para se submeter a uma cirurgia de lipoaspiração e implante de silicone, mas não saiu. Ela sofreu quatro a cinco perfurações no fígado, seguida de hemorragia grave. O laudo da necropsia, divulgado esta semana, apontou erro médico. Não foi um caso isolado. Desde janeiro, outras mulheres morreram em procedimentos estéticos. Uma delas há três meses, numa técnica que usa injeções de gás carbônico para melhorar o aspecto da pele. Em congresso no Rio, que reuniu mais de dois mil especialistas do Brasil e do exterior, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD) apresentou as últimas novidades na área e alertou para os perigos de acidentes.
Como em qualquer ato cirúrgico, até mesmo os menos invasivos, há riscos e situações que fogem ao controle do médico. Em tratamentos estéticos um exemplo é a qualidade da cicatrização, que, segundo especialistas, independe da perícia do cirurgião. Há pacientes que cicatrizam bem numa parte do corpo e em outra não. Para diminuir o risco de acidentes e erros médicos, o primeiro passo é escolher um profissional qualificado. No caso da SBCD (www.sbcd.org.br), um pré-requisito para se tornar membro é ser dermatologista.
- No Brasil, independentemente de sua especialidade, o médico pode praticar qualquer procedimento. Mas em se tratando de pele é importante procurar um dermatologista ou cirurgião plástico de sociedades reconhecidas - alerta o dermatologista Sérgio Schrader Serpa, presidente da SBCD.
Na lipoaspiração de gordura localizada, que anda assustando muita gente, há alternativas seguras, explica o dermatologista Joaquim José Teixeira de Mesquita Filho, chefe do setor de cirurgia dermatológica do Instituto de Dermatologia Professor Rubem David Azulay da Santa Casa do Rio. Na anestesia, ele prefere injetar uma grande quantidade de líquido com anestésico muito diluído associado a substâncias que contraem os vasos, como a adrenalina.
Preenchimentos exigem cuidados
Esta técnica, diz o médico, aumenta a espessura da camada de gordura e diminui a vascularização, pela ação da adrenalina, o que reduz o risco de perfuração de vísceras e sangramento. Ele também não faz a sedação.
- O paciente fica acordado. Se ocorrer acidente, como aprofundamento da cânula até a musculatura ou na membrana que reveste a cavidade intestinal, ele se queixará de dor e avisará - diz Mesquita. - Na lipoaspiração com anestesia geral, a pessoa fica desacordada e com os músculos abdominais relaxados, podendo ocorrer perfuração de fígado ou outras estruturas sem que se perceba.
Com os preenchimentos - as substâncias injetáveis de mil e uma utilidades, que servem para melhorar a aparência de pequenas linhas e rugas, aumentar os lábios, preencher bochechas cavadas, atenuar cicatrizes, levantar sulcos profundos e reparar imperfeições - também é preciso cuidado. Podem ocorrer desde hematomas, sangramento e vermelhidão local à migração do preenchedor e formação de granulomas do tipo corpo estranho (o perigo é grande com produtos permanentes como o polimetil metacrilato, o PMMA), necrose da pele e cegueira.
O método mais seguro é com ácido hialurônico, substância presente em nosso organismo, em maior parte na pele, afirmam os dermatologistas. Com o envelhecimento ele diminui, assim como a hidratação e a elasticidade da pele; e aparecem as rugas. Já se usa a técnica com macromoléculas do ácido para aumentar volume de mamas, um método caro que evita o implante de silicone por um tempo.
- Mesmo se houver dano, o ácido será reabsorvido. O efeito dura cerca de um ano e o risco de alergia é pequeno. Entendo que preenchimentos permanentes são danos permanentes - afirma Schrader.
Cuidados que também devem ser tomados no peeling (a aplicação de substâncias ácidas na pele para estimular a sua renovação). Quando a técnica é realizada por especialista, ela atenua rugas finas, cicatrizes de acne, manchas e lesões pré cancerosas. Porém, como alertam especialistas da SBCD, em certos tipos de pele pode ocorrer mudança de cor temporária ou permanente. O uso de anticoncepcional oral, a ocorrência de gravidez ou história familiar de descoloração castanha na face aumentam as chance de pigmentação anormal. Outros problemas, possíveis, são vermelhidão por meses e formação de cicatriz. Os resultados são melhores em pessoas que se cuidam, fazem alimentação saudável e não fumam. Quem fuma tem pior cicatrização, porque o cigarro reduz o fluxo de sangue. Outra questão é que há pacientes que não se impõem limites em tratamentos estéticos, o que eleva a chance de complicações.
- O médico deve estar preparado para negar a aplicação de técnicas desnecessárias aos seus pacientes - diz Mesquita.