JurisWay - Sistema Educacional Online
 
 
Cursos
Certificados
Concursos
OAB
ENEM
Vídeos
Modelos
Perguntas
Notícias
Fale Conosco
 
Email
Senha
powered by
Google  
 
 Sala dos Doutrinadores - Artigos Filosóficos
Autoria:

Nelson Olivo Capeleti Junior
Bacharel em Direito pela Faculdade Cenecista de Joinville. Aprovado no XX Exame de Ordem. Advogado - OAB/SC 51.501 Contato: capeleti.legis@gmail.com Rede Social: Nelson Capelletti

envie um e-mail para este autor
Monografias Direito Penal

Porte de Armas para o Cidadão de Bem e a Falácia do Discurso de que a Lei Protege Bandidos

O ordenamento jurídico protege bandidos? Não. O ordenamento jurídico protege a vida, para que não matemos, por um par de calçados.

Texto enviado ao JurisWay em 17/11/2017.

indique está página a um amigo Indique aos amigos

 

Em uma sociedade que regulamentou o porte de armas de fogo para o “cidadão de bem”, Márcio preparava-se para ir ao trabalho; selecionou a roupa adequada, tomou um banho demorado, pois se levantara cedo de seu leito, perfumou-se, alimentou-se, municiou sua arma e partiu.

Ao sair de casa, lembrou que talvez tivesse esquecido o celular, assim, apalpou os bolsos. Ufa, ele estava ali, no bolso esquerdo, a carteira no bolso de trás da calça, tudo estava em ordem.

O trânsito estava lento, o que oportunizou ao nosso “cidadão de bem” alguns momentos de reflexão, acerca da vida honesta que elegera para si, e os frutos advindos de sua semeadura justa.

- Ora, o ser humano é dotado de liberdade para escolher o caminho a trilhar, de tal modo que, não existe determinismo, não importando qual sua condição social, todos devem agir de acordo com os bons costumes.

Na realidade, o discurso, “esquerdista”, causava repulsa em Márcio, que não conseguia entender por que alguém defenderia com unhas e dentes um delinquente que elegeu para si a marginalidade.

A vida de Márcio era repleta de certezas, pois que, nosso “cidadão de bem”, encontrou na palavra evangélica de seu templo religioso, o amparo celeste ao seu modo de ser e sentir, e a certeza da salvação em uma eternidade de bênçãos na glória de Deus.

Em contrapartida, encontrou também amparo divino aos seus preconceitos, haja vista, a certeza de que, os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.

O caminho para o trabalho seguia calmo, com serenidade de mãe, na glória de Deus, até que o trânsito fluiu, requerendo de Márcio, mais atenção ao volante, o que lhe impossibilitou maiores ponderações. Assim, ligou o som do automóvel.

De plano, deleitou-se com o louvor da manhã. Era um homem de Deus, era um eleito, estava na paz do senhor, Glória, a Deus!

Estacionou na vaga de sempre, e rumou para o trabalho, mais alguns metros e estaria no seu destino, pelo que, viu, caminhando em sua direção, um jovem, maltrapilho, em atitude suspeita.

Neste momento, sentiu o atrito da arma de fogo com o seu quadril, pois esquecera até então, que ela estava ali, consigo; seu instrumento de proteção de “homem de bem”.

Assim que o jovem aproximou-se, deu voz de assalto, empunhando uma arma de fogo, exigindo-lhe o par de calçados.

Perdeu – Perdeu – O tênis – Rápido!

A descarga de adrenalina e cortisol na corrente sanguínea de Márcio reduziu sua visão periférica, havendo, apenas, o jovem, infeliz, a sua frente, e nada mais.

Agachou-se e tirou os sapatos, entregando-os ao jovem, ao tempo em que pensava aflito, se perderia a sua vida por um maldito par de sapatos, pelas mãos de um delinquente qualquer...

Viu o sorriso de malfeitor no semblante do jovem, quando este tomou posse dos calçados, e, as pernas de Márcio estremeceram quando o delinquente, dando dois passos para trás, com a arma ainda em punho, baixou-a, dando fim à ação delituosa e iniciando a fuga, a pé.

Instantaneamente, quando o jovem deu as costas, Márcio, que até então, era a vitima, puxou sua arma e disparou três vezes contra o delinquente, que caiu, sem vida, imerso em uma poça de sangue, com o par de calçados ao lado esquerdo do corpo e, a arma de fogo, ao lado direito.

Nos noticiários, a manchete era: “cidadão de bem” reage a assalto e mata bandido.

O resultado do porte de armas para o cidadão de bem....

Márcio acabara de tirar uma vida por um par de sapatos.

Com toda a ação filmada por câmeras de segurança, acabaria, ainda, indiciado por homicídio doloso.

O ordenamento jurídico protege bandidos? Não. O ordenamento jurídico protege a vida, para que não matemos, por um par de calçados.

Importante:
1 - Todos os artigos podem ser citados na íntegra ou parcialmente, desde que seja citada a fonte, no caso o site www.jurisway.org.br, e a autoria (Nelson Olivo Capeleti Junior).
2 - O JurisWay não interfere nas obras disponibilizadas pelos doutrinadores, razão pela qual refletem exclusivamente as opiniões, idéias e conceitos de seus autores.

indique está página a um amigo Indique aos amigos

Nenhum comentário cadastrado.



Somente usuários cadastrados podem avaliar o conteúdo do JurisWay.

Para comentar este artigo, entre com seu e-mail e senha abaixo ou faço o cadastro no site.

Já sou cadastrado no JurisWay





Esqueceu login/senha?
Lembrete por e-mail

Não sou cadastrado no JurisWay




 

Institucional

O que é JurisWay
Por que JurisWay?
Nossos Colaboradores
Profissionais Classificados
Responsabilidade Social no Brasil



Publicidade

Anuncie Conosco



Entre em Contato

Dúvidas, Críticas e Sugestões



Seções

Cursos Online Gratuitos
Vídeos Selecionados
Provas da OAB
Provas de Concursos
Provas do ENEM
Dicas para Provas e Concursos
Modelos de Documentos
Modelos Comentados
Perguntas e Respostas
Sala dos Doutrinadores
Artigos de Motivação
Notícias dos Tribunais
Notícias de Concursos
JurisClipping
Eu Legislador
Eu Juiz
É Bom Saber
Vocabulário Jurídico
Sala de Imprensa
Defesa do Consumidor
Reflexos Jurídicos
Tribunais
Legislação
Jurisprudência
Sentenças
Súmulas
Direito em Quadrinhos
Indicação de Filmes
Curiosidades da Internet
Documentos Históricos
Fórum
English JurisWay



Áreas Jurídicas

Introdução ao Estudo do Direito
Direito Civil
Direito Penal
Direito Empresarial
Direito de Família
Direito Individual do Trabalho
Direito Coletivo do Trabalho
Direito Processual Civil
Direito Processual do Trabalho
Condomínio
Direito Administrativo
Direito Ambiental
Direito do Consumidor
Direito Imobiliário
Direito Previdenciário
Direito Tributário
Locação
Propriedade Intelectual
Responsabilidade Civil
Direito de Trânsito
Direito das Sucessões
Direito Eleitoral
Licitações e Contratos Administrativos
Direito Constitucional
Direito Contratual
Direito Internacional Público
Teoria Econômica do Litígio
Outros



Áreas de Apoio

Desenvolvimento Pessoal
Desenvolvimento Profissional
Língua Portuguesa
Inglês Básico
Inglês Instrumental
Filosofia
Relações com a Imprensa
Técnicas de Estudo


Copyright (c) 2006-2024. JurisWay - Todos os direitos reservados