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 Defesa do Consumidor
 

Brasileiros trocam produtos básicos por outros mais sofisticados

Fonte: Correio Braziliense 4/10/2010

Texto enviado ao JurisWay em 04/10/2010.

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Eles oferecem praticidade e economizam tempo, benefícios importantes para quem passa todo o dia fora de casa  

Victor Martins
 
O aumento contínuo da renda e as rotinas cansativas de trabalho estão fazendo o consumidor comprar muito mais que produtos comuns, como arroz e feijão. Estão à procura de tempo e dispostos a pagar caro por ele. Cozinhar, lavar roupas e até fazer um suco demandam minutos preciosos de que os brasileiros não desejam abrir mão. Com isso, os congelados, as lavanderias e todo o setor de serviços estão ganhando cada vez mais espaço. De acordo com pesquisa da consultoria em varejo Nielsen, enquanto a compra de produtos da cesta básica que exigem preparo recuou 2,2% no primeiro semestre do ano contra igual período de 2009, itens mais sofisticados, com maior praticidade, tiveram crescimento recorde: registraram uma alta de 6%.

O brasileiro está em busca de conveniência e fugindo das rotinas domésticas. “O engajamento da mulher no mercado de trabalho, a expansão da renda e as pessoas cada vez com menos tempo para fazer mais coisas são as causas da busca pela praticidade”, afirmou João Carlos Lazzarini, diretor de atendimento ao varejista da Nielsen. Optar por uma carne que já vem cortada ou por itens congelados acaba saindo mais caro do que os que exigem preparação. Na média, os preços são de 5% a 10% maiores.

Um presente no fim do dia

Uma das características dos novos consumidores é a compra por indulgência, ou a do “eu mereço isso”. “São aquelas pessoas que depois de ter trabalhado muito ou passado por algum estresse chegam ao fim do dia e dizem ‘eu mereço um chocolate especial, uma cerveja premium’”, explicou Lazzarini. Em função disso, os supermercados estão ampliando seus estoques de produtos de maior valor agregado, com um grau de sofisticação maior, para atender essa clientela que vê nesses itens uma forma de extravasar e relaxar.

A designer gráfica Michelle Cunha, 37 anos, é a típica consumidora moderna. Não tem tempo para fazer comidas incrementadas, mas tenta equilibrar o uso de congelados por receio quanto aos conservantes e ao excesso de sal. Busca os produtos que fazem bem, tanto a ela como ao meio ambiente e é adepta do “eu mereço”. “Gosto de um pouquinho de luxo”, disse, um pouco constrangida. “Depois de um dia intenso e cansativo de trabalho, às vezes eu digo para mim mesma: mereço aquele chocolate gostoso”, revelou Michelle.

“Todas as categorias especiais estão crescendo. Os vinhos chilenos e os chocolates mais sofisticados estão em expansão. Um avanço que está muito ligado a essa questão da indulgência atrelada à sofisticação”, avaliou Lazzarini. “Sem esquecer, é claro, que esse consumo também passa pela conveniência”, emendou o diretor da Nielsen. “O consumidor(1) está vivendo mais qualidade de vida adquirindo esses produtos”, concluiu Fátima Merlin, da consultoria Kantar Wordpanel. (VM)

1 - Pagar mais não é problema

Do total das donas de casa brasileiras, 23% consomem por impulso, gostam de experimentar produtos novos e trocam de marca facilmente. Dessas, 12% compram aos domingos e têm um gasto médio de R$ 61,29 cada vez que vão a um estabelecimento. Outra característica desse público é não se importar de pagar mais caro e preferir locais em que não precisa perder tempo, onde é possível encontrar tudo facilmente. Os dados são da Kantar Wordpanel. Ainda de acordo com a pesquisa, o menor grupo de consumidores é aquele constituído por donas de casa que sabem o que querem e agem racionalmente e não por impulso ou emoção.

Meta é evitar itens que deem trabalho


“Eu não sei cozinhar”, afirmou a técnica em redes Juliana Borges, 30 anos, ao pegar uma costela congelada e temperada em um mercado de Brasília. “Não tenho tempo. Hoje vou receber uma amiga e essa costela é bem prática e bem rápida de fazer. Já vem até com barbecue”, explicou, referindo-se a um molho para ser usado no preparo do alimento. Juliana é uma das milhões de brasileiras que trabalha e tem uma vida independente, com pouco espaço para rotinas domésticas. Na sua geladeira, os produtos semipreparados são maioria. “É muito mais prático”, declarou.

João Carlos Lazzarini, diretor de atendimento ao varejista da Nielsen, explica que os produtos básicos de consumo tiveram uma das maiores retrações para um primeiro semestre desde 2006. Estão perdendo para os considerados sofisticados. “Com toda a mobilidade social que tivemos, com mais crédito, emprego e acesso à tecnologia, o consumidor tem mais informações. Com isso ocorreu uma mudança de comportamento. Ao mesmo tempo que ele quer conveniência, está mais exigente”, explicou Fátima Merlin, diretora de varejo da consultoria Kantar Wordpanel.

Por morar sozinha, trocou a farinha de trigo, a manteiga e o fermento por massa pronta de bolo. Os sucos prontos encostaram o liquidificador. Milhões de consumidores estão fazendo a mesma opção de Juliana, pagando para ter mais tempo e menos trabalho, ao menos na cozinha. No primeiro semestre do ano, a Nielsen constatou que, enquanto o consumo de refresco em pó avançou 3%, os sucos de caixinha registraram uma expansão de 13,7%. A bebida, feita com polpa de frutas, recuou 9,4%. E esses são apenas uma pequena amostra de uma lista extensa.

O consumo de produtos que oferecem praticidade crescem na casa de dois dígitos; em contraponto, os mais básicos, que exigem tempo, obtiveram avanços modestos ou até tiveram retração nas vendas (veja quadro acima). “Não são apenas produtos mais práticos, existem outros direcionadores de consumo”, disse Lazzarini. Com o aumento da renda, o brasileiro busca também sofisticação. Quer itens com maior valor agregado. Procura também produtos mais saudáveis, ou funcionais, como barras de cereais, iogurtes e pães especiais. (VM)



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