Vanessa Jacinto - Estado de Minas
Doença que afeta cerca de 100 milhões de pessoas em todo o mundo, a psoríase ainda estigmatiza seus portadores e desafia a indústria farmacêutica na busca de um medicamento mais eficaz para seu controle. A necessidade de novas terapêuticas e as questões envolvendo os medicamentos atualmente disponíveis no mercado serão tema do 65º Congresso Brasileiro de Dermatologia, que será realizado entre 4 e 7 de setembro, no Rio de Janeiro.
Durante o evento, o especialista norte-americano Mark Lebwohl, dermatologista do Mount Sinai Medical Center, em Nova York, vai falar sobre novos tratamentos para a psoríase, abordando pesquisas que comprovam a eficácia de drogas recém-lançadas que trazem mais alívio ao paciente. São os chamados medicamentos biológicos, como é o caso do Ustekinumab e Briakinumab, cujo papel é bloquear citocinas específicas da doença, responsáveis pelo dano ao paciente.
Especial atenção será dada à eficácia e ao perfil de segurança dos medicamentos biológicos, especialmente dos conhecidos no meio médico como bloqueadores de TNF. Embora ainda muito caros, esses medicamentos apresentam uma relação custo-benefício bastante satisfatória para os casos graves ou extensos da psoríase.
"Por ser uma doença que afeta principalmente a pele, órgão externo e visível, a autoestima do paciente fica muito abalada. Essas novas drogas representam uma novidade muito boa para os pacientes, por apresentar uma eficácia superior aos tratamentos tradicionais", acredita.
O médico explica ainda que a psoríase é uma doença hereditária que afeta o sistema imunológico e manifesta-se na pele e nas articulações de forma proeminente. Dados recentes, que serão discutidos na palestra, sugerem que a psoríase é também uma doença sistêmica, podendo afetar o sistema cardiovascular.
Luna Azulay, presidente do congresso, reforça que normalmente ela surge junto com doenças associadas, como aumento de colesterol e de triglicérides, obesidade, hipertensão, diabetes, alcoolismo, depressão, entre outras. O estresse pode detonar ou agravar os quadros.
Segundo Luna, embora não tenha cura, a psoríase pode ser bem controlada se os pacientes tiverem diagnóstico e tratamento adequados. "Os pacientes costumam ficar desesperados e tendem a aceitar qualquer tratamento, como os ditos alternativos ou conduzidos com cortisona oral ou injetável. É preciso muito critério ou, caso contrário, o problema tende a se agravar", explica.
Tipos de psoríase
Em placas: tipo mais comum, com lesões róseas ou avermelhadas recobertas por escamas de cor branca.
Invertida: lesões vermelhas leves que surgem normalmente em regiões de dobra, como axilas e virilhas.
Em gotas: segundo tipo mais comum, com lesões pequenas que se assemelham a gotas.
Palmoplantar: lesões localizadas na palma das mãos ou na planta dos pés.
Eritrodérmica: a forma mais grave e menos comum, com inflamações e manchas vermelhas em grandes áreas da pele.
Ungueal: quando as lesões de psoríase atacam as unhas, podendo fazer com que elas endureçam e se descolem da pele que está por baixo.
Artrite psoriática: pequena porcentagem de portadores de psoríase pode apresentar inflamações nas cartilagens e articulações, desenvolvendo dor física e dificuldade de movimentação.
Pustulosa: forma aguda, com lesões que têm aparência de pus.
Como se manifesta
Em geral, aparecem na unidade adulta, com pequenas lesões avermelhadas na pele, que aumentam, coçam e ficam esbranquiçadas. A psoríase começa nas extremidades, áreas de atrito (joelhos, cotovelos, região lombar, unhas e couro cabeludo)
Tratamento
Pode ser feito com o uso de medicamentos orais e tópicos (em forma de pomada), além da fototerapia (banho de luz em câmaras especiais)
Medicamentos
A nova geração de medicamentos, os biológicos, também atua na imunidade do paciente. Eles têm alto custo e só podem ser obtidos se o paciente não responder bem a outras duas tentativas de tratamentos, com terapêuticas diferentes, segundo consenso para psoríase editado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, já que eles têm outras implicações imunológicas.
Definição
Psoríase é uma doença inflamatória da pele, crônica, não contagiosa, de causa ainda desconhecida e que afeta cerca de 2% da população em geral. Atinge indistintamente homens e mulheres, sendo mais frequente na raça branca. Trata-se de um problema ligado ao sistema imunológico e pode ser desencadeada em função do ambiente ou por bagagem genética. Também é uma doença sistêmica (afeta outros órgãos).