Últimos artigos
Consumo de gás natural no País cresce 55% em outubro 22/12/2010
União desvia R$ 43 bi de fundo de telecomunicação 22/12/2010
Senado aprova regulamentação da profissão de arquiteto e urbanista 22/12/2010
Cartão aluguel pode ser ampliado 22/12/2010
Em 2010, nº de celulares pode passar de 200 milhões 22/12/2010
Regras disciplinam mediação e conciliação 16/12/2010
Nova lei obriga noivos acima de 70 anos a ter separação de bens 16/12/2010
Quase metade da população brasileira tem veículo próprio 16/12/2010
Livros de papel e os clubes de leitura continuam em alta no Brasil 16/12/2010
Equipamentos eletrônicos sem utilidade serão recolhidos para reciclagem no Rio 16/12/2010
Silvia Pacheco
![]() |
|
Ana Maria começou a sofrer com o joanete aos 7 anos. Hoje, com 38, superou a vergonha e só se incomoda com as dores constantes |
Pé de bode, pé de chaleira, pé de bailarina. Esses são alguns dos apelidos com os quais Ana Maria Costa Araújo, 38 anos, teve que conviver durante a maior parte da vida por conta de uma protuberância no pé que chegou a entortar seus dedões, o joanete. Há três décadas, a publicitária carrega em seus dois pés o problema, que se manifesta desde os 7 anos. “Eles são enormes, as coisas mais horrorosas que já vi”, conta, aos risos. “Ter joanete não é fácil. Você quer escondê-los e, às vezes, não tem como. Já pensei em fazer cirurgia por questões estéticas, mas desisti, com medo do pós-operatório”, conta. Ana Maria relata que até os 20 anos só usava sapato fechado. “Morria de vergonha dos meus pés. Achava que eles chamariam a atenção. E de fato chamaram.” Isso porque quando a publicitária resolveu “assumir” os joanetes, surgiram os apelidos. “No entanto, o que me incomoda mesmo são as dores e o inchaço no local. Tem dia em que não consigo calçar sapatos”, diz.
A história de Ana Maria é semelhante à de milhares de pessoas que sofrem com a deformação no pé. Conhecido cientificamente como hálux valgo, o joanete é a patologia mais comum do pé adulto, embora também possa ocorrer em crianças e jovens, apesar de serem raros os casos — como o de Ana Maria. Diferentemente do que muita gente pensa, o joanete não é um osso que cresceu, ou que surgiu, mas um desvio do primeiro metatarsiano (ossos do pé) e das falanges (ossos dos dedos), que se expressa como uma saliência na lateral do pé. “A deformidade deve-se a desalinhamentos articulares e desequilíbrios musculares, causando o mau posicionamento dos ossos”, explica o ortopedista Marcelo Monteiro de Barros.
![]() |
As causas do joanete vão desde a predisposição genética, o pé plano (pé chato) e o pé egípcio — no qual o dedão é maior que o segundo dedo — até o uso de calçados inadequados, como os de bico fino, e o uso prolongado de salto alto. “Normalmente, há um distúrbio básico no pé, como a predisposição para o aparecimento da deformidade e, com o uso prolongado do sapato inadequado e do salto, isso acaba acelerando o surgimento do joanete”, esclarece o ortopedista Denys Aragão. No caso da publicitária Ana Maria, todas as mulheres da família têm joanete. “Não poderia sair ilesa”, afirma.
De acordo com os médicos, a estimativa é de que 33% da população urbana tenham algum grau de deformidade. A incidência do joanete, porém, é muito menor — em torno de 2% — entre indivíduos que não têm o hábito de usar calçado fechado, como os índios. Em geral, para cada cinco mulheres, um homem desenvolve o joanete. O próprio ortopedista Marcelo Monteiro de Barros passou pelo problema. O médico atribui o surgimento do seu joanete ao tipo de pé. “Na minha família, não há caso do problema, tampouco do uso repetido de salto alto. O fato é que o meu pé é largo e grande. Meu metatarso poderia ser varo e, com a sobrecarga mecânica do esporte e de contusões, pode ter desencadeado um desequilíbrio das forças musculares que provocaram o aparecimento do joanete”, explica. O metatarso varo, ao qual Barros se refere, é a causa do hálux valgo juvenil — que, como o próprio nome sugere, ocorre em adolescentes e jovens.