O Amigo do Tempo

Desequilibra a percepção do mundo interno e externo;

Quebra a sintonia do observador com a coisa;

Inibe a exuberância da real essência dos seres;

Existe um diálogo desprovido de processualidade;

O objeto conversa e se apresenta ao mundo;

O observador deve ser amigo do tempo;

Dando ao momento o sentimento necessário de valorização;

Na busca do significado não há interferências;

A relação estabelecida é similar aos contos antigos de amor;

Exaltam-se as características, os momentos, as palavras, os gestos;

A dança de uma ventania, as flores que aparecem ao seu tempo;

O vento não costuma dizer para onde vai, tão somente baila;

Refresca mentes inquietas, devolve o sentimento de vida ao observador;

Retrata a mutação das estações e revigora a esperança de novos tempos;

Um belo diálogo com um mundo sem voz, mas de muitas palavras;

Esse é o observador, um observado pelo seu objeto;

Um construtor de mundos, um mundo construído à luz de suas observações;

Equilibrado e sensível; ardentemente apaixonado pelo observar do mundo;

Decidido a não ficar à margem de si, mas de revestir-se da real essência da vida;

Aquela oriunda de suas observações, na busca pela assinatura do artista do mundo.