Brasil tenta evitar entrada de produtos contaminados da neozelandesa Fonterra 9/8/2013
Empresa informa ao Ministério da Agricultura que lotes contaminados não foram exportados para o país
Produtos lácteos produzidos pela companhia após maio de 2012 não podem entrar no território brasileiro
Bactéria encontrada em três lotes pode causar botulismo

BRASÍLIA e RIO - O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informou nesta quinta-feira que recebeu um comunicado da embaixada da Nova Zelândia em Brasília, atestando que não foram enviados ao Brasil nenhum dos três lotes de proteína concentrada de soro de leite contaminados com a bactéria Clostridium botulinum, causadora do botulismo, produzidos por uma unidade da empresa Fonterra. O Mapa entrou em contato com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que os dois órgãos trabalhem em conjunto para proteger o consumidor.
Segundo Judi Nóbrega, diretora do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), do Mapa, a Nova Zelândia já foi notificada e terá de enviar documentos que informem e garantam que o problema já foi corrigido. Até que as autoridades de saúde neozelandesas atestem o restabelecimento da segurança alimentar e inocuidade dos produtos envolvidos na contaminação, o Mapa suspendeu a habilitação da Fonterra.
— Até pelo lapso temporal entre a data da contaminação, em maio de 2012, e sua identificação, em agosto deste ano, é necessário que o governo da Nova Zelândia avalie e certifique a qualidade e a segurança dos produtos da empresa para que eles possam voltar a ser exportados para o Brasil — explica Judi. — A bactéria foi identificada em um ingrediente da alimentação infantil e as crianças até 2 anos são mais suscetíveis ao botulismo, porque sua flora intestinal ainda não está totalmente desenvolvida.
Além disso, todas as unidades do Serviço de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) foram orientadas a devolver os produtos lácteos em pó produzidos após maio de 2012 pela Fonterra eme Hautapu, na Nova Zelândia.
Com o objetivo de confirmar a informação recebida do governo neozelandês e para proteger o consumidor brasileiro, o Mapa rastreou todas as importações de produtos lácteos provenientes daquele país desde maio de 2012 — data de produção dos lotes contaminados — e, de fato, não identificou o ingresso de nenhum desses produtos no Brasil.
O gerente geral da Fonterra no Cone Sul, Fabrizio Jorge, também afirmou ao GLOBO que o consumidor brasileiro pode ficar tranquilo, porque a contaminação está totalmente sob controle: os três lotes afetados foram rastreados e isolados. Segundo ele, o problema ficou restrito a Nova Zelândia, Austrália, Tailândia, Malásia, China e Arábia Saudita.
— Queremos tranquilizar o consumidor brasileiro quanto ao isolamento do problema. Os lotes em questão não chegaram ao Brasil ou a qualquer outro país da América do Sul nem como proteína concentrada de soro de leite nem em mistura láctea de qualquer produto final.
De acordo com o Mapa, a proteína concentrada de soro de leite é comumente registrada no Brasil com a denominação concentrado proteico de soro de leite e utilizado em produtos como bebidas lácteas, iogurtes, fórmulas infantis e bebidas para atletas. Na Nova Zelândia, foram submetidos a recall todos os lotes do leite em pó Nutricia Karicare para bebês até 6 meses e de 6 a 12 meses. A empresa é uma subsidiária da gigante francesa Danone.
A Fonterra, que trabalha com 650 ingredientes lácteos produzidos na Nova Zelândia, está no Brasil há 12 anos.
Fonte: O Globo - Online