Campanha prega o "não" à carne

Filipe Vilicic

A Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) lança oficialmente no próximo sábado, na capital, uma campanha para convencer as pessoas a abandonar o consumo de carne ao menos uma vez por semana - a “Segunda sem Carne”.

“Além de preservar a natureza, essa atitude é benéfica para a saúde, porque previne, por exemplo, diabete e problemas cardiovasculares”, prega a socióloga Marly Winckler, presidente da SVB e vegan (tipo de vegetariano mais radical, que não come ovos, não toma leite e nem usa roupas de lã ou de seda) há 14 anos. “O ideal seria que deixassem de consumir qualquer derivado de animais todos os dias. Mas adotar esse hábito na segunda-feira já é um começo”, acrescenta.

O movimento usa três justificativas principais. A primeira é que a indústria da pecuária é responsável por 18% das emissões globais de gases causadores do efeito estufa e por 80% do desmatamento do bioma amazônico. Além disso, para produzir um quilo de carne são gastos 15 mil litros de água.

A campanha será lançada no dia 3 em evento organizado pela SVB e pela Secretaria Municipal de Verde e Meio Ambiente na marquise do Parque do Ibirapuera, zona sul. Haverá palestras, oficinas, aulas de ioga e outras atividades, que se estenderão até domingo.

“Animais são abatidos com crueldade e entupidos de hormônio”, afirma o secretário do Meio Ambiente, Eduardo Jorge, que deixou de comer carne vermelha há 20 anos. “É revoltante ver como eles são tratados. Com a Segunda sem Carne, pretendemos conscientizar as pessoas de que não é bom colaborar para tamanha violência.” Após o evento, a secretaria pretende continuar a divulgar o projeto em escolas, empresas, bares, restaurantes, mercados e consultórios de médicos e nutricionistas. Os empresários que aderirem assinam um termo no qual se comprometem a incentivar seus funcionários a reduzir o consumo de carne.

Lançado em 2003 nos Estados Unidos, o Meatless Monday (traduzido aqui como Segunda sem Carne) ambiciona reduzir a produção mundial de bois, frangos e afins em 15%. “Para tal, basta a população virar vegetariana uma vez por semana”, explica Marly Winckler, presidente da SVB. “Escolhemos a segunda-feira por ser um dia onde as pessoas costumam adotar hábitos novos, como dietas.” A ideia se espalhou por outros países, como Bélgica e Austrália. Em junho deste ano, foi lançada na Inglaterra.

“Vou divulgar para meus amigos carnívoros”, diz o geógrafo Vinicius Madazio, ovo-lacto (não ingere carne, mas come derivados como ovos e leite) desde 2003. “Já há mais pessoas preocupadas com a natureza do que quando eliminei a carne de minha dieta.”

Segundo a SVB, o Brasil tem cada vez mais vegetarianos. “Uma prova disso é que nosso número de membros aumenta cerca de 20% ao ano”, afirma Marly Winckler. Hoje, a organização tem mil associados.