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O artigo trata acerca da importância da psicanálise para o desenvolvimento e atuação do direito moderno, analisando, em específico, a formação do serial killer de acordo com a perspectiva freudiana.
Texto enviado ao JurisWay em 21/11/2012.
Iron Albuquerque
Luana Batista
Sumário: Introdução; 1 Criminologia e psicanálise; 2 As fases sexuais de Freud; 3 A formação do serial killer; Conclusão; Referências.
Freud ao desenvolver sua teoria dividiu a formação humana em três fases sexuais, quais sejam: a fase oral, anal e fálica. Para o referido autor, as pulsões sexuais se desenvolveriam durante toda a vida do indivíduo, começando com o nascimento e culminando com o aparecimento do complexo de Édipo. A resolução de tal complexo é que iria definir se a criança conseguiria encontrar sua identidade como homem ou mulher. (NASIO et al, 1995, p. 39)
O Complexo de Édipo é de suma importância, visto que vai influenciar sobremaneira o caráter do ser humano, se o indivíduo receber uma educação extremada o transformará em inseguro; e, o contrário será uma pessoa de auto estima elevada e raramente apresentará desvios de personalidade em sua vida adulta. (SILVA, 2007)
A fase inicial, qual seja: a fase oral desenvolvia-se entre os seis primeiros meses do bebê e teria como zona erógena preponderante a boca, a qual proporcionava a criança o prazer pela sucção. O objeto da pulsão do bebê era o afluxo do leite que excitava a mucosa, ou o mamilo do seio materno, ou o dedo... O prazer pela sucção estaria completo quando o prazer sexual da criança virasse o de morder. (NASIO et al, 1995, p. 39-40).
A fase posterior, ou seja, a fase anal desenvolvia-se durante o segundo e terceiros anos da criança e teria como zona erógena preponderante o orifício anal, no qual as fezes seriam o objeto real que daria origem ao objeto fantasiado das pulsões anais. (NASIO et al, 1995, p. 40)
A fase final seria a fase fálica, a qual desenvolvia-se dos três aos cinco anos de idade da pessoa. O objeto real seria o órgão genital masculino e feminino, ou seja, o pênis e o clitóris respectivamente, os quais dariam origem ao objeto fantasiado, qual seja: o falo. A diferença entre os sexos (feminino e masculino) é que fazia surgir na criança uma posição de possuidor/privado do falo. No menino, o falo era a mãe fantasiada, e às vezes o próprio pai, o efeito da castração do órgão genital é que levaria o garoto a renunciar do objeto fantasiado. Já na menina no primeiro momento o objeto fantasiado era a mãe e em um segundo momento era o pai, o efeito da passagem da mãe para o pai é com a decepção que a menina sentia ao descobrir a falta do falo que achava ser dotada (o pênis), assim, o afeto em torno do qual gravita o Édipo feminino é a inveja. (NASIO et al, 1995, p. 40-42)
Seriais killers podem ser definidos como os indivíduos que praticam uma série de homicídios semelhantes durante algum período de tempo. Para a teoria freudiana os assassinos em série nascem dos conflitos internos da pessoa. (CASOY, 2008, p. 17-18)
Ballone (2003), acredita que a diferença entre o assassino em série do assassino em massa é pelo fato de este matar várias pessoas de uma vez só, sem se preocupar com a identidade delas, enquanto aquele elege cuidadosamente suas vítimas, selecionando-as.
Os assassinatos cometidos por serial killer são marcados pela semelhança de suas vítimas, sendo estas escolhidas cuidadosamente. Aliás, o ponto mais marcante para a caracterização de um assassino em série é o modelo utilizado para o cometimento dos assassinatos e a maneira como o mesmo lida com o seu crime. (MARTA, MAZZONI, 2010, p. 3). Em consonância com tal entendimento, tem-se que “o ponto mais importante para o diagnóstico de um assassino em série é um padrão geralmente bem definido no modo como ele liga com seu crime. Com freqüência eles matam seguindo um padrão, seja através da escolha da vítima ou de um grupo social definido” (BALLONE, 2003)
Com relação as características dos assassinos em série e dos estudos psicanalíticos, que se desenvolvem sobre as teorias freudianas das fases sexuais, temos que “a grande maioria dos serial killer, cerca de 82%, sofreu abusos na infância. Esses abusos foram sexuais, físicos, emocionais ou relacionados à negligência e/ou abandono”. (CASOY, 2008, p. 19)
Sendo assim, o prolongamento nas fases sexuais de Freud, implicariam em um descontrole na formação do indivíduo, logo aqueles que sofreram uma terrível paralisação ou até mesmo uma interrupção nas fases normais de sua vida há uma grande influência para formação de uma pessoa com certo grau de desequilíbrio. No caso dos assassinos em série, seu passado exerce grande influencia em sua personalidade criminosa. (SILVA, 2007)
O prolongamento em uma das fases sexuais nem sempre implicará em transformação de um indivíduo em serial killer, pode acarretar efeitos não tão drásticos. Por exemplo: A prolongação na fase oral tornará os adultos ávidos apreciadores do beijo, também podendo ensejar um motivo maior para beber e fumar, assim como sentir nojo de comida e induzir o vômito. Já na fase anal, anal acarretará em uma reação com náuseas aos balanços, logo, sentirão angústia nas viagens de trens e barcos, por exemplo. O prolongamento da fase fálica, por outro lado poderá provocar inibição sexual, promiscuidade sexual e homossexualismo. (VITIELLO; CONCEIÇÃO, 1993)
Partindo de uma análise mais perspicaz, embora às vezes não sejam fatores determinantes, podem ser instrumentos que dificultam a convivência social, como por exemplo, o homossexualismo, visto que a sociedade hodierna ainda é muito preconceituosa. Ou ainda, fatos como o induzimento ao vômito e a bulimia podem estar diretamente associados com a depressão.
A falta de convivência social e a depressão, aliadas a falta de educação familiar adequada, e a outros vícios, como o alcoolismo e consumo de drogas, por exemplo, podem influenciar de sobremaneira na formação psicológica do indivíduo, podendo acarretar em graves danos, e inclusive, na possibilidade de transformar-se em um serial killer.
Pelo exposto, é notória a importância do estudo das teorias da Psicanálise relacionado com o Direito. No presente artigo foi analisado como a ciência da criminologia depende diretamente da análise da formação dos indivíduos, desde a sua infância, visto que ficou comprovado que a grande maioria dos seriais killers sofreram abusos na infância, ocasionando distúrbios emocionais graves. Esses abusos sofridos remeteram ao estudo sobre as fases sexuais expostas na obra de Freud, e assim, verificamos que o prolongamento em uma das fases (oral, anal e fálica) é um dos principais fatores que tornam o indivíduo predisposto para prática de crimes.
BALLONE, G. L. PsiqWeb: psiquiatria geral. Disponível em:
BARROS, Célia Silva Guimarães. Pontos de Psicologia Geral. São Paulo: Ática, 2007.
CASOY, Ilana. Serial Killer: louco ou cruel? Disponível em: < http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=lang_pt&id=20vcd573iUUC&oi=fnd&pg=PA9&dq=serial+killer&ots=gN6D-BzUKI&sig=KRD9yV8ya0QWXtAn_D_ANKvVelU#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 23 de maio de 2011.
MARTA, Taís Nader; MAZZONI, Henata Mariana de O. Assassinos em série: uma análise legal e psicológica. Disponível em: < http://www.unifor.br/joomla/images/pdfs/Pensar/v15n1_artigo13.pdf>. Acesso em: 20 de maio de 2011.
NASIO, J.D et al. Introdução às obras de Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein, Winnicott, Dolto, Lacan. Rio de Janeiro: Jorfe Jahar Ed, 1995.
PHILIPPI, Jeanine Nicolazzi. A natureza da violência: uma abordagem crítica. Publicado em Jornal UFSC, Brasil. Doutoranda em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina. 2010. Disponível em: < http://www.journal.ufsc.br/index.php/sequencia/article/download/15739/14252.>. Acesso em 22 de maio de 2011.
SILVA, Fabiana Luiza. Serial Killer: Uma análise criminológica do sujeito ativo do crime. Disponível em: < http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20071121114341735> Acesso em: 19 de maio de 2011.
VITIELLO, Nelson; CONCEIÇÃO, Isméri Seixas Cheque. Manifestações da Sexualidade nas diferentes fases da vida, in Revista Brasileira de Sexualidade Humana. vol. 4. 1993. Disponível emhttp://www.adolec.br/bvs/adolec/P/pdf/volumes/volume4_1.pdf#page=40> Acesso em: 25 de Maio de 2011.
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