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"A educação é a chave do desenvolvimento. A falta de educação gera pobreza e a pobreza gera falta de educação" Wilhelm Hofmeister.(2006).
Texto enviado ao JurisWay em 17/09/2010.
Os Ignorantes são mais felizes – Uma panorâmica dos Indicadores Macro-Sociais da Educação.
“A educação é a chave do desenvolvimento. A falta de educação gera pobreza e a pobreza gera falta de educação” Wilhelm Hofmeister.(2006).
Embora seja paradoxal, o título nos remete a reflexão interessante sobre o tema da Educação.
Ora, se os ignorantes são mais felizes; porque nos impingem a estudar, e a reconhecer a institucionalização dos mecanismos de controle social?
A mensagem nuclear dos argumentos educacionais, é que a informação, a formação do indivíduo aumenta as possibilidades de alcance dos objetivos hedônicos da vida, já que a busca da felicidade importará em sacrifícios na busca da segurança e da felicidade.
Resta saber, para o que a Educação prepara o homem: para ser dócil e consciente ou agressivo, carnofágico e competitivo?
Para Simon SCHWARTZMAN (2006), não saber ler e escrever é a forma extrema de carência educacional, e a alfabetização de adultos tem ocupado um lugar de grande importância na política educacional do governo de Luis Inácio Lula da Silva.
A afirmação acima é a constatação de uma das formas de ignobilidade social, pois temos a ignobilidade cultural. A falta de consciência da existência de uma memória social causa volubilidade de geração a geração de modo a fazer-se perder no tempo os traços de toda uma civilização.
A internalização de falsas culturas sob a pecha de modernidade causa impactos desmoralizantes nos núcleos sociais sem as devidas raízes etnográficas e conscienciais.
A educação como prática da liberdade, ao contrário daquela que é a prática da dominação, implica a negação do homem abstrato, isolado, solto, desligado do mundo, assim também a negação do mundo como uma realidade ausente dos homens. (FREIRE, 1999.)
A despersonificação social se dá em ambiente domiciliar, o que torna mais difícil a verificação de sua deformação.
LUMIER (2006) sustenta que sem dúvida, o peso do conhecimento na vida social e sua importância para as pessoas sendo maiores nas sociedades modernas e nas nossas sociedades atuais, constituem um aspecto não negligenciável da experiência e da criação coletiva na teoria dos papéis sociais.
A obtusidade social faz o homem atual, imaginar-se superior aos seus antepassados ou ao outro, pertencente a culturas diametrais (ocidente x oriente).
Daí a vital importância do estudo e investigação das linhas estatísticas para formação do conceito crítico dos indicadores macro-sociais e econômicos da educação brasileira.
HADDAD, (2010) em artigo na Folha de São Paulo confirma que o atendimento à população a ser educada foi ampliado, entre 2002 e 2008, em todas as faixas etárias: de 0 a 3 anos, de 11,7% para 18,1%; de 4 a 6 anos, de 67% para 79,8%; de 7 a 14 anos, de 96,9% para 97,9%; e de 15 a 17 anos, de 81,5% para 84,1%. A escolaridade média também evoluiu no período. Na faixa etária de 15 a 17 anos, de uma média de 6,8 para 7,5 anos e, na faixa etária de 18 a 24 anos, de 8,2 para 9,4 anos de estudo.
A boa nova veio com o Ideb, que combina os indicadores de proficiência nos exames nacionais de leitura e matemática e as taxas de aprovação/ repetência. Entre 1997 e 2001, o Ideb para os anos iniciais do ensino fundamental caiu de 3,8 para 3,5. Em 2007, atingiu 4,2, lembrando que 6,0 é a meta para esse indicador para 2021.
Ana Lúcia SABÓIA (2007, pag.119/120), ilustrando as páginas do “Brasil em números – IBGE” acresce que a erradicação do analfabetismo é ainda um desafio a vencer no Brasil. Houve sem dúvida, uma redução do fenômeno quando se analisa o período que vai de 1995 a 2005. Entretanto, em 2005, a taxa de analfabetismo ainda alcançava um patamar de 11%, sendo bastante desiguais os valores para áreas urbanas e rurais, 8,4% e 25%. Entre as regiões do País, o sul se destaca com a menor taxa (5,9%), enquanto o nordeste apresenta a taxa mais elevada (21,9%).
Complementando o discurso, a coordenadora do IBGE, (SABÓIA, pag.121, 2007) ressalta que um indicador complementar para a análise do analfabetismo é a chamada taxa de analfabetismo funcional, conceito utilizado pelo UNESCO para definir aquelas pessoas ainda não suficientemente familiarizadas com as bases de leitura e escrita, em função da baixa escolaridade (menos de quatro anos completos de estudos).
A fragilidade do arranjo familiar demonstrada na Tabela A, constata que o nível de alfabetização dos pais, influencia sobremaneira na educação futura dos filhos.
FUNCIONALMENTE ALFABETIZADOS
X
ANALFABETOS FUNCIONAIS
Fonte: Instituto Paulo Montenegro/IBOPE
Segundo o Instituto Paulo MONTENEGRO(2010), o indicador de alfabetismo funcional, representa o quadro da situação de letramento e numeramento da população brasileira em idade escolar na faixa entre 15 e 64 anos.
O Instituto Paulo Montenegro e a Ação Educativa acabam de concluir a sexta edição do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf). Apurado desde 2001, o Indicador mensura os níveis de alfabetismo funcional da população brasileira entre 15 e 64 anos de idade, residente em zonas urbanas e rurais de todas as regiões do país.(inaf.2009) .
Dividido em quatro níveis, de acordo com a tabela abaixo, o Inaf classifica a população brasileira de acordo com suas habilidades em leitura/escrita (letramento) e em matemática (numeramento).
Analfabetos funcionais.
Analfabetismo - Corresponde à condição dos que não conseguem realizar tarefas simples que envolvem a leitura de palavras e frases ainda que uma parcela destes consiga ler números familiares (números de telefone, preços etc.).
Alfabetismo rudimentar - Corresponde à capacidade de localizar uma informação explícita em textos curtos e familiares (como um anúncio ou pequena carta), ler e escrever números usuais e realizar operações simples, como manusear dinheiro para o pagamento de pequenas quantias ou fazer medidas de comprimento usando a fita métrica.
Alfabetizados-funcionalmente
Alfabetismo básico - As pessoas classificadas neste nível podem ser consideradas funcionalmente alfabetizadas, pois já lêem e compreendem textos de média extensão, localizam informações mesmo que seja necessário realizar pequenas inferências, lêem números na casa dos milhões, resolvem problemas envolvendo uma seqüência simples de operações e têm noção de proporcionalidade. Mostram, no entanto, limitações quando as operações requeridas envolvem maior número de elementos, etapas ou relações.
Alfabetismo pleno - Classificadas neste nível estão as pessoas cujas habilidades não mais impõem restrições para compreender e interpretar elementos usuais da sociedade letrada: lêem textos mais longos, relacionando suas partes, comparam e interpretam informações, distinguem fato de opinião, realizam inferências e sínteses. Quanto à matemática, resolvem problemas que exigem maior planejamento e controle, envolvendo percentuais, proporções e cálculo de área, além de interpretar tabelas de dupla entrada mapas e gráficos.
Os resultados de 2009 revelam importantes avanços no alfabetismo funcional dos brasileiros entre 15 e 64 anos: uma redução na proporção dos chamados "analfabetos absolutos" de 9% para 7% entre 2007 e 2009, acompanhada por uma queda ainda mais expressiva, de seis pontos percentuais no nível rudimentar amplia consideravelmente a proporção de brasileiros adultos classificados como funcionalmente alfabetizados. O nível básico continua apresentando um contínuo crescimento, passando de 34% em 2001-2002 para 47% em 2009.
Já o nível pleno de alfabetismo não mostra crescimento, oscilando dentro da margem de erro da pesquisa e mantendo-se em, aproximadamente, um quarto do total de brasileiros, conforme a tabela abaixo:
Inaf / BRASIL - Evolução do Indicador de Alfabetismo |
||||||
|
2001-2002 |
2002-2003 |
2003-2004 |
2004-2005 |
2007 |
2009 |
Analfabeto |
12 |
13 |
12 |
11 |
9 |
7 |
Rudimentar |
27 |
26 |
26 |
26 |
25 |
21 |
Básico |
34 |
36 |
37 |
38 |
38 |
47 |
Pleno |
26 |
25 |
25 |
26 |
28 |
25 |
Escolaridade
De acordo com o Inaf chama a atenção o fato de 54% dos brasileiros que estudaram até a 4ª série atingirem, no máximo, o grau rudimentar de alfabetismo. Mais grave ainda é o fato de que 10% destes podem ser considerados analfabetos absolutos, apesar de terem cursado de um a quatro anos do ensino fundamental.
Dentre os que cursam ou cursaram da 5ª a 8ª série, apenas 15% podem ser considerados plenamente alfabetizados. Além disso, 24% dos que completaram entre 5ª e 8ª séries do ensino fundamental ainda permanecem no nível rudimentar. Dos que cursaram alguma série ou completaram o ensino médio, apenas 38% atingem o nível pleno de alfabetismo (que seria esperado para 100% deste grupo).
Somente entre os que chegaram ao ensino superior é que prevalecem (68%) os indivíduos com pleno domínio das habilidades de leitura/escrita e das habilidades matemáticas.
Inaf / BRASIL |
|||||
|
nenhuma |
1ª a 4ª série |
5ª a 8ª série |
ensino médio |
ensino superior |
Analfabeto |
66 |
10 |
0 |
0 |
0 |
Rudimentar |
29 |
44 |
24 |
6 |
1 |
Básico |
4 |
41 |
61 |
56 |
31 |
Pleno |
1 |
6 |
15 |
38 |
68 |
Analfabetos Funcionais |
95 |
54 |
24 |
6 |
1 |
Alfabetizado Funcionalmente |
5 |
46 |
76 |
94 |
99 |
Para uma das responsáveis pela análise do Inaf 2009, Vera Masagão,(2009) coordenadora de programas da Ação Educativa, o aumento da escolaridade também implica numa nova realidade para uma população que antes não tinha acesso ao ensino, gerando novos desafios: "À medida que o ensino fundamental se universaliza, pessoas com menos recursos vão à escola, enfrentando maiores desafios para aprender, por conta tanto de condições de vida mais precárias como de um ensino empobrecido. Têm sido necessários tempo e esforços dos sistemas de ensino para que a ampliação do acesso se reverta também em ampliação da aprendizagem", comenta.
Faixas-Etárias
No tocante ao desempenho das diferentes faixas etárias da população estudada, é possível observar o impacto da universalização do acesso a escolarização: cerca de 1/3 dos brasileiros de 15 a 34 anos atingem, em 2009, o nível plano de alfabetismo. Para as gerações mais velhas, no entanto, só se enquadram neste nível 23% dos brasileiros entre 35 e 49 anos e 10% dos que têm entre 50 e 64 anos.
Por outro lado, observa-se que a evolução entre 2001-2002 e 2009 foi bem maior entre as faixas com mais de 25 anos (entre 14 e 15 pontos percentuais), enquanto para os jovens de 15 a 24 a melhora foi de somente sete pontos, conforme mostra a tabela abaixo:
Inaf / BRASIL |
||||||
|
% de 15 a 24 anos |
|||||
|
2001-2002 |
2002-2003 |
2003-2004 |
2004-2005 |
2007 |
2009 |
Analfabeto |
3 |
2 |
2 |
3 |
3 |
2 |
Rudimentar |
19 |
19 |
18 |
18 |
14 |
13 |
Básico |
43 |
44 |
45 |
46 |
46 |
52 |
Pleno |
35 |
35 |
35 |
33 |
37 |
33 |
Analfabetos Funcionais |
22 |
21 |
20 |
21 |
17 |
15 |
Alfabetizado Funcionalmente |
78 |
79 |
80 |
79 |
83 |
85 |
Inaf / BRASIL |
||||||
|
% de 25 a 34 anos |
|||||
|
2001-2002 |
2002-2003 |
2003-2004 |
2004-2005 |
2007 |
2009 |
Analfabeto |
7 |
7 |
6 |
4 |
4 |
3 |
Rudimentar |
26 |
23 |
23 |
23 |
22 |
15 |
Básico |
35 |
40 |
42 |
42 |
39 |
50 |
Pleno |
32 |
30 |
29 |
30 |
35 |
32 |
Analfabetos Funcionais |
33 |
30 |
28 |
28 |
26 |
18 |
Alfabetizado Funcionalment e |
67 |
70 |
72 |
72 |
74 |
82 |
Inaf / BRASIL |
||||||
|
% de 35 a 49 anos |
|||||
|
2001-2002 |
2002-2003 |
2003-2004 |
2004-2005 |
2007 |
2009 |
Analfabeto |
15 |
15 |
14 |
13 |
12 |
7 |
Rudimentar |
31 |
32 |
32 |
31 |
28 |
25 |
Básico |
32 |
33 |
33 |
34 |
35 |
45 |
Pleno |
22 |
20 |
21 |
22 |
24 |
23 |
Analfabetos Funcionais |
46 |
47 |
46 |
44 |
40 |
31 |
Alfabetizado Funcionalmente |
54 |
53 |
54 |
56 |
60 |
69 |
Inaf / BRASIL |
||||||
|
% de 50 a 64 anos |
|||||
|
2001-2002 |
2002-2003 |
2003-2004 |
2004-2005 |
2007 |
2009 |
Analfabeto |
29 |
32 |
31 |
27 |
20 |
20 |
Rudimentar |
37 |
34 |
32 |
34 |
39 |
32 |
Básico |
23 |
23 |
25 |
26 |
29 |
38 |
Pleno |
11 |
11 |
11 |
13 |
12 |
10 |
Analfabetos Funcionais |
66 |
67 |
64 |
62 |
59 |
52 |
Alfabetizado Funcionalmente |
34 |
33 |
36 |
38 |
41 |
48 |
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREIRE, Paulo. A Educação como Prática da liberdade. 23ª. Ed.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.
HADDAD, Fernando, Educação básica: financiamento e qualidade, artigo publicado em 14/3/2010 no jornal Folha de S.Paulo;
HOFMEISTER, Wilhelm.(2006). Cadernos Adenauer, Educação e Pobreza no Brasil. – Fundação Konrad Adenauer, 2006.
LUMIER, Jacob, Leitura Da Teoria De Comunicação Social Desde o ponto de vista da Sociologia do Conhecimento. p://Www.Oei.Es/Salactsi/Lumniertexto.Pdf ;,2006;
MONTENEGRO, Instituto Paulo , http://www.ipm.org.br/
SABÓIA, Ana Lúcia, Brasil em números, Rio de Janeiro - vol.17. IBGE, pag.119/120.2007,
SCHWARTZMAN, Simon (2006) Cadernos Adenauer, Educação e Pobreza no Brasil. – Fundação Konrad Adenauer, 2006.
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