O consumidor está sentindo no bolso uma diferença considerável na hora de abastecer seu carro com etanol. Em plena safra, o preço do álcool na bomba já subiu 6,1% nas últimas quatro semanas, conforme dados da média nacional divulgados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). No mesmo período, a gasolina teve aumento médio de 0,75% em todo o país.
Em algumas regiões, o motorista está pagando pelo combustível derivado da cana-de-açúcar quase 9% a mais do que há um mês. É o que ocorreu no Sudeste, onde, em média, o preço do etanol evoluiu 8,85% nos postos, graças ao salto verificado em São Paulo (10,32%). Minas Gerais, Rio de Janeiro e
Espírito Santo acabaram puxando a média para baixo, embora também tenham registrado aumentos. Na região Sul, a disparada foi de 8,09%, com incrementos mais parecidos no Rio Grande do Sul, no Paraná e em Santa Catarina, todos acima dos 7%.
Grande parte desse comportamento, de acordo com o analista da AgraFNP Consultoria e Informações em Agronegócios Bruno Bosz, se deve ao ciclo do produto. “Estamos no fim da colheita e é natural o aumento dos preços nesta época do ano”, explicou. Mas há fatores secundários que também contribuem para o comportamento pouco favorável ao consumidor. Bosz lembrou que o mercado de açúcar continua aquecido e uma parcela da produção de cana está sendo direcionada para a fabricação do produto. “Não é uma parcela grande, coisa de 5%, mas já faz uma diferença.”
Outro ponto é o aumento dos estoques. “Há dois anos as usinas estão melhorando suas margens com a venda de açúcar e agora estão podendo guardar o álcool para vender ao longo da entressafra”, avaliou. Dados do Ministério da Agricultura mostram que os volumes estocados, no ano passado, oscilavam entre 4,5 bilhões e 5 bilhões de litros nessa época. Neste ano, as reservas estão em 9 bilhões de litros.
Na visão do representante da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única) em Ribeirão Preto, Sérgio Prado, a partir de agora os preços tendem a ficar mais estáveis na bomba. “Não vamos mais ver grandes oscilações, nem para cima nem para baixo”, disse ele, confirmando o aumento dos estoques do produto. Para ele, com o aumento do número de carros flex no mercado, o preço dos combustíveis será regulado pela mera troca de uso do álcool por gasolina e vice-versa.