SÃO PAULO – A elevação de preços é a maior ameaça para uma possível crise alimentar no mundo. Esta é a conclusão dos países membros da FAO (Food and Agriculture Organization), das Nações Unidas.
Reunidos na semana passada, os especialistas debateram medidas para gerenciar os riscos de uma volatilidade muito acentuada nos preços. Segundo a FAO, os preços internacionais do trigo subiram entre 60% e 80% desde julho deste ano, enquanto o milho aumentou cerca de 40%.
“O fornecimento e a demanda globais de cereais ainda parecem suficientemente em equilíbrio”, afirmaram os representantes da FAO. “Quebras de safra inesperadas nos principais países exportadores, seguidas por políticas nacionais especulativas em vez de fundamentadas no mercado global, têm sido os principais fatores por trás da recente escalada dos preços da alimentação e volatilidade predominante”.
Soluções
O grupo recomentou que os países explorem “abordagens alternativas para atenuar a volatilidade nos preços dos alimentos” e “novos mecanismos para ampliar a transparência” neste mercado.
Em relatório publicado nesta segunda-feira (27), a FAO prevê que a produção de cereais em 2010 atinga 2,239 bilhões de toneladas, apenas 1% abaixo do produzido no ano passado e a terceira maior colheita da história.
Em contraste com o aumento nos preços do trigo e do milho, o relatório mostrou que os preços do arroz subiram apenas 7% entre julho e setembro. Mesmo assim, segundo a FAO, os preços continuam abaixo do pico atingido em 2008, durante a crise financeira internacional.
Nos 77 países mais pobres do mundo, os chamado grupo LIFDC (Low Income Food Deficit), os preços dos cereais devem registrar aumento de 8% entre 2009 e 2010, para US$ $ 27,8 bilhões, resultado da alta nos preços internacionais.