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O envelhecimento também muda as indicações nutricionais do organismo. É preciso aumentar o consumo de alguns ingredientes e reduzir outros para manter a alimentação saudável
Criada na roça, durante toda a juventude Joana consumiu muita coisa preparada na banha de porco. Ao longo dos anos, o organismo cobrou as consequências dos hábitos alimentares. Ela sentia enjoos e tinha dificuldade na digestão. “Os idosos costumam dizer que comeram determinado ingrediente a vida toda e que isso nunca fez mal. Mas tudo hoje é diferente: da composição dos alimentos industrializados ao ritmo de vida moderno e com menos atividade física. Isso altera também as necessidades nutricionais”, explica a nutricionista Danielle Pazzetto Real, do Hospital Vita. Joana mudou a alimentação e, ao respeitar as limitações de digestão do organismo, conquistou mais qualidade de vida. “Tudo fica melhor: pele, cabelo, intestino, controle de peso”, observa.
A qualidade da alimentação tem efeito cumulativo. Se o cuidado começa cedo, a chance de o indivíduo ter mais saúde na terceira idade é muito maior. “A terceira idade começa na infância. É preciso comer certo desde jovem para não haver impactos na saúde no futuro”, explica o cirurgião coloprotologista Rached Hajad Traya, coordenador do pronto-socorro do Hospital do Trabalhador. O que é importante em qualquer idade – pratos coloridos, com equilíbrio entre nutrientes – é ainda mais para o idoso, com algumas particularidades.
Órgãos “enrugados”
O organismo envelhece de maneira sistêmica. “Coração, intestino, fígado e outros órgãos também ‘enrugam’. O metabolismo acaba alterado também. E isso afeta o processo digestivo”, afirma Traya. Em indivíduos saudáveis, já é preciso ter atenção quanto ao tamanho das porções e consistência dos alimentos, pois há redução natural da salivação e o uso de próteses pode complicar a mastigação, provocando engasgos. O corpo do idoso precisa de todos os nutrientes e a alimentação equilibrada vai ajudar a evitar patologias ou diminuir a incidência de doenças como câncer de colo retal. A exclusão completa de determinado item deve ser orientada pelo médico. O mesmo ocorre com o uso de suplementos vitamínicos e alimentares. Eles só devem ser usados com orientação de profissional habilitado e após um exame detalhado das necessidades nutricionais. Pozinhos, cascas, folhas e preparos energéticos milagrosos são bons mesmo apenas para quem vende. “Só quem tem necessidade específica de determinado nutriente pode tomá-lo em complementação. O que determina isso é a capacidade do organismo em assimilar esse ou aquele ingrediente”, observa Traya.
O envelhecimento altera a capacidade de absorção e síntese de alguns nutrientes, em especial as vitaminas e minerais. Depois dos 50 anos, a quantidade de vitamina D, por exemplo, precisa ser o dobro da consumida anteriormente. “O organismo perde a capacidade de síntese e o idoso fica menos exposto ao sol, um dos veículos de fixação da vitamina”, explica. A ingestão de sódio e ferro deve ser reduzida. “Por causa da menopausa, as mulheres perdem menos ferro do que ocorre em período fértil, devido aos sangramentos menstruais”, afirma o coloproctologista.
Quem tem doenças degenerativas ou comorbidades precisa prestar ainda mais atenção ao que coloca no prato. “Sal e gorduras podem agravar casos de doenças cardiovasculares. A diabete também precisa ter controle rigoroso na alimentação. É comum o paciente com dieta restritiva ter momentos de estresse e abuso justamente do item que precisa ser controlado. Isso prejudica o tratamento e a única consequência é para o próprio paciente”, observa Traya.
Preparo
O segredo para driblar limitações do cardápio e manter o interesse do idoso em insistir em uma alimentação saudável está no preparo dos alimentos. Como a consistência é importante, o ideal é dar preferência aos alimentos cozidos. “Sempre com pouca água e pouco azeite. E reaproveitar a água, que tem grande parte dos nutrientes, para preparo de outro prato, como o arroz, o feijão e a carne”, explica a nutricionista Danielle. Mas nada de misturar tudo na mesma panela. A apresentação é importante e estimula o paladar. O cuidador – ou o próprio idoso – deve investir na aparência do prato. “A digestão começa pelo olfato e visão, que estimulam reações bioquímicas que preparam o tubo digestivo. Com prato bonito e apetitoso, fica tudo mais fácil”, observa Traya.
Danielle também dá dicas para substituir o sal sem deixar a comida insossa, reclamação de 10 entre 10 cardiopatas e hipertensos. “Condimentos como cebola, alho e ervas aromáticas dão outro sabor aos alimentos”, ensina. Os hábitos alimentares também precisam de atenção. O ideal é não permitir longos intervalos em jejum e oferecer alimentos ao idoso a cada 3 ou 4 horas. As refeições noturnas devem ser leves, com alimentos de fácil digestão. “Cardápios pesados no jantar são receita de noite mal dormida. A qualidade do sono reflete na imunidade. Quem curte o jantar a madrugada inteira também pode sofrer com o refluxo, desconforto gástrico que provoca azia e enjoos”, diz o médico.