Fábio Monteiro
Conhecidas historicamente como guardiãs do orçamento familiar, as mulheres conquistaram espaço no mercado de trabalho e mudaram seus hábitos de consumo. Mas o lado ruim da história é que elas passaram a liderar os calotes. Dados da Confederação Nacional de Dirigentes Logistas (CNDL) revelam que, em abril, elas foram responsáveis por 55,85% dos registros de inadimplência no varejo, enquanto os homens responderam por 44,15%. Entre todos os consumidores, em comparação com o mesmo mês do ano passado, houve crescimento de 3,5% no volume de registros por falta de pagamento.
Para especialistas, o aumento se deve, em boa medida, ao descontrole das finanças pessoais dos brasileiros. A aposentada Ieda de Fátima Cardoso, 54 anos, conhece bem esse caminho. Ela não fez as contas e entrou no cheque especial, que tem a segunda taxa de juros mais alta entre as modalidades de crédito, atrás apenas da cobrada de quem paga o mínimo do cartão, conhecido como rotativo. Somada a um empréstimo, a dívida de Ieda chega a R$ 35 mil. “As mulheres compram mais supérfluos e acabam consumindo mais”, justificou.
Depois de idas e vindas para tentar sair do buraco, Ieda lamentou ter perdido as rédeas do orçamento. “O problema é não ter mais controle. É necessário organizar as contas para não chegar ao endividamento excessivo”, observou. Para ela, o próximo mês também será de aperto. “Além do reajuste do aluguel, vou encarar o vencimento de impostos.”
Os brasileiros que mais devem têm entre 30 e 39 anos, o que corresponde a 26,96% dos endividados. Essa é a situação vivida pela auxiliar de serviços gerais Rosilene Ferreira, 37. “Ganho um salário mínimo e sofro para pagar as contas. Está muito difícil”, reclamou. Uma dívida no comércio, feita há dois anos, incluiu o nome de Rosilene nos registros do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). “Tentei negociar, mas não consegui. Agora, não sei como pagar.” Ela aprendeu que é preciso estabelecer prioridades. “Algumas dívidas têm mais urgência, então deixo as outras para lá.”
Na outra ponta, a menor incidência de débitos foi verificada entre os maiores de 65 anos, com 7,56% do número total de dívidas. Na avaliação da CNDL, o crescimento no número de inadimplentes é explicado pela falta de critérios adequados na solicitação de crédito no varejo, que tem taxas de juros cada vez maiores. “O brasileiro possui uma demanda reprimida muito grande e está começando a consumir produtos que antes não tinha condições”, avaliou o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior.
Vendas aquecidas no Dia das Mães
As vendas para o Dia das Mães cresceram 6,53% neste ano em comparação com o mesmo período de 2010, revelaram dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). O resultado superou a expectativa dos comerciantes, que projetavam expansão de 6%. O cálculo considerou as vendas feitas entre o último sábado de abril e o primeiro de maio. Como a data comemorativa é a segunda mais importante para o comércio, o resultado trouxe otimismo para os empresários em relação às próximas comemorações, como o Dia dos Namorados. “Mesmo com um cenário interno adverso, com aumento de juros e pressão inflacionária, o brasileiro tem mantido sua intenção de consumo”, avaliou o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior.
Nossas notícias são retiradas na íntegra dos sites de nossos parceiros. Por esse motivo, não podemos alterar o conteúdo das mesmas até em casos de erros de digitação.