Conversões para GNV em alta

Com menos etanol, gasolina ficará mais cara até seis centavos esta semana. Opção pelo gás volta a subir no Rio

POR MICHEL ALECRIM

Rio - Com a redução na adição do álcool à gasolina, a expectativa é que o derivado do petróleo aumente até R$ 0,06 por litro esta semana e não freie na mesma proporção o preço do etanol. Essa confusão de preços já afeta o consumo do GNV. Os motoristas voltaram a apostar na conversão para economizar. Antes de decidir qual combustível usar, é preciso fazer as contas, principalmente porque, com o início da safra da cana-de-açúcar, em abril, pode haver queda nos preços.

Segundo o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), o custo médio da conversão no Rio está em R$ 2.500. O valor pode ser recuperado em pouco tempo, se o motorista percorre longa distância entre a casa e o trabalho ou usa o veículo para trabalhar. Pelos preços médios atuais apurados na última pesquisa do Agência Nacional do Petróleo (R$ 2,074, para o litro do álcool, e R$ 1,419, para o metro cúbico do GNV), o dono do carro que circula por 2.200 quilômetros por mês, em menos de seis meses já obtém o retorno do investimento feito.

Segundo Rosalino Fernandes, coordenador do Comitê de GNV do IBP, dezembro foi o mês de 2009 com maior número de conversões, justamente por conta da alta do álcool. Foram instalados quase 5 mil kits só no Rio. Além da economia, quem usa esse tipo de combustível também ajuda a preservar o meio ambiente, já que a emissão de gás carbônico é menor. “A pessoa precisa ficar atenta e só fazer a conversão em oficinas credenciadas pelo InMetro”, recomenda.

A gerente de projetos Bárbara Ferreira, 31 anos, converteu seu carro para gás há dois anos e não se arrependeu. Ela roda cerca de 120 quilômetros com um cilindro de gás, que dura dois dias, mesmo com ar condicionado ligado. “Imagina se fosse a gasolina. Eu pagaria muito mais”, comenta.

Já para Arnaldo Corrêa, da Archer Consulting, antes de gastar com a conversão do carro para o gás, o motorista precisa ter cuidado. No período da safra, que começa daqui a dois meses, o preço do combustível deve cair. “Estamos na entressafra e as exportações de açúcar para a Índia também pressionaram os preços”, pondera.

Gasolina já está mais ‘pura’

A redução de 25% para 20% da adição de álcool à gasolina começou a vigorar ontem e deve durar até 1º de maio em todo o País. Segundo o vice-presidente executivo do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alício Vaz, as distribuidoras vão aumentar o preço do derivado do álcool. Com isso, o litro ficará entre R$ 0,01 e R$ 0,06 mais caro. “Esse aumento de custo vai depender da forma como é arrecadado em cada estado o ICMS”, afirma.

A entidade avalia que o aumento no custo da gasolina às distribuidoras ocorre porque a carga tributária aplicada ao derivado de petróleo é maior que a do combustível da cana.

FAÇA SUAS CONTAS

Para saber como economizar na hora de abastecer, é preciso conhecer, antes de mais nada, o rendimento de cada combustível. Segundo especialistas, um veículo usa em média 1 metro cúbico de gás para percorrer 14 quilômetros e anda 10 quilômetros com 1 litro de gasolina e 7 com 1 litro de álcool.

Para se ter uma ideia, caso uma pessoa gaste R$ 20 para abastecer, se o carro for a gás, ela percorre 196 quilômetros. Já se o veículo for movido a gasolina, o carro faz distância bem menor: 75 quilômetros. Pelo mesmo preço, um veículo a álcool anda ainda menos: 67,5 quilômetros.

O consumidor precisa ficar atento também à variação de preços entre os postos. Normalmente, os estabelecimentos da Zona Sul e da Barra são os mais caros da cidade. Para motoristas que circulam por todas as regiões, pode valer a pena aproveitar para abastecer em locais mais em conta, com na Zona Norte.