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9ª Questão:
Pois, segundo entendo, no limite do cognoscível é que se avista, a custo, a ideia do Bem; e, uma vez avistada, compreende−se que ela é para todos a causa de quanto há de justo e belo... (Platão)
Em seu livro A República, Platão conta a famosa Alegoria da Caverna, ensinando a não confundir aparência (imperfeita) com essência (perfeita).
Nesse sentido, é correto afirmar que, para Platão, a Justiça corresponde
a) | a uma prática que decorre dos atos justos praticados por homens justos.
|
b) | ao contrato social que assegura os direitos e as liberdades individuais.
|
c) | ao processo histórico de luta contra a exploração e a conquista da emancipação.
|
d) | a uma concepção ideal a ser conhecida e compreendida pela razão. |
"No limite do cognoscível" → cognoscível = aquilo que pode ser conhecido. Platão está dizendo que é no ponto máximo daquilo que a razão pode conhecer que conseguimos enxergar a ideia do Bem.
"A custo" → significa que isso é difícil, exige esforço, reflexão, filosofia. Não é algo que se veja com os olhos do corpo (mundo sensível), mas com os olhos da razão.
"A ideia do Bem" → é a ideia suprema, o modelo mais alto. Para Platão, todas as outras ideias (justiça, beleza, igualdade) dependem do Bem, que é como o "Sol" na Alegoria da Caverna.
"Compreende-se que ela é a causa do justo e do belo" → tudo o que é justo e belo no mundo sensível (que percebemos com os 5 sentidos) vem da ideia do Bem. Mas no mundo sensível só temos sombras imperfeitas. A verdadeira Justiça só existe no mundo das ideias.
👉 Resumindo em linguagem simples:
Platão está dizendo que a ideia do Bem (da qual derivam a justiça, beleza e igualdade) não pode ser percebida no mundo das aparências, no qual vemos apenas sombras. É o que ele chama de mundo sensível, ou seja, aquele que conseguimos perceber a partir dos nossos 5 sentidos. A ideia do Bem é uma ideia perfeita, difícil de alcançar, mas que pode ser conhecida pela razão.
Imagine pessoas presas desde sempre em uma caverna, acorrentadas, só podendo olhar para o fundo da parede.
Atrás delas há uma fogueira e, entre a fogueira e os prisioneiros, passam objetos e pessoas.
O que os prisioneiros veem na parede são apenas sombras, e eles acreditam que essas sombras são a realidade.
👉 Um dia, um dos prisioneiros é liberto.
Primeiro, ele olha para trás e percebe que as sombras não eram a realidade, mas apenas reflexos.
Depois, ele sai da caverna e, com dificuldade, seus olhos se acostumam à luz do sol.
Fora da caverna, ele descobre o mundo real: coisas verdadeiras, cores, formas, a própria luz do sol.
Ele tenta retornar à caverna para contar aos outros, mas é rejeitado. Ninguém acredita nele, porque eles estão acostumados a viver apenas com as sombras.
As sombras = o mundo sensível (o que percebemos com os 5 sentidos, aparência, ilusões).
O mundo fora da caverna = o mundo das ideias (a essência, a verdade perfeita e eterna).
O sol = a ideia do Bem, que ilumina todas as outras ideias.
O filósofo = aquele que sai da caverna, supera as aparências e busca a verdade com a razão.
👉 Resumindo em uma frase:
A Alegoria da Caverna mostra que o que vemos com os sentidos são apenas sombras da realidade, e que a verdadeira verdade (como a Justiça e o Bem) só pode ser conhecida pela razão.
📌 Comando da questão: Qual alternativa expressa corretamente o que Platão pensava sobre Justiça?
Quando hoje falamos em "amor platônico", queremos dizer:
Um amor idealizado que, de tão perfeito, não existe no mundo real;
Não é o amor vivido com beijos, abraços ou convivência diária (aparência, mundo sensível), mas um amor imaginado, puro, que está só na esfera das ideias.
👉 Esse paralelo ajuda a entender Platão:
Do mesmo jeito que o amor platônico não depende da experiência física, a Justiça platônica não depende das ações concretas do dia a dia.
Ela existe como ideia perfeita, que só a razão pode contemplar.
Se o candidato já entende que "amor platônico" é o amor no mundo das ideias, então fica mais fácil compreender que a Justiça, para Platão, também está no mundo das ideias, e não no mundo real que acessamos através dos 5 sentidos.
Assim, vamos analisar as alternativas com base nas ideias de Platão:
A justiça vem das ações concretas de pessoas.
Isso é algo que você vê no mundo sensível (comportamento, atos, exemplos visíveis).
Se Platão quer distinguir aparência de essência, e valoriza o conhecimento racional, essa definição prática (mundo sensível) não serve.
🧠 Fundamentação filosófica:
Isso se aproxima de Aristóteles, não de Platão. Para Platão, atos justos são sombras da justiça, não sua origem.
Justiça é o acordo entre pessoas para viverem em paz e com liberdade.
Contrato social é algo prático, construído historicamente por consenso - é do mundo sensível.
Nada no enunciado sugere acordo, política, ou direitos civis.
🧠 Fundamentação filosófica:
Essa é a visão de Rousseau, Hobbes, Locke. Platão nunca falou em contrato social, e sim em ordem ideal.
Justiça é o resultado da luta histórica contra opressão.
"Processo histórico" é movimento do mundo sensível - tempo, sociedade, conflito - tudo que Platão desprezava como instável e ilusório.
A justiça de Platão não muda com a história, não depende de lutas, é eterna e imutável.
🧠 Fundamentação filosófica:
Essa visão é marxista ou historicista. Platão não via emancipação como produto de luta, mas de elevação racional.
Justiça é uma ideia, que deve ser conhecida pela razão.
✅ Essa alternativa está de acordo com o enunciado:
O enunciado fala em ideia do Bem → justiça deriva dela.
Fala em conhecimento racional ("no limite do cognoscível").
Fala em essência, não aparência.
🧠 Fundamentação filosófica:
Essa é a definição clássica e direta de Platão:
Justiça é uma ideia perfeita, que existe por si, no mundo inteligível.
Só pode ser alcançada por quem sai da caverna, ou seja, abandona os sentidos e pensa com a razão.
A questão já nos orienta a escolher uma alternativa que fale de razão, ideia, essência, e nos afasta de qualquer explicação prática, política ou histórica.
A única que combina com essa estrutura é:
✅ Letra D - "A uma concepção ideal a ser conhecida e compreendida pela razão."