Puxada por educação, inflação sobe para 0,69% em fevereiro 12/3/2014
RIO – A inflação brasileira medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou para 0,69% em fevereiro, depois de alta de 0,55% em janeiro, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo IBGE. A inflação acumulada em doze meses acelerou de 5,59% em janeiro para 5,68% em fevereiro. Nos primeiros dois meses de ano, o índice tem alta de 1,24%.
O indicador é considerado a inflação oficial do país, já que é usado como parâmetro para a meta de inflação do governo. Analistas ouvidos pela Reuters esperavam alta de 0,65% no mês passado, segundo a mediana de 35 projeções que variaram de 0,58% a 0,72%. Já as previsões de economistas compiladas pelo GLOBO previam alta de 0,63% a 0,68%.
Educação responde por 0,27 ponto percentual do índice
O grupo educação avançou de 0,57% em janeiro para 5,97% em fevereiro e foi responsável por 0,27 ponto percentual da alta de 0,69% da inflação em fevereiro. O número reflete o aumento das mensalidades dos colégios. O maior impacto veio de cursos regulares, que subiram 7,64%, e sozinhos têm peso de 0,22 ponto percentual.
O grupo Artigos de residência também acelerou de 0,49% em janeiro para 1,07% em fevereiro, com alta em itens como mobiliário (1,20%), cama, mesa e banho (1,22%), eletrodomésticos (1,78%) e consertos de equipamentos domésticos (1,37%).
A inflação dos alimentos, por sua vez, desacelerou em fevereiro para 0,56%, ante 0,84% em janeiro. O movimento foi influenciado pela redução do ritmo de alta dos alimentos comprados para serem consumidos em casa, que recuou de 0,90% em janeiro para 0,22% em fevereiro.
— O principal grupo para pressionar a inflação em fevereiro foi Educação, mas o recuo dos alimentos também influenciou na taxa de 0,69% — afirmou Eulina Nunes, coordenadora de índices de preços do IBGE.
Dólar alto pressiona pão francês
O dólar mais alto tem afetado os preços de pão e de macarrão, segundo Eulina Nunes, mas também há alguma influência da quebra de safra de trigo em alguns países. O preço do pão francês subiu 0,99% em fevereiro, ante 1,01% em janeiro, e o do maçarão teve alta de 0,86% em fevereiro, ante 0,44% em janeiro.
A moeda americana mais valorizada também afetou a alta de preços dos eletrodomésticos, que acelerou de 1,26% em janeiro para 1,78% em fevereiro.
A despeito da desaceleração na inflação de alimentos, houve itens que ficaram mais caros, especialmente aqueles com lavouras prejudicadas por seca ou por chuva intensa, segundo o IBGE. O tomate, que tinha registrado deflação de 10,43% em janeiro, subiu 10,70% em fevereiro. Hortaliças e verduras aceleraram a alta de preços de 6,01% em janeiro para 11,42% em fevereiro. Também ficou mais cara a alimentação fora de casa: 1,21% em fevereiro, ante 0,73% em janeiro.
Passagens aéreas puxam inflação para baixo
O IPCA acelerou em quatro das 13 regiões pesquisadas pelo IBGE: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Campo Grande. No Rio, a inflação foi de 0,50% em janeiro para 1,07% em fevereiro, a maior taxa entre as regiões. Em São Paulo, por sua vez, a alta passou de 0,53% para 0,97%, considerando a mesma base de comparação. Recife e Vitória mantiveram o ritmo de alta de 0,56% dos preços, enquanto outras cinco regiões registraram desaceleração nos índices.
A aceleração da inflação na capital fluminense na passagem entre janeiro e fevereiro foi puxada por aluguel residencial, que subiu 2,77%, empregado doméstico, com alta de 2,85%, e energia elétrica, com aumento de 3,55%, após aumento nas alíquotas de PIS Pasep Cofins.
Os grupos Vestuário e Transportes acentuaram em fevereiro a deflação já registrada em janeiro.Em Vestuário, o recuo de preço passou de 0,15% para 0,40%, ainda refletindo as promoções deste período do ano. Já os preços de Transportes recuaram 0,05% em fevereiro, ante 0,03% em janeiro, puxados pela queda de 20,55% das passagens aéreas. O item exerceu, assim, o maior impacto para puxar os preços para baixo em fevereiro, de 0,12 ponto percentual.
Focus prevê inflação de 6,01% em 2014
O IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial no país, tinha registrado alta de 0,70% em fevereiro, acima dos 0,67% de janeiro. Em doze meses, a inflação pelo IPCA-15 está em 5,65%.
Pelo Boletim Focus mais recente, que reúne as principais projeções do mercado, a inflação pelo IPCA deve encerrar 2014 em 6,01%, leve elevação frente aos 6% do documento anterior. Para o próximo ano, a expectativa é de desaceleração, para 5,7%.
Já a inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) disparou de 0,40% em janeiro para 0,85%, de acordo com os dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas na segunda-feira. Em doze meses, a inflação acumulada é de 3,60%.
Fonte: O Globo - Online