Rio - Que o Rio é a cidade purgatório da beleza e do caos, como imortalizou a cantora Fernanda Abreu, ninguém duvida. Basta se deslocar a pé ou por meio de transporte sem refrigeração que logo chegará à conclusão. O calor está tão intenso para os cariocas que o município tem quase um aparelho de ar-condicionado por residência. O resultado do uso frequente vem no fim do mês com a conta de luz.
A constatação é do professor de Engenharia Elétrica da PUC-Rio, Reinaldo Costa Souza. Ele faz pesquisas para o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), e tem muitas dicas para baixar o valor da fatura.
“Os consumidores devem aproveitar ao máximo a luz natural. O horário de verão existe para isso”, disse, acrescentando que quem pode, deve retornar para a casa mais tarde, pois o consumo de energia inicia assim que se chega à residência. “Começa a gastar quando entra, liga as luzes, o ventilador ou ar, abre a geladeira”, frisou.

O grande vilão do consumo, segundo o especialista, é o ar-condicionado, seguido do chuveiro elétrico que gasta cinco quilowatts contra apenas 200 watts da TV, que fica ligada por horas seguidas. Souza destaca que o ar deve ser usado com racionalidade, sendo ligado somente na hora do uso efetivo.
Depois que o ambiente estiver refrigerado, o professor sugere que se desligue o aparelho para usar o ventilador, que não consome tanta energia. Ele recomenda que o chuveiro fique no modo verão ou desligado. “Eu uso no desligado e a água não sai completamente gelada, de tão quente que fica”, disse.
Fernanda Fajardo, da empresa Não+Pelo de Copacabana, ressalta que o ar é fundamental para o conforto das clientes e para o funcionamento dos equipamentos. “Temos máquina que quebra se ficar abaixo de 18º”, disse. Com o calor dos últimos dias, o aparelho não deu vazão e estragou.
Mesmo sem o ar funcionando por duas semanas, a conta baixou apenas R$ 50.
“De R$ 400, passou para R$348. Mas continua muito alta”, frisou. Para tentar reduzir, ela agora desliga o ar das cabines quando não tem clientes na empresa.
Pequenas empresas
Os empresários de pequeno porte que precisam oferecer um ambiente climatizado não têm muito o que fazer. O professor Souza recomenda que se desligue o aparelho assim que a sala estiver refrigerada, mas isto vai depender do fluxo de clientes. Ele faz uma ressalva: “Tanto o cidadão comum quanto o pequeno empresário devem usar aparelhos com selo Procel de economia”, explica.
Médias e grandes
Isto porque, segundo o professor, as médias e grandes empresas podem comprar máquinas para manter a temperatura, assim que os aparelhos de ar-condicionado atingem um nível de climatização, a exemplo do que fazem os shoppings centers. “Eles usam o sistema de Termoacumulação. O aparelho reduz o custo com energia elétrica, mas é muito caro”, disse.
Outras dicas
Concessionárias de energia também dão dicas importantes. Entre as recomendações, mudar a geladeira ou freezer de lugar, longe do fogão e do sol. Ao colocá-los próximos ao fogão, consomem mais energia para compensar o ganho de temperatura. Mantenha-os afastados pelo menos 15 centímetros das paredes para evitar superaquecimento.
Geladeira-varal
Nunca coloque roupas ou tênis para secar atrás de geladeiras. Desligar o chuveiro enquanto ensaboa o corpo resulta em economia de água e energia; passe, de uma só vez, a maior quantidade possível de roupas e use a temperatura indicada no ferro para cada tipo de tecido.
Na hora de cozinhar
Antes de cozinhar, retire todos os ingredientes de uma só vez da geladeira; troque as lâmpadas incandescentes por fluorescentes, que gastam 60% menos energia; mude o monitor do computador por modelos LCD, e escolha eletrodomésticos de baixo consumo.
Procure por aparelhos com selo do Procel (no caso de nacionais), ou Energy Star (importados). Não deixe seus aparelhos em standby (espera). Simplesmente desligue ou tire da tomada. A função standby usa cerca de 15% a 40% de energia.