Rio - A alta dos preços dos segmentos de cultura, lazer, entretenimento e alimentação praticados no Rio foram parar na Internet. Uma página foi criada para criticar e orientar cariocas e turistas quanto ao custo abusivo de itens que vão do picolé, passando pela cerveja, petiscos, biquínis e até informação. Assim nasceu a fan page Rio $urreal no Facebook.
Administrada por duas jornalistas e um designer gráfico, a rede social criada às 13h30 da última sexta-feira está próxima de arrebanhar 95 mil seguidores. “Logo após entrar no ar, recebeu uma média de quatro mil curtidas por hora”, disse Flávio Soares, um dos responsáveis, acrescentando que os idealizadores ainda estão impactados com a repercussão do canal.
Ele explica que o objetivo da Rio $urreal é mudar a relação das pessoas com o consumo. “Não se trata de uma crítica ao Plano Real e nem à política fiscal do governo”, frisou, complementando que está mais para uma análise bem-humorada da precificação dos produtos e serviços praticados na cidade.

Segundo Soares, recentemente um ambulante queria cobrar de dois turistas estrangeiros uma quantia para informar se aquela praia onde estavam era o Leblon. Antes deles desembolsarem o dinheiro, uma carioca se solidarizou e confirmou a localidade aos viajantes. O caso mostra o abuso praticado por alguns comerciantes e profissionais liberais.
Como caso prático, ele destaca que a fan page já obteve algumas vitórias. Uma das seguidoras da Rio $urreal publicou que várias barracas de Copacabana baixaram os preços no fim de semana passado, inclusive cobrando R$ 4 pelo coco, que chegou a custar R$ 6. “Qualquer consequência da nossa reação deve ser comemorada”, disse Martha Gaudenzi, que postou a notícia.
Soares ressalta que no Rio há, culturalmente, uma busca nem sempre sadia pelo proveito da situação. Ele cita a chamada Lei de Gerson, que foi uma expressão cunhada na década de 1970, quando o meia armador da seleção brasileira afirmava em rede de televisão que gostava de levar vantagem em tudo e orientava a população a fazer o mesmo. Era uma propaganda de cigarro.
Para o designer gráfico, a Rio $urreal recomenda às pessoas que boicotem qualquer comércio onde sejam identificados preços abusivos. “Não se trata de consumir e não pagar, mas de apenas não consumir”, disse, em função de alguns internautas questionarem se a iniciativa não seria uma sugestão ao calote.
As jornalistas Andréa Cals e Daniela Name, e o designer Flávio ainda não sabem onde a página vai chegar, mas pretendem traçar novas funcionalidades para que a Rio $urreal se torne ainda mais relevante no que se refere ao que há de bom e ruim, caro e barato na cidade.