Rio - O Natal do brasileiro está mais caro devido ao aumento da taxa básica de juros, reajustada para 10% ao ano na quarta-feira. Porém, a nova Selic não vai inibir o consumo da população neste fim de ano, segundo pesquisa da consultoria Deloitte. O levantamento informa que 59% dos consumidores pretendem gastar mais que ano passado, 64% deles utilizarão a internet no processo de compra, 74% terão o cartão de crédito como principal meio de pagamento, e apenas 36% pretendem economizar o 13º salário que começa a sair hoje.

Responsável pela pesquisa, Reynaldo Saad afirmou que o ticket médio de compra gira em torno de R$ 61,85, ou 11% a mais do que o registrado em 2012. “O perfil do brasileiro estabelece um patamar de consumo inferior ao que efetivamente desembolsará. Isto porque no momento da compra, pelo impulso emocional, ele acabará gastando mais” explicou. A pesquisa contou com 750 respondentes, sendo 26% do Sudeste, 27% do Nordeste, 27% do Centro-Oeste e Norte somados, e 20% do Sul.
COMÉRCIO É O MAIS AFETADO
Economista do Instituto de Desenvolvimento e Estudos de Governo (Ideg), Marcello Bolzan frisa que o segmento mais afetado com a alta dos juros é o varejo aberto. “O comércio sofre o impacto negativo devido ao encarecimento do produto final. Como o empresário vai pagar mais caro pela matéria prima e até pela captação de crédito, caso tome dinheiro emprestado para formar estoque, certamente repassará a diferença ao consumidor”, declarou.
Para André Braz, da Fundação Getúlio Vargas, o consumidor deve evitar comprar à prazo, mesmo quando a Selic estiver baixa. “Compras parceladas ocultam juros”, disse, acrescentando que preços de produtos comprados à vista não devem ser alterados. Porém, com a Selic em alta, financiamentos, cartão e cheque especial sobem.
Crédito caro torna quitação mais difícil a inadimplentes
A cabeleireira Adriana de Souza, 36, está com o cartão de crédito bloqueado e não poderá ir às compras neste fim de ano. Ela tem dois filhos, de nove e 16 anos, e para suprir a necessidade deles, busca auxílio de parentes e amigos. “Eles passam o cartão e eu pago”, disse, acrescentando que vive uma situação constrangedora por não conseguir quitar os débitos devido ao encarecimento do crédito, o que agora, com a elevação da Selic, ficará ainda mais difícil.
A auxiliar de serviços gerais Damiana Maria da Conceição Aragão, 49, pretende comprar apenas um ar-condicionado no cartão em dez vezes sem juros. Ela está pesquisando o preço dos aparelhos, mas diz que deste final de ano não passa. Com relação aos presentes de Natal, só comprará em janeiro de 2014. Isto porque há muita diferença entre os preços cobrados antes e depois da data.
O Banco Central justificou o aumento da Selic como sendo o remédio amargo do governo para controlar a inflação, atualmente em 5,84% ao mês, quando a meta é de 4,5% .