Brasileiro é o que menos sabe identificar nutrientes no rótulo dos alimentos industrializados 24/5/2013
Sem alerta de cor e dados na frente da embalagem, apenas 28% sabem identificar nível de gordura e sal. Com o chamado ‘semáforo nutricional’, total de acertos sobe para 90%
Levantamento do Idec faz parte de pesquisa da Consumers International em nove países
Objetivo é mobilizar países-membros da OMS a implementar as recomendações do Plano de Ação apresentado na Assembleia Mundial de Saúde
RIO — O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) participou de uma pesquisa coordenada pela Consumers International (CI) em nove países — de Europa, Ásia, África e Américas — sobre a rotulagem nutricional de alimentos industrializados e concluiu que os brasileiros são os que menos sabem identificar os dados nutricionais informados nos rótulos.
Mais de três mil consumidores responderam a um quiz, que demonstrou os desafios enfrentados na escolha de uma dieta saudável. O Brasil, o terceiro país com mais participantes (786), atrás apenas de Eslovênia e Holanda, foi o que obteve o pior resultado, apenas 28% de acertos. Foram apresentadas imagens de alimentos industrializados populares com e sem informação nutricional simples. No caso do Brasil, foram quatro tipos de biscoitos cream cracker
— Falta de informação é geral. Os outros países participantes também não têm alimentos com informações nutricionais na frente da embalagem, o que gera dificuldade para o consumidor. O resultado aqui foi pior por não haver a cultura de ler essa informação e pela dificuldade de compreensão. A informação que há hoje não é a mais clara. São muito técnicas. E isso confunde mais do que ajuda ao consumidor — afirma nutricionista e pesquisadora do Idec Ana Paula Bortoletto.
Quando um mesmo produto continha informação clara e consistente na parte frontal da embalagem, a partir do “semáforo nutricional”, a porcentagem de acertos na identificação da quantidade de gordura e sal foi de 84%, um valor três vezes maior ao comparar com as respostas sem o semáforo. Os rótulos do tipo “semáforo nutricional” foram baseados em uma proposta da Agência de Regulação de Alimentos do Reino Unido: a cor vermelha indica que os alimentos são ricos em açúcar, sal, gordura saturada e gordura; amarela indica níveis médios; e verde indica nível baixo.
A quantidade de acertos aumentou ainda mais, ultrapassando 90%, quando o “semáforo nutricional” foi utilizado para comparar um produto com o outro.
— Quanto ao açúcar, por exemplo, no Brasil as indústrias não são obrigadas a declarar o valor desse nutriente no rótulo, o que torna a tarefa de escolher opções mais saudáveis mais difícil. O quiz não permitiu reproduzir exatamente a análise dos rótulos feita pessoalmente, porém, trouxe resultados importantes em relação ao uso e ao entendimento do “semáforo nutricional” na embalagem — explica Ana Paula.
O quiz ficou disponível no portal do Idec, aceitando as respostas dos consumidores brasileiros, de 22 de abril a 5 de maio.
Os resultados obtidos pela CI e seus membros foram apresentados aos países integrantes da Organização Mundial de Saúde (OMS) na tarde da última quarta-feira, durante a 66ª Assembleia Mundial de Saúde, em Genebra. Os membros da OMS foram convidados a ratificar, implementar e ir além das recomendações relacionadas à alimentação do Plano de Ação Global da OMS para a prevenção e controle de doenças não transmissíveis.
Fonte: O Globo - Online