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Testagem para diabetes precisa ser ampliada no país

Fonte: JB Online - Jornal do Brasil 16/9/2010

Texto enviado ao JurisWay em 16/09/2010.

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Agência Notisa

 

RIO DE JANEIRO - Segundo projeções da International Diabetes Federation (IDF), em 2025 haverá 324 milhões de pessoas diabéticas no mundo, o que representa uma prevalência 72% maior do que a observada em 2003. Esse foi um dos dados apresentados pela médica Mary Jeannette Lopez Achá na manhã de hoje durante mesa redonda do 44º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, que está sendo realizado na cidade do Rio de Janeiro. O evento é organizado pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML).

Segundo Mary, hoje em dia, ao invés de se diagnosticar complicações decorrentes do diabetes mellitus, principalmente micro e macrovasculares, tem-se buscado o diagnóstico precoce. E esse diagnóstico já não é mais feito com base nos sintomas. Atualmente, existem três exames usados no diagnóstico da doença: glicemia de jejum, TTOG (teste de tolerância oral à glicose) e HbA1C (hemoglobina glicada).

A médica explicou as vantagens e desvantagens da glicemia de jejum. Segundo ela, a American Diabetes Association (ADA) estabelece critérios para o diagnóstico do diabetes mellitus tipo 2 através do exame de glicemia. “Considera-se normal o indivíduo que apresenta níveis glicêmicos entre 70 e 99 mg/dL. Quando os níveis estão entre 100 e 125 mg/dL diz-se que a glicemia de jejum está alterada e o paciente já deve ser encaminhado para acompanhamento médico. Já entre 126 e 199 mg/dL há a possibilidade de diabetes e o exame deve ser repetido. Pacientes com nível igual ou acima de 200 mg/dL são diagnosticados com diabetes”, explicou.

Segundo Mary, a glicemia de jejum apresenta um custo baixo, é preconizada pelas principais instituições relacionadas ao estudo da diabetes, possui evidência epidemiológica e é recomendada para o diagnóstico de pré-diabetes e de diabetes. Além disso, possui uma metodologia padronizada mundialmente.

Por outro lado, ela exige jejum que pode variar de oito a 14 horas, apresenta variabilidade pré-analítica e analítica e variabilidade biológica. Alguns estudos têm mostrado, segundo Mary, que o método pode apresentar falhas no diagnóstico de aproximadamente 30% dos casos. Além disso, a reprodutibilidade é baixa, ou seja, como o metabolismo humano varia constantemente é difícil obter um resultado igual em testes glicêmicos.

O ideal para a médica é que fosse feito um screening da população. Entretanto, isso é algo que exige um investimento financeiro alto. Nesse sentido, ela afirmou que atualmente se recomenda a investigação dos níveis glicêmicos de pessoas sedentárias, com antecedentes familiares de diabetes, com hipertensão arterial sistêmica, com dislipidemia, cardiopatas, com síndrome do ovário policístico, diabetes gestacional, recém-nascidos pesando mais de 4kg, pessoas acima de 45 anos de idade e com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 25 kg/m2 .

Outra alternativa utilizada no diagnóstico do diabetes, discutida durante a mesa redonda, foi o TTOG. Segundo Murilo Rezende Melo, professor adjunto de medicina molecular da FCMSCSP e vice-diretor da SBPC/ML, houve um movimento há algum tempo de não recomendar o TTOG, entretanto, o TTOG de 2h mantém há anos o mesmo valor de corte de 200mg/dL, que é utilizado inclusive como referência para estabelecer valores de corte de outros testes. E a OMS não seguiu esse movimento de desconsiderar o teste. Atualmente, o exame ganhou novamente importância.

Murilo citou como exemplo um estudo publicado noa Lancet em 2009 que acompanhou durante 13 anos mais de seis mil pacientes. A pesquisa mostrou que o TTOG consegue identificar uma alteração da glicemia até seis anos antes.

Outro estudo lembrado pelo médico foi uma pesquisa também publicada na Lancet este ano, que acompanhou pacientes por seis anos. Indivíduos que apresentavam glicemia alterada – de 140 a 200mg/dL –, mas que não possuíam o diagnóstico de diabetes quando tratados precocemente, reduziram o risco de ter diabetes em 70%.

Uma indicação de uso do TTOG é na diabetes gestacional. “Antigamente, dizia-se que todas as gestantes deveriam ser testadas. Hoje, só não testamos as ditas supernormais que possuem menos de 25 anos de idade, sem história familiar, sem histórico de alteração da glicemia”, explicou.

Nas demais gestantes, o teste deve ser realizado entre a 24ª e 28ª semana de gestação. “Estudos mostram que 20 a 60% das mulheres que apresentam diabetes gestacional desenvolvem diabetes mellitus tipo 2 em dez anos”, lembrou. Outra indicação para o uso do teste TTOG é em mulheres com síndrome do ovário policístico.

Murilo explicou que o TTOG é um teste trabalhoso e exige cuidados, por exemplo, o paciente não pode fazer atividade física intensa antes do exame. “Em crianças deve ser ministrada 1,75g de glicose/Kg de peso até 75g. Em adultos, 75g de glicose em 300mL de água, ingerir em 5min”, explicou.

O médico também lembrou que vários fatores podem interferir nos resultados do exame, por exemplo, estresse, uso de etanol, de estrógenos e de corticóides.

O último exame apresentado no evento foi o HbA1C (hemoglobina glicada). Nairo Massakazu Sumita, diretor do Serviço de Bioquímica Clínica da Divisão de Laboratório Central do HC FMUSP e diretor científico da SBPC/ML, lembrou que este teste é um parâmetro importante no controle glicêmico e tem correlação direta com a evolução das complicações em diabéticos e na avaliação do risco cardiovascular.

Segundo Nairo, estudos mostraram que uma elevação de apenas 1% de hemoglobina glicada já está relacionada ao desenvolvimento de complicações. O limite de corte desse teste é de 7%. Entretanto, pacientes que apresentam um valor acima de 6,5% já começam a apresentar um aumento substancial no risco de complicações. Dessa forma, quando um indivíduo apresenta resultado acima de 6,5% deve fazer um segundo exame.

Ele explicou que a formação de hemoglobina glicada é diretamente proporcional à concentração de glicose no sangue e a formação da hemoglobina glicada é uma reação irreversível. “Em pacientes diabéticos, a hemoglobina glicada deve ser dosada duas vezes ao ano. Em pacientes que ainda não conseguiram controlar adequadamente a glicemia ou os que trocaram de medicamentos deve-se fazer o teste quatro vezes ao ano”, disse.

O HbA1C, segundo Nairo, apresenta baixa variabilidade biológica, menor instabilidade pré-analítica e o jejum é desnecessário. Além disso, o resultado não é afetado por perturbações agudas, por exemplo, estresse.

Durante as apresentações, os palestrantes mostraram que a correlação entre os três testes não é alta. Segundo Murilo, a ADA não estabelece qual método deve ser usado para diagnóstico da diabetes. Mas, atualmente ainda muito poucas pessoas são testadas. “Ser testado é mais importante do que ficar divagando sobre qual método será usado”, ressaltou.





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