Carla Guedes
Rafael Silva
Ontem a cotação da arroba do boi gordo estava em R$ 85; no dia 23 de julho, o
valor pago era de R$ 77
A falta de chuva na região deixou os pastos secos, o gado mais magro e a carne de boi mais cara. Em um mês, o preço da arroba do boi gordo em Maringá aumentou 10,4%. No dia 23 de julho, a cotação da arroba estava em R$ 77. Ontem, o preço subiu para R$ 85.
Com a alta, os açougues começam a repassar aos poucos o aumento para o consumidor. Para a dona de casa, a carne está em média 10% mais cara. "Nenhum corte escapou do reajuste nos preços", diz Clóvis Magrine, dono de um açougue no Jardim Alvorada.
A falta de chuvas é a principal responsável pela alta no preço da carne bovina. O tempo seco prejudica o pasto e para incrementar a alimentação do gado, o pecuarista opta pela silagem, que aumenta os custos da engorda dos animais.
Soma-se a isso o período de entressafra, época em que a oferta de bois fica restrita e o preço da arroba sobe. Quem tem confinamento aproveita o tempo seco e a entressafra para cobrar mais caro. "Quem tem boi vende mais caro e a gente que está atrás de carne de qualidade também paga mais por isso", afirma Magrine.
Com isso, o churrasco do fim de semana ficou 10% mais caro. No açougue de Clézio Mangolim, no Jardim Alvorada, a picanha teve a maior alta entre os cortes bovinos: 20%. "As carnes de luxo ficaram ainda mais caras porque nesta época se produz pouco boi de qualidade, mas as churrascarias não abrem mão de servir picanha. O preço sobe porque a oferta está baixa, mas a procura não caiu".
A alta não poupou o coxão mole, o patinho e a alcatra, que são os cortes mais requisitados para bife no açougue de Magrine. Ele diz que por enquanto os clientes não reclamaram do aumento. "A gente vai repassar o aumento ao longo do mês para não assustar o consumidor".
Ele cita que uma carne de primeira, cujo quilo era vendido a R$ 10, vai passar a ser comercializado a R$ 11,50. Para economizar no fim do mês, a dona de casa pode optar pelo músculo, tradicionalmente usado em receitas que levam carne moída. O músculo também não escapou do reajuste, mas foi o corte bovino que sofreu menor alta - menos de 10%.
O zootecnista do Departamento de Economia Rural (Deral), Moisés Bolonhez, acrescenta que a alta no preço da arroba também é consequência do abate indiscriminado de vacas feito no passado.
"O valor da arroba estava muito defasado e deixou o produtor desanimado na época. Eles abateram muitos animais para cobrir o débito, só que para uma vaca voltar a engordar novamente leva cinco anos e agora o mercado enfrenta a falta de bois e o preço alto da arroba".