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Para José Oliveira, da Roma, reajuste será inevitável. O quilo do pãozinho vai chegar a R$ 7,60
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Chegou a vez do pão francês ser o vilão no bolso do consumidor. O preço de produtos derivados do trigo estão em alta, principalmente em função da quebra da safra na Rússia, castigada pela seca. O aumento no valor do tradicional pãozinho vai chegar aos consumidores na próxima semana. De acordo com o presidente da Associação Mineira da Indústria de Panificação (Amipão), Luiz Carlos Carneiro, a farinha de trigo já está 20% mais cara e, na semana que vem, as padarias da capital vão reajustar o preço dos pães em até 10%.
“A média de preço do quilo do pão francês em BH é de R$ 7 e, na próxima semana, deve chegar a R$ 7,70. O consumidor não deve se preocupar, pois acredito em uma estabilização dos preços no fim do ano”, revela Luiz Carlos Carneiro. Na Padaria Roma, no Bairro Sagrada Família, o quilo do pão francês sai por R$ 6,90 e, de acordo com o proprietário, José Luiz de Oliveira, o reajuste nos preços será inevitável. “O preço da farinha de trigo aumentou cerca de 30% em duas semanas. Daqui a no máximo 10 dias será preciso aumentar em 10% o valor do quilo dos pães, que deve chegar a R$ 7,60”, explica.
Danilo Guerra, proprietário da Padaria Colombina, que fica na Região Leste de BH, também confirma o reajuste dos preços. “O preço ao pão francês vai aumentar 6% e, para os outros tipos de pães, a alta vai ser de 7% na Colombina. Vamos tentar segurar um pouco no valor do pão francês, que é o de maior consumo, mas a alta da farinha de trigo já nos obriga a reajustar o preço”, ressalta.
Embora ainda não hajam números exatos das perdas na Europa e na Ásia, há especulações de que o preço do trigo aumente em até 20%. Segundo Pierre Vilela, coordenador da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), a seca que afetou toda a Europa e a Ásia não vai gerar grandes influencias no país a longo prazo. “A colheita será menor e o levantamento exato da perda de produtividade deve ser confirmado em outubro. Mas, ainda assim, a safra do trigo será maior que a do ano passado e os estoques se mantêm elevados no Brasil, fatos que dão segurança ao país a médio prazo.”
Flutuação
Vilela lembra que a safra brasileira está alta e que, na Argentina, maior fornecedor do Brasil, a situação também é favorável, uma vez que não houveram problemas climáticos. “O Brasil vai demandar pouca importação de trigo dos mercados distantes, que foram os afetados. O preço brasileiro já foi influenciado pelo mercado internacional, que passa por momentos de flutuação do preço do trigo, mas acredito que, no fim do ano, o preço já esteja normalizado.”
O coordenador da assessoria técnica da Faemg salienta que o momento é de especulação no mercado internacional. Ele diz ainda que a indústria brasileira e o varejo já estão repassando o aumento do trigo para os produtos derivados. No entanto, segundo ele, a safra de trigo deste ano será bem superior à anterior. Com isso, os grandes estoques devem fazer os preços cair, levando a normalidade ao mercado.