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Fonte: Portal do Jornal O Globo 14/6/2010
Texto enviado ao JurisWay em 14/06/2010.
RIO - Eles podem não ter talão de cheque, cartão de crédito ou mesmo dinheiro na conta, mas não há marca, produto ou serviço que não queira incluí-los na sua lista de clientes. Cada dia mais precocemente, adolescentes e jovens são o alvo preferencial do mercado, que quer garantir desde cedo a fidelidade a seus produtos e serviços. Esse assédio pode ser visto na publicidade, no aumento das contas universitárias, na farta distribuição de cartões de lojas e também nas taxas de inadimplência. No Rio, 36,8% dos inadimplentes têm até 30 anos, segundo o Clube de Diretores Lojistas (CDL). Preparar esses jovens para enfrentarem de forma crítica as armadilhas do consumismo é a proposta do "Manual do jovem consumidor", lançado pela Fundação Procon-SP .
- O jovem é cada vez mais importante para o mercado de consumo. A publicidade é endereçada a eles, que ainda estão formando hábitos de consumo. Por isso, decidimos fazer uma publicação específica para esse público, de 15 a 30 anos, usando a linguagem deles e também abordando assuntos do seu cotidiano, como tatuagens, compras on-line, saídas noturnas. Como a cartilha está disponível para download na internet (tiny.cc/60x7o), esperamos que as informações circulem entre eles - diz Roberto Pfeiffer, diretor-executivo do Procon-SP.
Preocupado com o índice de inadimplência entre os jovens, a CDL também já pensa num projetos de orientação:
- Os jovens têm uma importância muito grande, basta ver a quantidade de produtos voltados exclusivamente para eles, tanto na área de moda como de tecnologia. Desenvolver uma campanha de educação e orientação visando ao esclarecimento sobre os malefícios da inadimplência e como evitá-los é um projeto de curto prazo - afirma Aldo Gonçalves, presidente do CDL-Rio.
Para Fernando Lucena, consultor de varejo do Grupo Friedman, a paquera entre empresas e jovens reflete uma grande competitividade:
- As empresas vêm sendo obrigadas a reduzir margens e, por isso, precisam captar esse cliente mais cedo, para aumentar sua rentabilidade. E cliente novo é bem informado e mais crítico. É preciso aprender a vender para eles.
O número de estandes de bancos na universidade a cada início de semestre é um termômetro do assédio, diz Felipe Chaves, de 23 anos:
- Eles oferecem conta sem precisar comprovar renda e com isenção de taxas. O problema é que muita gente chega à faculdade sem saber sequer o que é crédito - diz Felipe, que acha as ofertas da internet uma ameaça ao orçamento. - É clicar e passar o número do cartão de crédito. Eu mesmo já passei do limite e só me dei conta $chegou a fatura. Como tinha poupança, não fiquei inadimplente.
As irmãs Beatriz e Júlia Magella, de 18 e 16 anos, tentam driblar a tentação consumista compartilhando roupas e acessórios.
- A cada festa, a ordem é comprar uma roupa nova, mas isso é insustentável. Por isso, eu e minha irmã compartilhamos roupas e trocamos com amigas - conta Beatriz.
Com a caixa de e-mail lotada de promoções, Júlia diz que já evita fazer cadastro nas lojas que frequenta:
- Tem loja que manda um e-mail por dia. E tem sempre promoção, novidades, vantagens. E isso é uma tentação. O problema é que o barato, como nunca é uma coisa só, sai caro.
Aos 19 anos, Yann Paranaguá reconhece que seu consumo não está de acordo com a maioria dos jovens que conhece. Para início de conversa, não há compra, diz, que não seja antecedida por pesquisa:
- Consumo aquilo que acho necessário e costumo comprar mais produtos tecnológicos. Mas não troco antes de ver se o novo produto tem realmente algo a mais. Pesquiso preço e vejo se há reclamações na internet, mas prefiro comprar na loja física. Tenho medo de ser lesado.
Para Carla Barros, antropóloga especializada em consumo, a questão não é consumir, são os excessos:
- Quando o consumo passa a ser fator de inclusão ou exclusão social, isso preocupa. O problema é que esse grupo ainda não tem maturidade. É preciso estar consciente de que o consumo, como qualquer outra área da vida, tem limites. É irreal pensar que é possível ter tudo. Também cabe aos pais estabelecer esses limites e dar o exemplo.
Para Heloisa Torres de Mello, gerente do Instituto Akatu - pelo Consumo Consciente, a questão é a inversão de valores:
- Hoje as pessoas vivem para consumir e não consomem para viver. E o jovem está muito exposto. É preciso informá-lo mais para que possa decidir com a consciência do impacto do seu consumo.