Comerciantes dizem que custos com logística encarecem produto no Norte e Nordeste
Raphael Hakime, do R7
O álcool está, em média, de 8% a 10% mais caro para o consumidor em maio deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com projeção da Fecombustiveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes).
Com a alta, a gasolina ficou mais vantajosa em pelo menos 15 Estados brasileiros, segundo levantamento do R7 com base na coleta semanal de preços da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
Compensa abastecer o tanque com gasolina no Acre, Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraíba, Pará, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Sergipe. Já em Alagoas, Ceará e Maranhão, o motorista pode escolher entre os dois combustíveis porque o álcool custa, em média, 70% do preço da gasolina.
Como São Paulo produz sete em cada dez litros de etanol do país, o transporte encarece o produto nos Estados do Norte, do Nordeste e até do Sul do país, diz Paulo Miranda Soares, presidente da federação.
- [Mesmo com os custos com logística], a tendência é que os preços caiam entre junho e agosto. Depois disso, a tendência é aumentar de novo porque entramos na entressafra.
Segundo o levantamento, o álcool só leva vantagem na Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins – ou seja, em apenas dois Estados do Nordeste, um do Sul e um do Norte.
Segundo especialistas do setor automotivo, o poder calorífico do motor a álcool equivale a 70% do poder nos motores à gasolina. Se ao dividir o valor do litro do álcool pelo da gasolina o resultado ficar acima de 0,70, vale a pena escolher a gasolina. Se ficar abaixo disso, ainda compensa o álcool. Vale lembrar que o modo de dirigir e o modelo do veículo influenciam no desempenho do carro.
Mais carros
O presidente da Fecombustíveis espera uma “safra tranquila” para este ano, porque a quantidade de chuvas deve ser moderada e o açúcar deve se desvalorizar no mercado internacional. Essa conjunção de fatores evitaria a alta de preços observada no começo de 2010, mas o aumento do número de automóveis nas ruas pode causar uma alta da demanda, diz Soares.
- A indústria automobilística prevê vender cerca de 3,3 milhões de unidades este ano, sendo que 90% desse total serão de carros flex. Esses automóveis utilizam o álcool também, o que aquece a demanda e pode encarecer o produto.
Álcool mais barato
O Estado de São Paulo possui o álcool mais barato do Brasil, onde o litro é comercializado a R$ 1,31. No Rio de Janeiro, os postos vendem o produto a R$ 1,75 em média. Segundo Soares, o consumidor tem pelo menos mais quatro meses de “álcool em conta” porque, a partir de setembro, os preços do etanol devem aumentar por conta da entressafra.
- O preço do álcool só está mais alto agora porque tivemos uma safra ruim em 2009 por causa das chuvas. Por isso, as usinas não conseguiram formar estoques. O governo deveria criar empresas para produzirem estoques reguladores. Assim, não teríamos a escalada de preços do produto que vimos no início deste ano.