RJ: Seguro de automóvel vai cair com as UPPs

Índices menores de roubos em áreas com as unidades vão impactar valores das apólices

POR MICHEL ALECRIM

Rio - O Sindicato das Seguradoras do Rio confirmou ontem previsão de queda no preço dos seguros de automóveis de proprietários que vivem em áreas próximas a comunidades beneficiadas pelas UPPs. A redução nos valores ainda não ocorreu na prática, já que é preciso confirmação dos dados ao longo do tempo para que os custos das empresas mudem. No entanto, já se verificam menores índices de furtos e roubos nesses locais, o que deve se refletir nos seguros nos próximos meses. Conforme O DIA informou na edição do último domingo, especialistas preveem queda de até 25% nos valores pagos pelos cariocas.

Roberto Santos, diretor do sindicato, diz que para que as empresas repassem aos preços finais o resultado da menor ação de ladrões e traficantes, é preciso que as estatísticas mais baixas se confirmem por pelo menos seis meses. Como as primeiras UPPs — Dona Marta, em Botafogo, por exemplo — foram instaladas em favelas com índices mais baixos de violência, os efeitos nos preços são menores.

Na Tijuca, no entanto, que ganhou a unidade do Morro do Borel na semana passada, a tendência é que a maior segurança tenha mais impacto no seguro. Isso porque no bairro e nos arredores o risco de roubo e furto representa em média 40% do custo do seguro. “Tudo indica que, dando certo, conforme esperamos, haverá resultados concretos dentro de seis meses”, avaliou Santos.

Para uma redução de 20% no preço do seguro desses moradores, estima-se que seria necessária uma queda pela metade dos casos. Já nas demais áreas da Zona Norte, o peso da violência é ainda maior, chegando a 60%. Diminuições dos sinistros nesses bairros tendem a ter impacto maior. Por isso, o sindicato elogia as recentes operações nesses locais. “Aplaudimos as blitzes que agora estão ocorrendo das 17h às 23h. Era o horário de maior incidência”, afirma.

Já o deputado estadual Pedro Fernandes (DEM) acredita que as seguradoras precisam reduzir mais rapidamente os preços cobrados na Zona Norte. Segundo ele, em locais onde foram criadas companhias independentes, como em Vista Alegre, a queda nos índices já se fez sentir. Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) relativos à área da 27ª DP (Vicente de Carvalho) mostram que nos dois primeiros meses do ano houve queda de 23,8% nos casos de roubo de veículos e de 21,2% nos furtos em comparação com o mesmo período do ano passado. “A Zona Norte paga um dos seguros mais caros”, reclamou.