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RIO - Esqueça: pequenas mudanças no cotidiano não são eficazes para a perda de peso de crianças, garantiram nesta terça-feira especialistas americanos, contrariando a recomendação da primeira-dama, Michelle Obama, de se substituir refrigerante por água ou andar até escola, numa tentativa de frear a epidemia de obesidade infantil no país. Acreditava-se que estas 100 calorias a menos por dia - seja por se ingerir menos comida ou por se queimar mais - levaria a uma perda significativa de peso: 500g em 35 dias ou mais de 5 quilos por ano. Mas não. Pesquisas mostram que essas pequenas mudanças não alteram o peso ao longo do tempo: cortar um biscoito da dieta ou se exercitar um pouco mais são mudanças facilmente incorporadas pelo corpo, sem impacto sobre a luta contra a obesidade.
Num estudo publicado na The Journal of the American Medical Association (Jama), a teoria das pequenas mudanças foi classificada como um fracasso, justamente pela capacidade de adaptação do organismo. Os autores dos estudos asseguram que apenas transformações mais radicais seriam eficazes para manter-se magro, mas que, mesmo assim, mudanças no dia a dia não devem ser descartadas.
- Como médicos, comemoramos as pequenas mudanças porque elas geralmente levam às grandes - disse David Ludwig, diretor do Optimal Weight for Life, programa do Hospital das Crianças de Boston e coautor do artigo no Jama. - Um adolescente obeso que diminui o tempo em frente à TV de seis horas por dia para cinco pode acabar diminuindo o tempo ainda mais. Contudo, é irreal pensar que esta pequena mudança vai produzir uma substancial perda de peso.
E por quê? A reposta está na biologia. O peso de uma pessoa mantém-se estável desde que o número de calorias ingeridas não ultrapasse o gasto calórico. Qualquer alteração nesta lógica interfere no peso. Mas os corpos não ganham ou perdem peso indefinidamente. Por exemplo, um biscoito extra uma única vez pode até representar uma leve variação de peso. O hábito de comer este biscoito extra, ou dois, ou três, vai levar a um ganho de peso maior. Mas um dia o corpo vai se adaptar a isso, mesmo que a pessoa continue a comer os biscoitos. O mesmo, porém, ocorre no fato de tirar o tal biscoito. Pode-se até perder peso num primeiro momento, mas logo o corpo ficará adaptado.
Para completar a série de más notícias, o organismo é mais resistente a perder peso do que a ganhar. Hormônios e agentes químicos do cérebro agem juntos para regular o inconsciente para comer e a forma como seu corpo responde aos exercícios físicos pode ser outro complicador na luta contra a obesidade. Além disso, não se pode compensar o biscoito que ficou de lado, servindo-se de mais macarrão na hora do almoço ou comendo mais pão no café-da-manhã.
- Se perguntar para qualquer pessoa na rua por que alguém é obeso a resposta será porque a pessoa come demais. Isso é a pura verdade. Mas a verdadeira pergunta é por que os obesos comem tanto. Já está claro que há muitos incentivos a comer e não se trata de uma decisão puramente cognitiva, de consciência - explica Jeffrey M. Friedman, do laboratório de genética molecular da Universidade Rockefeller, o primeiro a identificar a leptina, um hormônio das células gordas que regula a quantidade de comida ingerida e a energia que é gasta.
As pequenas mudanças no dia a dia, no entanto, podem ser úteis para, pelo menos, não aumentar os casos de obesidade. Num estudo feito com 200 famílias, metade deveria trocar 100 calorias de açúcar por um adoçante dietético e aumentar a caminha diária. A outra metade deveria medir o exercício feito com podômetros, mas sem mudar a dieta. Durante seis meses, as crianças dos dois grupos tiveram uma redução nos índices de gordura corporal, mas o grupo que cortou as 100 calorias manteve ou reduziu os índices de gordura e poucas ganharam peso. As pequenas mudanças também podem representar um ganho para a saúde: aumentar as porções diárias de vegetais, assistir menos à televisão, praticar mais atividade física não só fazem bem como podem servir de incentivo para mudanças mais profundas.